segunda-feira, 18 de maio de 2015

Medo: as corridas chegaram à aldeia!

Anda por aí um vírus disfarçado de uma moda qualquer, que pegou em muita gente, e de repente, vindos sabe-se lá de onde, todos resolveram começar a correr. Desde sempre houve gente com gosto para praticar mais ou menos desporto, ou fazer exercício ao ar livre, mas a coisa mais recente são as corridas. Depois das caminhadas, que já haviam chegado aqui à aldeia há algum tempo, caminhadas, normalmente em grupos de mulheres que gostam de fazer a revista de imprensa dos acontecimentos da localidade; depois da moda da bicicletas, todas artilhadas, com termos técnicos xpto, que um gaijo não percebe nada, mais parece que estão a falar da telemetria de um carro de Fórmula 1, e que rapidamente desapareceram de cena, eis que então chegam as corridas à minha aldeia!

Cheguei à pouco do trabalho, e peguei na bicicleta. Não! Esclareço já que não aderi à bicicleta durante a moda das bicicletas, pois já ando de bicicleta desde os três anos de idade e tenho fotografias que o comprovam e tudo! Passei toda a infância e adolescência a andar de bicicleta - não fosse na minha altura, o melhor brinquedo que uma criança poderia ter - e servia até de reforço positivo "Se passares de ano dou-te uma bicicleta". Como provinha de uma família muito pobre, nunca tive uma bicicleta nova, daquelas das lojas, mas ainda assim a minha era muito mais valiosa: foi o meu pai que a construiu com as próprias mãos. E já depois de adulto, a bicicleta foi sempre uma fiel companheira que me acompanhou, na maior parte das vezes sozinho, uma ou outra acompanhado. 


Cheguei do trabalho e resolvi pegar na bicicleta para fazer um pequeno circuito pela aldeia. Eis se não quando, passo por um jovem casado a correr. Ando mais um bocado e outro um grupo de jovens a correr! Alto! Isto não é normal! Todos claro, exibindo os seus belos equipamentos desportivos de cores berrantes e uns pingarelhos nos braços, que vejo muito por aí, mais parece uma daquelas cenas de medir a tensão arterial. Não sei o que é, e até tenho medo de querer saber! Abençoada ignorância!

Mas é esta a utilidade das modas, As pessoas, como não conseguem pensar pela sua própria cabeça, como não sabem do que gostam, precisam que alguém lhes diga ou sugira o que gostar. Aderem a tudo o que vêem os outros fazer e tudo aquilo que passa a ser socialmente aceite. Primeiro estranham e criticam os primeiros que o fazem, e depois vão a correr fazer, só para não se sentirem diferentes e se sentirem integrados socialmente. "Se os outros estão a fazer, temos também de fazer, para não sermos diferentes"! Os adultos de hoje, são agora uma espécie de adolescentes do meu tempo e que ainda não tinham definido muito bem a sua personalidade, e num ano queriam fazer skate, no ano seguinte eram do surf, e a seguir doutra cena qualquer.

Pensar pela própria cabeça e ser singular é uma chatice. Cruzes canhoto ser diferente! É muito mais fácil andar no mundo por ver andar os outros e agir como eles. É sempre muito mais fácil seguir a carneirada. 

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