domingo, 31 de maio de 2015

Manipular as crianças

Não sou pai, não sou educador, nem nunca tive assim grandes relações com crianças, mas considero-me uma pessoa atenta e observadora do que se passa ao meu redor. Gosto de observar o que se passa em volta, para tentar perceber os comportamentos. O que as leva as pessoas a agir de determinada forma, para tentarem conseguir chegar a determinado fim. Isso sempre me fascinou. Não é à toa que, na minha vida pessoal, sem ter nenhum dom de perceção extra-sensorial (que eu saiba) consigo com relativa facilidade antecipar acontecimentos.

Pitágoras tem uma frase célebre:

"Se educarmos as crianças, não será necessário castigarmos os homens". 

Não concordo totalmente, porque se assim fosse, seria fazermos do bebé uma espécie de disco formatado, onde podemos escrever todas as instruções para se programar como quiser, que teremos ali um futuro adulto como quisermos que ele seja. E isso não funciona bem assim. Há muitas condicionantes. A educação não basta, o meio onde a criança está inserida nem sempre é determinante, nada é tiro-e-queda. Temos crianças educadas pelos mesmo pais que saem completamente diferentes umas das outras, temos crianças educadas nos meios com mais condições e dinheiro que saem os maiores estroinas, temos crianças que crescem nos meios mais desfavorecidos e dão adultos muito válidos. Nem sempre as coisas são preto ou branco, certo ou errado, há muitas escalas de cinzentos.

No entanto a única coisa que nos distingue de todos os outros animais é a educação. Não é a inteligência, pois ao contrário do que aprendi na escola, basta convivermos com os animais, para vermos como eles aprendem, como eles se superam e são inteligentes. O que nos distingue verdadeiramente dos outros animais é a educação. Abandonemos um bebé à sua sorte, sem outro humano por perto, que se ele conseguir sobreviver, não irá falar nenhuma língua, e irá comporta-se como qualquer outro animal tentando simplesmente sobreviver.

A natureza não tem ética nem moral. Na natureza sobrevivem os mais fortes, astutos, resistentes, os que melhor se adaptam às condições. Na natureza não existe o certo e o errado. Todos esses conceitos que temos, foram-nos transmitidos pela educação que tivemos, daí que ao educarmos as crianças, estamos a influenciá-las para o bem ou para o mal. Claro que como referi não é tiro-e-queda, porque existe uma coisa chamada liberdade de escolha, livre arbítrio, alma ou espírito, ou o que se quiser chamar, em que cada um pode sempre escolher o seu caminho, se é que já não o escolheu antes mesmo de nascer.

Mas depois temos também adultos manipuladores, que influenciam as crianças para servirem os seus interesses e não poucas vezes como armas de arremesso sobre outros adultos.

Podemos acolher uma criança em casa, dar-lhe o carinho que lhe falta pois em casa só ouve berros, e ninguém lhe dá atenção, podemos dar-lhe de comer porque quem de direito não cuida devidamente dela e só lhe dá porcarias. Ela pode mostrar ter uma adoração especial por nós, nem que seja só pelo interesse de nos usar em seu proveito. Mas um dia, apesar de tudo o que fizemos por ela, um dia, essa mesma criança com sete anos de idade, pode reproduzir um belo ensinamento que lhe transmitiram, e decidir mostrar-nos os dois dedos médios bem levantados. E mais triste que a ingratidão da pequena fedelha, é ver a tristeza nos olhos de quem tão bem a tratou.  

Mark Twain também tem outra frase célebre:

"Se recolhes um cachorro faminto e lhe deres conforto ele não te morderá. Eis a diferença entre o cachorro e o homem".

Perdido no sonho


Come and see
Where are we, this everything
On my knees
Beat it down to get to my soul
Against my way
Anyone can tell it's you coming
Baby, you're on my mind
Leave it on a lie, leave it your way

Come and ride away
It's easier to stick to the earth
Surrounded by the night
Surrounded by the night, and you don't grow old
But you abuse my faith
Losing every time but I don't know where
You're on my side again
So ride the key wherever it goes
I'll be the one, I can't, whoo!

You are all I've got, away
Running in the dark I come to my soul
You can see it through the dark, it's coming my way
Well we won't get lost inside again

Oh, no, no season I can wait
Made of time, made of wool, I can't
Don't think they would mind against
I will keep you here, but I can't

Oh, I'll talk to you if I can
I'll see you where I go

Seen the darkness coming for me


Red eyes - Lost in the dream - The war on drugs - 2014

quarta-feira, 27 de maio de 2015

Essa cruz que trazes ao peito



Do filme "Masque of the Red Death" de 1964:

Prince Prospero:
That cross you wear around your neck; is it only a decoration, or are you a true Christian believer?
Francesca :
Yes, I believe - truly

Prince Prospero:
Then I want you to remove it at once!
- and never to wear it within this castle again!
Do you know how a falcon is trained my dear?
Her eyes are sown shut.
Blinded temporarily she suffers the whims of her God patiently, until her will is submerged and she learns to serve - as your God taught and blinded you with crosses.


