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sábado, 19 de outubro de 2024

Cenas dos Episódios que Poderei Nem Vir a Escrever


 Há uns anos tinha aqui uma rubrica de títulos de textos ou ideias que em breve publicaria. Mas agora o tempo tem-se feito pouco e os ponteiros do relógio parece que andam cada vez mais depressa. Nos últimos meses quase não tive fins de semana tive e andei sempre muito ocupado. E, se às vezes tenho algum tempo, acabo por não ter disponibilidade mental para parar e escrever e prefiro ficar a vegetar na net ou a ler a imprensa, que, confesso, virou um pouco vício que me come bastante tempo. 

E são tantos os posts em falta.

Há mais de dois anos visitei o Budha Eden e ainda não publiquei nada no Bucólico-Anónimo. Há duas semanas estive no festival de jardins espanhol e também ainda nem a meio vou. E há umas quantas mais semanas passaram 35 anos que regressei de novo á escola onde fiz o 9ºano, escola que agora é secundária e considerada uma das melhores do distrito do Porto. A história por detrás do porquê de lá ter regressado era o que iria escrever. E poderia ainda refletir sobre como acho que descobri algo em que sou bom. Tenho muitos interesses, mas acho que não bom em nenhum. Talvez neste caso seja de facto melhor. 

Depois do sismo que abalou o país mas em que, felizmente, ficamos a saber que temos um governo extremamente preparado caso aconteçam catástrofes em que não aconteça absolutamente nada, pensei em transcrever a partes do livro de Voltaire em que ele fala do terramoto de 1755... 

Por estes dias cheguei a casa e pensei que poderia escrever qualquer coisa como: "O melhor da minha rua para a primeira divisão". Também poderia escrever sobre a primeira vez que estive no IPO e dizer que é sítio cheio de citações positivas...

Há algum tempo também escrevi umas frases soltas sobre o meu assustador medo de ficar sozinho no mundo a que dei o título de "O penúltimo medo". A proximidade da morte levantou-me também outras questões. Por exemplo, há pessoas que, na iminência da morte, viram-se para Deus ou para a religião na tentativa inútil de travarem a inevitabilidade. Diz-se que, por vezes, até acontece aos ateus. Mas não creio que seja o meu caso. Perante o sofrimento indigno e intolerável revoltar-me-ia ainda mais perante a ínfima possibilidade da sua existência e, caso me cruzasse com ele(a), a vontade seria dar-lhe uma valente paulada para ver se acorda para a vida. 


sábado, 15 de agosto de 2020

Férias no Primeiro Mês de Inverno

Estou para entender por raio porque as empresas historicamente sempre gostaram de encerrar em Agosto ou, porque é que a maioria das pessoas adora tirar férias em Agosto?! É que eu nunca consegui entender esse fetiche!

Já diz o ditado popular que "Agosto é o primeiro mês de Inverno" ou "Primeiro de Agosto, primeiro de Inverno", e é fácil percebê-lo. Em Agosto os dias deixam de ser grandes. Já não é dia até quase às dez da noite e às oito horas já anoitece. As noites, e neste caso muitas vezes felizmente, já são bem mais frias. De manhã, ou pelo menos aqui pelos meus lados já faz bastante nevoeiro e não há Agosto sem uns bons dias de chuva que, como se vê, é o que me espera na próxima semana!



E claro que é óbvio que pode chover em qualquer dia de qualquer mês do ano. Mas alem da meteorologia há outras razão válidas para que, estando eu no meu juízo perfeito, jamais marcaria férias para Agosto! É sempre mês de muitos incêndios (é lógico que se há muitas pessoas em casa com muito tempo disponível é normal que as coisas aconteçam!); é mês de muitos emigrantes que regressam e se fazem passar por estrangeiros; é mês onde tudo é mais caro; é mês de uma enorme confusão e como é sabido eu gosto de poucas confusões. 

E entretanto passou-se mais um 15 de Agosto e já há algum tempo que não vou a Estarreja... 

quarta-feira, 27 de maio de 2020

Expressões Extintas Pelas Alterações Climáticas

Para o mês de Maio existe um conhecido provérbio aludindo ao frio que ainda costuma fazer:

"Em Maio ainda se come a cereja ao borralho" 

Entretanto, com as alterações climáticas, e com o calor que se tem sentido o melhor será passar para:

"Em Maio coloca-se a piscina cá fora para o catraio".


domingo, 7 de abril de 2019

O Outro Lado dos Provérbios III - Chuva e Frio em Abril, Onde Já se Viu?

Habitualmente levo comida de casa para almoçar na empresa, mas na sexta-feira isso não aconteceu e fui almoçar ao restaurante mais perto. Eu por norma até me sento de costas para a televisão, mas já no restaurante e a pensar em tirar o livro que estou a ler do saco, sento-me na primeira cadeira da primeira mesa livre que encontro, mas desta feita de frente para o grande televisor (ou telecrã) plano lá ao fundo da sala. 

