domingo, 31 de maio de 2015

Manipular as crianças

Não sou pai, não sou educador, nem nunca tive assim grandes relações com crianças, mas considero-me uma pessoa atenta e observadora do que se passa ao meu redor. Gosto de observar o que se passa em volta, para tentar perceber os comportamentos. O que as leva as pessoas a agir de determinada forma, para tentarem conseguir chegar a determinado fim. Isso sempre me fascinou. Não é à toa que, na minha vida pessoal, sem ter nenhum dom de perceção extra-sensorial (que eu saiba) consigo com relativa facilidade antecipar acontecimentos.

Pitágoras tem uma frase célebre:

"Se educarmos as crianças, não será necessário castigarmos os homens". 

Não concordo totalmente, porque se assim fosse, seria fazermos do bebé uma espécie de disco formatado, onde podemos escrever todas as instruções para se programar como quiser, que teremos ali um futuro adulto como quisermos que ele seja. E isso não funciona bem assim. Há muitas condicionantes. A educação não basta, o meio onde a criança está inserida nem sempre é determinante, nada é tiro-e-queda. Temos crianças educadas pelos mesmo pais que saem completamente diferentes umas das outras, temos crianças educadas nos meios com mais condições e dinheiro que saem os maiores estroinas, temos crianças que crescem nos meios mais desfavorecidos e dão adultos muito válidos. Nem sempre as coisas são preto ou branco, certo ou errado, há muitas escalas de cinzentos.

No entanto a única coisa que nos distingue de todos os outros animais é a educação. Não é a inteligência, pois ao contrário do que aprendi na escola, basta convivermos com os animais, para vermos como eles aprendem, como eles se superam e são inteligentes. O que nos distingue verdadeiramente dos outros animais é a educação. Abandonemos um bebé à sua sorte, sem outro humano por perto, que se ele conseguir sobreviver, não irá falar nenhuma língua, e irá comporta-se como qualquer outro animal tentando simplesmente sobreviver.

A natureza não tem ética nem moral. Na natureza sobrevivem os mais fortes, astutos, resistentes, os que melhor se adaptam às condições. Na natureza não existe o certo e o errado. Todos esses conceitos que temos, foram-nos transmitidos pela educação que tivemos, daí que ao educarmos as crianças, estamos a influenciá-las para o bem ou para o mal. Claro que como referi não é tiro-e-queda, porque existe uma coisa chamada liberdade de escolha, livre arbítrio, alma ou espírito, ou o que se quiser chamar, em que cada um pode sempre escolher o seu caminho, se é que já não o escolheu antes mesmo de nascer.

Mas depois temos também adultos manipuladores, que influenciam as crianças para servirem os seus interesses e não poucas vezes como armas de arremesso sobre outros adultos.

Podemos acolher uma criança em casa, dar-lhe o carinho que lhe falta pois em casa só ouve berros, e ninguém lhe dá atenção, podemos dar-lhe de comer porque quem de direito não cuida devidamente dela e só lhe dá porcarias. Ela pode mostrar ter uma adoração especial por nós, nem que seja só pelo interesse de nos usar em seu proveito. Mas um dia, apesar de tudo o que fizemos por ela, um dia, essa mesma criança com sete anos de idade, pode reproduzir um belo ensinamento que lhe transmitiram, e decidir mostrar-nos os dois dedos médios bem levantados. E mais triste que a ingratidão da pequena fedelha, é ver a tristeza nos olhos de quem tão bem a tratou.  

Mark Twain também tem outra frase célebre:

"Se recolhes um cachorro faminto e lhe deres conforto ele não te morderá. Eis a diferença entre o cachorro e o homem".

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