Francesca:
You had me take off my cross because it offended....

Prince Prospero:
It offended no one.
No - it simply appears to me to be discourteous to... to wear the symbol of a deity long dead.
My ancestors tried to find it. And to open the door that seperates us from our Creator.


Francesca:
But you need no doors to find God.
If you believe....

Prince Prospero:
Believe?! If you believe you are gullible.
Can you look around this world and believe in the goodness of a god who rules it?
Famine, Pestilence, War, Disease and Death!
They rule this world.


Francesca:
There is also love and life and hope.

Prince Prospero:
Very little hope I assure you. No. If a god of love and life ever did exist... he is long since dead. Someone... something rules in his place.

And When He Falleth / Velvet Drakness They Fear / Theatre of Tragedy / 1996

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Paradoxos da higiene

Por estes dias, comentava no trabalho que não gostava de ler no computador, e nunca que nunca iria aderir a ler a livros em formato ficheiro para ler em bugigangas eletrónicas. Eu gosto de pegar no livro, cheirá-lo, senti-lo, gosto de folhear, não gosto de ler num monitor. Mas rapidamente  uma colega contra-argumentou que não gostava dos livros, pois são uma fonte de porcaria, afinal toda a gente pega neles, e era ver a cara dela toda impressionada enquanto proferia tais palavras. 

Hoje, enquanto esperava numa sala de espera, sentei-me num lugar vago, junto a uma mulher que estava de máscara na boca. Os preconceitos são tantos, que as pessoas quando vêem alguém de máscara, não percebem que é a pessoa a proteger-se dos outros, e não porque tenha uma doença trasmissível! Sentei-me, saquei do meu livro, e comecei a ler tranquilamente, enquanto os números de chamada iam passando, muito len-ta-mente-te. 

Esta senhora de máscara, estava sentada junto de outra mulher. Enquanto estava embrenhado na minha leitura, pouco ia prestando atenção ao que as senhoras conversavam, mas a conversa foi começando a animar, e estando ali encostado a elas, era quase impossível não ouvir a conversa-de-gaija, e logo eu que gosto de retirar alguma coisa do convívio em sociedade!

Mal ouvi "Ai a barba e o bigode... ui, que nojo. São pêlos não é? Acumula muita sujidade", comecei logo a franzir o sobrolho. Com que então estas senhoras, já com idade para terem juízo, têm nojo dos pêlos dos homens... Os pêlos acumulam sujidade... interessante. Mas e os cabelos caralho? Sim, os pêlos da cabeça, a que damos o nome de cabelos, e que por norma, tal como estas duas senhoras, os tinham bem compridos? Será que os cabelos são diferentes? Não acumulam "sujidade"? 

É muito interessante reparar que, de repente, muita gentinha tem nojo em relação a muitas coisas, mas depois, paradoxalmente, não têm nojo das coisas mais nojentas que existem!


Qual é a coisa mais nojenta que existe? É o dinheiro! Sim, o dinheiro, que anda de mão em mão. As notas que podem ter sido pegadas pela mão de alguém que foi mijar ou cagar, não lavou as mãos e depois pegou nas notas, que passaram por milhares de mãos, até chegar às mãos desta senhora que usava máscara na cara, e que tem nojo de homens com barba!

Eu, "ainda sou do tempo" do que "não mata engorda", mas hoje vejo muita gente muito complexada e paranóica com o excesso de limpeza, Tudo tem de ser limpo e relimpo até ao infinito. Tudo tem "bactérias" e mais não sei o quê. Esquecendo-se esta gente paranóica, que é convivendo com as bactérias, que nos tornamos imunes a elas. Nunca como hoje se vêem criancinhas alérgicas a tudo e mais alguma coisa - porquê? Porque vivem numa redoma, fechadas, isoladas do mundo exterior. 

Em breve chegará o tempo, em que para se foder, inventarão um preservativo gigante, em que as pessoas não se tocam, porque tudo que são fluídos é porco, tudo tem sujidade, tudo tem de se passar álcool com algodão, porque o "algodão não engana".  Dar um beijo com língua é porco, num beijo transmitem-se oitenta milhões de bactérias! 

É tudo muito higiénico hoje em dia, mas curiosamente nunca vi ninguém passar álcool nas notas e nas moedas. Nem conheço ninguém que seja alérgico ou tenha nojo ao dinheiro. Curioso não é?