Meto a mão ao saco para sacar do tal livro que ando a ler e me abstrair do que se passa ao meu redor, mas constato que, afinal, o livro tinha ficado no carro. Merda! E pronto, lá fiquei eu sentado, sozinho, como se fosse a primeira vez que ia a uma praia de nudistas, com uma mesa de seis pessoas mesmo coladinha a mim, todos nus a conversar lá sobre as suas vidas. E não tive outro remédio se não olhar em volta. 

Como é muito raro não levar comida de casa (nem que seja só uma sopa) são raras as minhas visitas a este restaurante. Reparei na empregada de mesa nova, de cabelo preto apanhado para trás, que muito vagarosamente tomou nota de todos os pedidos da mesa de seis pessoas ao meu lado, mas que a mim preferiu não me ver, ou fez de conta, ou acho talvez aquela mesa estivesse destinada a outros empregados. Não sei. Mas o que sei é que se eu fosse preto já podia já dizer que fui vítima de racismo, não sendo preto, acho que fui vítima de outra descriminação qualquer. Incompetência, provavelmente. 

Tudo demasiado lento. Talvez quando já se tratam os clientes pelo nome e se conhece as suas preferências, já achem que se podem desleixar, porque este no dia seguinte voltará. Ainda assim eu não facilitaria, e segundo sei o que não faltam por ali são restaurantes.


Contei as mesas, reparei nas pessoas e constatei que, apesar de só haver dois pratos do dia, apesar de só ser preto ou branco, houve pelo menos dois pratos que chegaram à mesa e o cliente disse que não foi aquilo que havia pedido. Tudo muito lento e nem por isso eficaz.
E pronto, lá fui olhando também para a televisão que estava no mesmo canal de sempre: a TVI. Talvez neste restaurante ainda não tenham sabido da notícia que a Cristina Ferreira foi para a SIC, e que é líder de audiências, ou então porque deve dar muito trabalho mudar de canal; ou então porque talvez achem mesmo que, aquela hora, e apesar dos não sei quantos canais de televisão que os restaurantes têm, talvez achem mesmo que, aquela hora de almoço, o melhor que se podem mostrar aos clientes é um programa a fazer conversa de café a falar de assassinatos.

Entretanto começam as notícias das 13h. Bem, deixa-me lá ver quais são as notícias mais importantes do dia para a TVI, pensei. 
Notícia de abertura: Estava a nevar na Serra do Alvão mas a reportagem mostra de imediato neve na Serra da Estrela! E lá estava um reporter a tilintar de frio e a entrevistar um casal e um criança. De seguida sim, fazem uma reportagem na Serra do Alvão. Terceira notícia mais importante do dia: "Choveu no Algarve e afastou os turistas das esplanadas"! Quarta notícia: "Acidente na A1 provoca quatro feridos ligeiros"! 

Para a TVI, a notícia mais importante no dia 5 de Abril de 2019 é que estava chuva e frio. Acho que estes jornalistas certamente não andaram na escola, ou se andaram, ficaram em casa quando se deram alguns dos muito provérbios de Abril:

"Em Abril águas mil"  ou "Em Abril queima-se o carro e o carril". 

Mas para os jornalistas da TVI (bem como para muitos outros canais)  há agora um novo provérbio: "Chuva e frio em Abril - onde já se viu"?

sábado, 23 de janeiro de 2016

da Passagem do Tempo

Se há coisa que me aborrece, e isto não é de agora, pois acho que por todos os sítios onde passei acontecia o mesmo, é ouvir as pessoas constantemente:

"Nunca mais são cinco e meia". 

"Nunca mais é sexta-feira".

"Nunca mais chegam as férias"

"Nunca mais vem o calor".

"Nunca mais... não sei o quê"  

E às vezes o que me apetece dizer é mesmo "e nunca mais morrem"! porque parece mesmo que é isso mesmo que as pessoas querem, que o tempo passe tão depressa até finalmente morrerem e não terem de reclamar da passagem do tempo

Sim, e quando forem cinco e meia? E quando for sexta-feira? E quando chegarem as férias? 

Que é que vão fazer? Ou vão chegar as cinco e meia e vão só para casa ver televisão ou jogar um joguinho estúpido, que jogam todos os dias e desejar que o dia seguinte não chegue nunca mais? É para isso que querem que o tempo passe rápido?

via Pinterest
Sim, eu também me queixo, e como me queixo frequentemente. E como sou chato e reclamo de tudo e mais alguma coisa. Mas não reclamo da passagem do tempo. Reclamo que o tempo passe rápido, reclamo de toda esta agitação dos dias de hoje. Reclamo é de não ter tempo. De não ter tempo para o que eu gosto de fazer, de estar com quem eu gostaria de estar. E o que eu gostaria mesmo é que o tempo passasse muito lentamente. E devemos aproveitá-lo da melhor forma, mesmo quando estamos a fazer algo de aborrecido, nem que seja aproveitar para pensar, até porque pensar ainda não paga imposto, e porque um dia vamos morrer. Mas depois aí, se calhar, já gostariam de ter a oportunidade de viver, nem que fosse, para fazer todas aquelas coisas que faziam enquanto reclamavam que nunca mais o tempo passava não é? Então vivam e não reclamem do tempo passar. 

