Vivemos tempos do parecer, da imagem, em que verdadeiramente o conteúdo pouco importa. Qualquer pessoa, com toda a autoconfiança do mundo, falando rápido e articulando umas palavras mais ou menos caras, mesmo dizendo um monte de coisas que ninguém entende, assim mais ou menos ao estilo das letras do Reininho, é aplaudida de pé, mesmo que esteja a dizer a maior barbaridade de todos os tempos.
Ontem, vinha eu nos meus pensamento enquanto conduzia o carro em piloto-automático, passei pelas emissoras do rádio, e acabei por aterrar a meio do programa Prova Oral da Antena 3, programa que diga-se é raríssimo ouvir. Enquanto tentava afinal perceber qual o assunto submetido a exame, ouvia uma gaija a debitar as datas dos seus espetáculos - quem será? pensava eu - "Vais-me deixar dizer isto tudo até ao fim Alvim"! como se quem estivesse do outro lado a conduzir, fosse naquele momento parar o carro, sacar de um bloco de notas e apontar todas as datas, de todas as cidades, que ela estava a dizer! Enquanto isso, o moderador de serviço, cagando d'alto na entrevistada, estava mais interessado em receber telefonemas ou e-mails dos ouvintes, com a explicação para o fenómeno do homem-estátua que se aguentar no ar, afinal tinha tudo a ver!
Até que de repente, algo me acorda subitamente dos meus pensamentos com um enorme estrondo. A convidada, uma tal de Marta Gautier, que até comentou dos casos que tratava (psi?) sai-se com esta brilhante pérola: "O stress? O stress é causado pela ganância"!
Ganância?! Espera, não me digas, também andaste no rancho folclórico como o outro não foi?
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