Libertem o Keeper

O Keeper, suponho que se escreva assim o nome da criatura, é o cão do vizinho. O Keeper era um cãozinho adorado, de pelo castanho claro com manchas brancas. E como são adorados todos os cãezinhos pequeninos, afinal "tudo que é pequenino é engraçado". O Keeper, como todos os cãezinhos pequeninos era muito engraçado, fartava-se de brincar no espaço limitado fora de casa, mas ficava triste pois passava o dia inteiro sozinho, porque os donos só chegavam ao fim do dia. O Keeper tinha um vizinho, um humano aparentemente diferente dos outros, tinha barbas e longos cabelos compridos loiros, quase parecia um Viking, isto apesar do Keeper nunca ter visto um, mas imaginava que fossem assim! Mas este vizinho do Keeper passava todos os dias no terreno ao lado, a jardinar e a remexer na terra, e o Keeper ficava a olhar para ele, cumprimentava-o e ficava contente por ter companhia e quem lhe prestasse atenção.

Aos poucos e poucos o Keeper foi crescendo, e já conseguia saltar para cima do muro do vizinho que parecia um Viking, e este vizinho tão simpático fazia-lhe festinhas e tudo por entre os buracos da rede que os separava. O Keeper não gostava de estar fechado, sozinho, naquele espaço, sonhava um dia descobrir o que existia para além daquela rede que delimitava o terreno do seu dono. E quando cresceu o suficiente, começou a tentar escapar, e acabou mesmo por conseguir escapar. Os seus donos tentaram improvisar, tapando os sítios por onde ele saía, mas todas essas tentativas acabavam por ser infrutíferas. Os seus donos chatearam-se com ele e acabaram por o prender. O pequeno Keeper não entendia porque estava agora preso ao cadeado, e ladrava sem parar, mas de nada adiantava. Acabou por ser mudado várias vezes de local e cada vez mais afastado casa para não incomodar os donos.

Até que tempos mais tarde, os donos do Keeper acabaram por se fartar dele - afinal tinha crescido, já não era pequenino nem engraçado - e acabaram por o empandeirar para casa dos pais - e acabou por se juntar a outro cão lá de casa. Mas algum tempo depois, um infeliz acontecimento acabou por mudar completamente a vida do Keeper para sempre. A mãe do dono do Keeper morreu. O Keeper e o outro cão seu amigo, sentiam a falta da senhora, e ladravam e uivavam muito e então o senhor, para não os ouvir resolveu soltá-los todos os dias!


Começou uma nova vida para o Keeper e o seu amigo, um cão de pêlo encaracolado, passos curtos, e olhos grandes castanhos muito desconfiados. Era vê-los andar, sempre juntos, por toda a aldeia. De vez em quando, o Keeper encontrava aquele vizinho da sua infância, aquele tal que lhe dava festinhas, e parecia um Viking. Ia ter com ele, e cumprimentava-o; outras vezes tentava fornicar as suas pernas! Keeper nunca entendeu bem, mas sentia uma enorme atração por pernas humanas!

A vida corria bem a Keeper, finalmente a liberdade e a companhia do seu fiel e desconfiado companheiro. Mas um destes dias, o pai do meu vizinho reclamou com ele e com a mulher, pois foram-lhe fazer queixa do Keeper.

"Estou fodido" disse o senhor. Uma vizinha que mora a uns duzentos metros fez-lhe paragem quando ele seguia na sua motoreta e contou-lhe o sucedido. A senhora estava muito irritada, o Keeper havia tido sexo com a sua cadela e tinha-a emprenhado. O Keeper não percebia nada de leis humanas, mas gostava muito de fornicar todas as cadelas da aldeia, e sempre que via uma no ponto, tentava por todos os meios chegar a vias de facto. Mas o Keeper cometou um grave erro, emprenhou a cadela da vizinha, e não assumiu a paternidade do feito ocorrido, o que deixou a dona da cadela muito chateada!

Poucos dias depois de ter ouvido esta conversa, comecei só a ver o cão de cabelo encaracolado, passo curto e olhos desconfiados, sozinho, e sem o Keeper. Este cão desconfiado, é muito diferente do Keeper. Desconfiado, sempre junto com o seu companheiro, mas não tinha jeito para as cadelas, não as assediava, nem as tentava fornicar. E foi a sua sorte!