E isto é curioso por me fazer lembrar de uma frase que ouvia há uns tempos  na rádio e que até tomei nota:

"Temos de dar valor aos tempos mortos enquanto estamos vivos".

O que não dariam os velhos, a viver os seus últimos dias vida, para terem muito tempo de vida, mesmo que fossem tempos mortos? Então vivam e não reclamem do tempo passar muito devagar. 

sábado, 26 de dezembro de 2015

Da importância do tempo




"Foi o tempo que perdi com a minha rosa que a fez tão importante."




Capítulo XXII - O Principezinho - Saint Exupérie

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

sábado, 27 de setembro de 2014

Escravatura do tempo

02h16... Sem conseguir dormir.

Estou em crer que a primeira forma de exploração e de escravatura do ser humano, começou com o tempo, com a necessidade de medir o tempo, com as religiões e com a necessidade de ocupar o tempo, porque aos seus olhos o ócio é maligno.

Mas curiosamente todos os outros animais não têm relógio, não têm horas marcadas, seja  para se levantarem, para comer ou para fazer o que quer que seja. Têm um único referencial, o sol e a luz ou a falta dela. Os diurnos, quando se faz dia é tempo de acordarem e fazerem-se à vida, os noturnos pelo contrário, é quando a luz desaparece que entram em atividade. 

O homem é escravo do tempo, e o tempo foi a primeira forma de capitalismo. Por alguma coisa se diz que "tempo é dinheiro". Arranjou-se forma de medir o tempo, e hoje somos escravos de outrem, durante um determinado tempo, que por norma são oito horas por dia, quando não são mais.

freeimages.com

O dia tem 24h, e em média passamos 8h na cama, seja a dormir, a descansar, ou simplesmente a fritar na cama sem sono. Se lhe juntarmos as dez ou onze horas dedicadas a ser escravo de outra pessoa, porque não são só as 8h de trabalho, temos também de juntar o tempo que perdemos na viagem e no almoço - ficamos com quê? Cinco ou seis horas por dia de tempo útil? Tempo que não é verdadeiramente útil pois chega-se a casa cansado e com outras coisas para fazer, e também é preciso descansar para poder voltar a ser escravo no dia seguinte. 

Voltei a trabalhar - e que sorte que tive nestes tempos, de poder a voltar a ser escravo para poder voltar a ter dinheiro para sobreviver - mas isso paga-se caro, muito caro, pois passa-se a ser escravo da falta de tempo. Há muito tempo que não dizia "não tenho tempo para mim".

Sim, um solteiro, sem namorada, nem filhos, e com a vida facilitada por ainda estar em casa dos pais,  e chegar a casa e ter a comidinha na mesa, também se queixa da falta de tempo. 

Por estes dias pensava mesmo onde é que eu ia agora arranjar tempo para uma namorada? Se já não tenho tempo para nada, para mim e para as minhas coisas, onde iria arranjar esse tempo para me dedicar a outra pessoa? E se vivesse junto com alguém e tivesse filhos como a maioria das pessoas? 

É tudo cada vez mais rápido. As próprias crianças já não aceitam um telemóvel com software lento, queixava-se uma colega por estes dias no trabalho. É de pequenino que nos dias de hoje, as crianças aprendem a ser escravas da falta de tempo.

freeimages.com

Cada vez mais se inventam mais máquinas para fazer as coisas ainda mais depressa, e paradoxalmente as pessoas têm cada vez menos tempo para si. Agora temos carros e aviões, assim podermos ir trabalhar cada vez mais longe de casa; tele-comandos para não precisamos de levantar o cu do sofá para mudar de canal, estores e portões elétricos, máquinas que fazem a comida sozinhas, etc, e as pessoas ficam fascinadas com tudo isso. Mas qual a utilidade de tudo isso? No fim de contas, como é que aproveitam todo esse tempo que essas maquinetas poupam? Ninguém diz que, com o telemóvel mais rápido que comprou, aproveita esse tempo a ler ou a fazer algo do seu interesse. Não, pelo contrário, aproveitam esse tempo sendo ainda mais escravas do tempo, correndo ainda mais de um lado para o outro, com cada vez menos tempo para si.

Cada vez mais as pessoas são mais pobres, porque a verdadeira riqueza é ter tempo para fazer o que realmente se quer. Ninguém pode ser verdadeiramente feliz vivendo acelerado de um lado para o outro, mas aprendem desde pequenas que sim. Cada vez mais as pessoas têm de trabalhar mais tempo e mais anos - culpa-se a esperança média de vida - para assim nos escravizarem a trabalhar até morrermos.

"A espécie de felicidade de que preciso, não é tanto fazer o que quero mas a de não fazer o que não quero." (Jean-Jaques Rousseau)

Não há tempo para as pequenas coisas, para observar os pequenos nadas, não há tempo para ver e ouvir os outros, e para se ocupar o tempo, mesmo que muitas vezes seja não fazendo absolutamente nada. 

Outro efeito secundário da escravatura da falta de tempo, é começarmos a ter problemas de sono.