O Keeper acabou preso a um cadeado. Late e late e late, todos os dias, até ficar sem voz. Já não o posso ouvir, tenho pena dele. O cãozinho pequenino muito engraçado, ficou esperto demais, foi despachado para casa dos pais do dono, acabou solto, para depois acabar de novo na sua primeira casa, preso a um cadeado, o mais longe possível da casa para que os seus latidos não incomodem tanto, e de vez em quando ainda se ouvem uns berros bem alto: "CALA-TE", como se ele percebesse o porquê de, depois de ter tido toda a liberdade que quisesse, tivesse acabado amarrado e bem longe do carinho dos donos. 

São tão lindos os cãezinhos não são?

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Medo: as corridas chegaram à aldeia!

Anda por aí um vírus disfarçado de uma moda qualquer, que pegou em muita gente, e de repente, vindos sabe-se lá de onde, todos resolveram começar a correr. Desde sempre houve gente com gosto para praticar mais ou menos desporto, ou fazer exercício ao ar livre, mas a coisa mais recente são as corridas. Depois das caminhadas, que já haviam chegado aqui à aldeia há algum tempo, caminhadas, normalmente em grupos de mulheres que gostam de fazer a revista de imprensa dos acontecimentos da localidade; depois da moda da bicicletas, todas artilhadas, com termos técnicos xpto, que um gaijo não percebe nada, mais parece que estão a falar da telemetria de um carro de Fórmula 1, e que rapidamente desapareceram de cena, eis que então chegam as corridas à minha aldeia!

Cheguei à pouco do trabalho, e peguei na bicicleta. Não! Esclareço já que não aderi à bicicleta durante a moda das bicicletas, pois já ando de bicicleta desde os três anos de idade e tenho fotografias que o comprovam e tudo! Passei toda a infância e adolescência a andar de bicicleta - não fosse na minha altura, o melhor brinquedo que uma criança poderia ter - e servia até de reforço positivo "Se passares de ano dou-te uma bicicleta". Como provinha de uma família muito pobre, nunca tive uma bicicleta nova, daquelas das lojas, mas ainda assim a minha era muito mais valiosa: foi o meu pai que a construiu com as próprias mãos. E já depois de adulto, a bicicleta foi sempre uma fiel companheira que me acompanhou, na maior parte das vezes sozinho, uma ou outra acompanhado. 


Cheguei do trabalho e resolvi pegar na bicicleta para fazer um pequeno circuito pela aldeia. Eis se não quando, passo por um jovem casado a correr. Ando mais um bocado e outro um grupo de jovens a correr! Alto! Isto não é normal! Todos claro, exibindo os seus belos equipamentos desportivos de cores berrantes e uns pingarelhos nos braços, que vejo muito por aí, mais parece uma daquelas cenas de medir a tensão arterial. Não sei o que é, e até tenho medo de querer saber! Abençoada ignorância!

Mas é esta a utilidade das modas, As pessoas, como não conseguem pensar pela sua própria cabeça, como não sabem do que gostam, precisam que alguém lhes diga ou sugira o que gostar. Aderem a tudo o que vêem os outros fazer e tudo aquilo que passa a ser socialmente aceite. Primeiro estranham e criticam os primeiros que o fazem, e depois vão a correr fazer, só para não se sentirem diferentes e se sentirem integrados socialmente. "Se os outros estão a fazer, temos também de fazer, para não sermos diferentes"! Os adultos de hoje, são agora uma espécie de adolescentes do meu tempo e que ainda não tinham definido muito bem a sua personalidade, e num ano queriam fazer skate, no ano seguinte eram do surf, e a seguir doutra cena qualquer.

Pensar pela própria cabeça e ser singular é uma chatice. Cruzes canhoto ser diferente! É muito mais fácil andar no mundo por ver andar os outros e agir como eles. É sempre muito mais fácil seguir a carneirada. 

sábado, 16 de maio de 2015

Sexo com as mulheres do zodíaco



Diz-me de que signo és, dir-te-ei como fodes comigo. Ou não! Toda a gente sabe que os astros nos influenciam, e no que aos signos diz respeito, quem observa as pessoas com atenção e conhece as caraterísiticas gerais, muitas vezes quase pode lançar palpites. Por outro lado, para se conhecer alguém do ponto de vista astrológico é preciso fazer um mapa astral exato, e depois, cada pessoa tem as suas idiossincrasias, e não há duas pessoas iguais. Mas ainda assim, cá fica anotado. Segundo o livro Sextrologia, se eu fosse para a cama com uma senhora de cada signo, a coisa seria mais ou menos assim:  

Mulher Carneiro "a Original"

Ela antevê enormes possibilidades carnais, ele é lento a ler os seus patentes sinais; o comportamento pouco apressado da Carneiro é o que conquista a afeição dele. O sexo é um assunto psicológico - os papeis são invertidos, e exploradas as fantasias de amo/senhor. 

Mulher Touro "a Ideal"

Este laço é forte ao princípio, mas muitas vezes, depois torna-se estático. Mesmo assim é um casal astrologicamente simpático. O sexo é agradável e emocionalmente recompensador: podem estar na cama durante dias. 

Mulher Gémeos "a Dádiva"

Ela tem andado em busca de alguém tão sensível e forte, ele é considerado com uma espécie sensual e determinada. A amizade vem em primeiro lugar, pelo que o sexo raramente é o centro. Na verdade, na cama parecem por vezes relutantes. Mesmo assim ainda há esperança. 

Mulher Caranguejo "a Pérola"

Ela vê nele um tipo seguro e firme - alguém em quem se pode confiar. A volatilidade dela, estimula os cuidados do ***. É uma maldade sustenida a dois - muita parra para pouca uva; choram até se rirem. Na cama, ela é uma cuidadosa professora sexual. 

Mulher Leão "a Impressionante"

Fixação: uma relação entre duas personagens teimosas - ela é caninamente ambiciosa, ele, complacente imóvel - que é difícil de manter, mas há uma recompensa pela tentativa: as tensões emocionais geram uma excitação sexual excecional.

Mulher Virgem "o Recetáculo"

Material para o casamento: ele é facilmente dominado pela adoração que dela emana, ela aceita a terna tutela que lhe é proporcionada. Existem obstáculos, mas normalmente são ultrapassados . Seja como for, desde o início que é sexo a arder em lume brando. 

Mulher Balança "o Encanto"

Ela entra repentinamente na vida dele, apresentando-lhe novas experiências sensuais, ele entrega-se a todos os excessos lúbricos. Este laço pode nunca passar da camada superficial - vivem em "mundos" diferentes - mas a ligação erótica é séria. 

Mulher Escorpião "o Espécime"

Ele é uma espécie de tipo submisso que ela espera moldar. Qualquer aliança entre estes dois astros opostos é pura obsessão. Deve esperar-se que se viciem um no outro: a paixão raia a selvajaria. 

Mulher Sagitário "a Especialista"

Ao terem muito em comum - especialmente uma necessidade de atenção - chocam-se nas coisas essenciais: ela é mais feliz lá fora, no mundo, ele prefere os prazeres caseiros. Apesar de tudo, sexualmente é uma relação sumtuosa. 

Mulher Capricórnio "a Dormente"

Cada um deles acha a outra parte capaz de verdadeiro amor. Ainda que estes signos de terra sejam emocionalmente alinhados - raramente abrem garras - ela, imaginando que ele anda perdido, impõe restrições. Na cama, fazem apelo a uma comunicação mais clara. 

Mulher Aquário "a Visão"

Ela faz o ninho com alguém "normal". Por ironia, ele explora o lado escuro da mente dela. Ocorrem então mudanças enormes e avassaladoras. Aquário está acostumada a mais paixão, para ele, ela é a exceção exótica. 

Mulher Peixes "o Sonho"

Ela é hiperfêmea das fantasias dele, e a sua imediata devoção é tudo quanto ela precisa como prova: ele é "o único". A harmonia reina no céu. O desejo sexual de ambos é pressionante - cada um agrada e deleita o outro.



"Os homens fortes e viris são o ideal da mulher Carneiro
A mulher Touro tem na cama o seu elemento preferido, enquanto a mulher Gémeos, a mais nervosa do Zodíaco, pensa pouco no parceiro. 
A mulher Caranguejo inclina-se para o primeiro que repare nela, ao passo que a mulher Leão é uma predadora natural: centra-se num único homem, marcando-o como seu território exclusivo. 
A mulher Virgem é senhora de uma atracção sexual que perdura durante muito tempo. 
De todas as mulheres, Balança é a mais bela e justa, faltando-lhe, no entanto, sensualidade. 
Se há mulher que sabe de que é feita a sexualidade, essa é a Escorpião
Mais, mais e mais é o lema da mulher Sagitário
A mulher Capricórnio é a menos exibicionista do Zodíaco, enquanto a mulher Aquário vê sempre o lado bom das situações. A mulher Peixes é a mais ousada do Zodíaco".

quarta-feira, 13 de maio de 2015

O que ando a ler V

- Oh minha senhora, se deveis isso tudo a crimes, a Providência, que acaba sempre por ser justa, não vos permitirá gozá-lo durante muito tempo! redargui-lhe.
- Enganas-te - disse-me a Dubois. - Não julgues que a Providência recompensa sempre a virtude, não permitas que um breve momento de prosperidade te mergulhe em tais erros. É indiferente à manutenção das leis da Providência que este seja pecador enquanto aquele é virtuoso; é-lhe necessária igual quantidade de pecado e virtude, e o indivíduo que pratica uma coisa ou outra é-lhe absolutamente indiferente. Escuta-me, Sophie, escuta-me com um bocadinho de atenção. És inteligente e desejaria finalmente convencer-te. Não é a escolha , pelo homem, do vício, ou da virtude, minha querida, que lhe dá a felicidade, porque a virtude, como o vício, mais do que não é que um um modo de conduta no mundo. Não se trata, portanto, de seguir um de preferência à outra, e sim de talhar apenas o caminho geral. Todo aquele que se afasta desse caminho procede sempre mal. Num mundo inteiramente virtuoso aconselhar-te-ia sempre a virtude, pois, como para ela haveria recompensas implícitas, nela estaria infalivelmente a felicidade. Mas num mundo inteiramente corrupto jamais te aconselharia outra coisa que não fosse o vício. Aquele que não trilha o caminho dos outros acaba inevitavelmente por perecer; todos os obstáculos que se encontra no caminho o ferem e, como é o mais fraco, tem por força de ser destruído. 


É em vão que as leis pretendem restabelecer a ordem de reconduzir os homens à virtude; demasiado viciosas para semelhante empreendimento e demasiado fracas para alcançarem êxito, afastam por instantes do caminho trilhado, mas jamais conseguem que este seja definitivamente abandonado. Quando o interesse geral dos homens os leva à corrupção, aquele que não quer corromper-se com eles luta contra o interesse geral. Ora, que felicidade pode esperar aquele que contraria constantemente o interesse dos outros? Dir-me-ás que é o vício que contraria o interesse dos homens, e eu concordaria contigo se o mundo fosse constituído em partes iguais por pecadores e virtuosos, porque então o interesse de uns chocaria visivelmente com o dos outros, mas não é isso que acontece numa sociedade onde a corrupção impera. Nesta, os meus pecados só lesam os pecadores e determinam neles outros pecados que os desforram...
E ficamos todos felizes! A vibração torna-se geral, dá-se uma multitude de choques e lesões mútuas em que cada um recupera sem demora o que acabou de perder e se encontra constantemente numa posição vantajosa. O pecado só é perigoso para a virtude que, fraca e tímida, jamais ousa seja o que for. Mas se ela for banida da face da Terra, o pecado, lesando apenas pecadores, não incomodará mais ninguém, dará origem a outros pecados e não ofenderá quaisquer virtudes. Argumentar-me-ão com os efeitos benéficos da virtude? Outro sofisma, pois ela só serve para os fracos e é inútil àquele que pela sua energia  se basta a si mesmo e só precisa da sua astúcia para corrigir os caprichos do destino. Como querias não ter falhado na vida, querida filha, se seguiste sempre em sentido inverso ao de toda a gente? Se te tivesses deixado ir onda, terias encontrado o porto, tal como eu encontrei. Aquele que quer remontar um rio chega mais depressa do que aquele que o desce? O primeiro quer contrariar o outro, o segundo abandona-se à corrente. (Marquês de Sade - Justine)

Acabei o segundo livro de Sade, e não poucas vezes senti-me muito identificado com a sua personagem principal, Justine, que tentando sempre fazer o bem, acabava sempre fodida, muitas vezes até literalmente! sempre espezinhada, nunca obtendo nenhuma "recompensa divina" pelo bem que fazia em prol dos outros. Todos os outros, os que só faziam o mal e cometiam os crimes mais hediondos para subir na vida, esses sim, eram sempre recompensados.

Olho para a minha vida e olho em volta, e acho que me prejudico constantemente por ser demasiado frontal, por ser demasiado honesto, por não querer ir contra a minha ética pessoal, por dizer o que penso, por não esconder, por não usar de manhas. A esse propósito, ainda por estes dias, na revista de imprensa da TSF, Fernando Alves fazia referência a uma entrevista a Fernando Dacosta que falava da "manha portuguesa" "- Como é que sobrevivemos se não formos manhosos? Quem diz o que pensa está lixado". É por isso que eu me fodo constantemente, por não usar de manhas. 

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Media Markt - Fazer dos outros parvos

Há semanas atrás, passava por um dos grandes grossistas de vendas de material eletrónico em Portugal, a Media Markt (que agora até parece que vende também carros!) e demorei-me um pouco na secção dos binóculos. Peguei neles, coloquei-os nos olhos, e claro, experimentei-os focando bem lá para o fundo da loja, a ver que tal achava. E depois experimentei outros e procedi da mesma forma. Sem dúvida, os que experimentei são bons equipamento se pretendermos observar a vizinha em trajes menores! Mas por acaso até nem é o caso - até porque nem tenho vizinhas boazonas! - mas por acaso mesmo que tivesse, não era por aí, pois nem tenho desses fetiches voyeuristas, e depois porque o motivo para o uso de binóculos é até bem mais prosaico, tão somente o uso que lhes destinaria, aos binóculos, seria a observação de aves.

Mas eu não me tenho por comprador impulsivo ou emotivo, muito menos quando estamos a falar de valores substanciais. Por exemplo, por mais interessantes que os binóculos que experimentei me pudessem parecer, dificilmente daria 100€ para os ter. Quanto muito esperaria  que alguém os compre, se farte deles, e depois os meta à venda usados na net por metade do preço! Mas enquanto passava nos expositores ao lado, passava os olhos assim de relance pelas máquinas reflex - daquelas que dá para substituir as lentes por umas mais compridas! - e uma máquina em particular chamou-me a atenção, principalmente pelo valor que estava marcado. 

Uma Canon 1200D (que nada sabia sobre artigo em questão) mas estava marcada com um preço de 300€. Fiz o que qualquer pessoa de bom senso faz, que é, tomar nota da referência, e depois tranquilamente em casa, pesquisar sobre o artigo, informar-se sobre as especificações técnicas e ler também opiniões sobre o mesmo. 

Passado uns dias lá voltei de novo à mesma loja, para pegar na máquina, acariciá-la, senti-la nas mãos e tal, e qual não é o meu espanto, a mesma máquina já estava com um valor superior!! Ò diabo, pensei, então é esta a "loucura dos preços baixos"? Fazer três ou quatro dias de promoções é aumentar o preço dos artigos? 


Mas não se ficaram por aqui! Passava agora os olhos pelo folheto publicitário, e qual não é o meu espanto, a mesma máquina fotográfica, agora já está 333€!! A lógica deve ser, quanto mais tempo está nas prateleiras sem se vender mais valoriza!


É mesmo caso para dizer, tal como dizia o outro: "E o parvo (burro) sou eu"!

domingo, 3 de maio de 2015

O que ando a ler IV

São muitas as razões que me levam a pensar que a cultura da felicidade não pode ser considerada um bom modelo de vida. Mas serão esse motivos suficientes para invalidar radicalmente o princípio?
Dado que o homem não é Uno, a filosofia da felicidade deve fazer justiça a normas ou princípios de vida antitéticos. Devemos reconhecer a legitimidade da ligeireza hedonística, tal como a exigência da construção do indivíduo através do pensamento e do agir. A filosofia dos Antigos procurava formar um homem sábio que se mantivesse idêntico a si próprio, querendo sempre a mesma coisa mediante a coerência consigo mesmo e a rejeição do supérfluo. Será isto realmente possível e desejável? Não o creio. Se o homem, como defende Pascal, é um ser feito de "contradições", a filosofia da felicidade não deve excluir nem a edificação complexa do eu. O homem muda ao longo de toda a sua vida e não esperamos da nossa existência sempre as mesmas satisfações. Isto significa que uma filosofia da felicidade terá forçosamente de ser desunificada e pluralista: uma filosofia mais eclética do que cética, mais mutável que definitiva. 
No âmbito de uma problemática "dispersa", não é tanto o próprio consumismo, que convém denunciar, mas o seu excesso ou o seu imperialismo, que criam obstáculos ao desenvolvimento da diversidade das potencialidades humanas.  Assim, mais do que condenada, a sociedade do hiperconsumo deve ser corrigida e estruturada. Nem tudo é de rejeitar, e há muito a reorganizar e a reequilibrar para que a ordem tentacular do hiperconsumo não ponha a causa multiplicada dos horizontes da vida. Neste domínio, nada está decidido tudo pode ser inventado e construído sem um modelo assegurado. Tarefa árdua, forçosamente incerta e sem fim, uma vez que a conquista da felicidade não pode sujeitar-se a um prazo.


O que é válido para a sociedade, vale também para o indivíduo: o homem caminha para um horizonte que se evapora à medida que ele julga estar mais próximo, cada solução trazendo novos dilemas. De todas as vezes . a felicidade tem de ser reinventada e ninguém possuiu as chaves que abrem a porta da terra prometida: temos de decidir o rumo à medida que avançamos e retificar a trajetória passo a passo, com mais ou menos sucesso. Lutamos por uma sociedade e uma vida melhores, procuramos incansavelmente os caminhos da felicidade, mas nada garante que alcançaremos aquilo que nos é mais precioso: a alegria de viver. 
(Gilles Lipovetsky - A Felicidade Paradoxal)

Foi com alguma estranheza e desilusão que, depois de ter lido unicamente deste autor A Era do Vazio (de 1983) em que ele faz uma crítica feroz ao individualismo, ao narcisismo e ao alimentar do ego, uma crítica ao consumo de massas, ao prazer pelo prazer e depois cair no vazio e não sentir nada, venha em A felicidade paradoxal (24 anos depois), dar uma no cravo e outra na ferradura, conseguindo até defender esta sociedade do hiperconsumo. 

Diz ele também, defendendo o indefensável, em "Relações mercantis e sociabilidade" na página 124:

Contrariando uma ideia muito difundida, a sociedade de hiperconsumo não significa que o indivíduo se isole no seu casulo, nem que se verifique um "confinamento interativo generalizado". O equipamento audiovisual das nossas casas não suprimiu de modo algum a necessidade de estarmos em contacto com o "mundo" e de convivermos com os nossos amigos. (...)
A verdade é que são os indivíduos melhor equipados com as novas tecnologias que "saem" mais e convivem com mais pessoas. (...)
Evitemos, pois, o cliché do declínio da vida social, por agora, não existe qualquer perigo real no que respeita à sociabilidade, visto que o desenvolvimento do virtual e dos meios de comunicação têm maiores probabilidades de reforçar a importância dos contactos diretos do que degradá-los.

Acho que andas mesmo a nanar Lipovetsky! Olha que nem de propósito, uma marca de cerveja - se calhar um dos símbolos maiores da socialização moderna entre pessoas, estar num café e beber uns copos com os amigos - e esta marca de cerveja sentiu a necessidade de fazer um anúncio publicitário intitulado "O que se passa com a amizade?" alertando para os perigos de se estar completamente fechado no casulo, comunicando com os outros, mas exclusivamente por via eletrónica. E o problema é que consumidores enfiados dentro do casulo, não saem, não estão com os amigos e no fundo, mais importante, não consomem nem bebem cerveja, o que e é uma chatice para quem quer vender.



E volto a citar as sábias palavras de Ingrid Betancourt em entrevista à TSF:

Estamos a perder aquilo que é a essência da comunicação humana, que é, sentar num café a conversar com as pessoas. Hoje em dia não há tempo para se estar num café a falar com as pessoas, porque estamos sentados num computador, a falar com as imagens virtuais de muita gente. Estamos a perder o contacto pessoal. Pergunto-me como vai ser o mundo amanhã? Quando os jovens perderam a noção do que é perder tempo com uma pessoa a falar com ela. É importante que dediquemos o tempo a coisas profundas, e eu acho que não há nada mais profundo que dedicar o tempo aos outros. Não a si mesmo - porque o problema da internet - é que dedicamos tempo ao nosso ego, a vendermo-nos, a pôr uma foto bonita no perfil, a publicitarmo-nos da melhor maneira, a criar um espaço virtual onde mostrarmos uma imagem de nós mesmos, da que queremos vender.

sexta-feira, 1 de maio de 2015

Relaxa, olha a ganância pá!

Vivemos tempos do parecer, da imagem, em que verdadeiramente o conteúdo pouco importa. Qualquer pessoa, com toda a autoconfiança do mundo, falando rápido e articulando umas palavras mais ou menos caras, mesmo dizendo um monte de coisas que ninguém entende, assim mais ou menos ao estilo das letras do Reininho, é aplaudida de pé, mesmo que esteja a dizer a maior barbaridade de todos os tempos. 

Ontem, vinha eu nos meus pensamento enquanto conduzia o carro em piloto-automático, passei pelas emissoras do rádio, e acabei por aterrar a meio do programa Prova Oral da Antena 3, programa que diga-se é raríssimo ouvir. Enquanto tentava afinal perceber qual o assunto submetido a exame, ouvia uma gaija a debitar as datas dos seus espetáculos - quem será? pensava eu - "Vais-me deixar dizer isto tudo até ao fim Alvim"! como se quem estivesse do outro lado a conduzir, fosse naquele momento parar o carro, sacar de um bloco de notas e apontar todas as datas, de todas as cidades, que ela estava a dizer! Enquanto isso, o moderador de serviço, cagando d'alto na entrevistada, estava mais interessado em receber telefonemas ou e-mails dos ouvintes, com a explicação para o fenómeno do homem-estátua que se aguentar no ar, afinal tinha tudo a ver!

Até que de repente, algo me acorda subitamente dos meus pensamentos com um enorme estrondo. A convidada, uma tal de Marta Gautier, que até comentou dos casos que tratava (psi?) sai-se com esta brilhante pérola: "O stress? O stress é causado pela ganância"!

Ganância?! Espera, não me digas, também andaste no rancho folclórico como o outro não foi?

"A universidade desenvolve todas as capacidades, inclusive a estupidez." (Tchekhov)