domingo, 21 de setembro de 2025

Deus, Pátria, Trafulhice


Do jornalista Miguel Carvalho li o livro Quando Portugal Ardeu sobre o pós 25 de Abril, e das organizações de extrema-direita que andavam a colocar bombas nas sedes do partido comunista, que mataram, por exemplo, o padre Max da UDP. Entretanto publicou outros livros e regressa agora com um livro com mais de setecentas páginas sobre os bastidores do CH. 

"Esta é a investigação que revela a face oculta do Chega.

Com recurso a milhares de páginas de documentos inéditos e largas dezenas de entrevistas exclusivas com fundadores, financiadores, atuais e antigos dirigentes e militantes, Por dentro do Chega é, sobretudo, um retrato do partido por aqueles que o criaram e o fizeram. Sem filtros."

Na promoção ao livro pude ler duas reportagens, uma na Visão e outra no Jornal de Notícias e são alguns desses excertos que aqui deixo, para abrir o apetite para quem quiser comprar o livro ou, em alternativa, a revista Visão ou o Jornal de Notícias de hoje. Comecemos pelo Jornal de Notícias:


BORRADINHOS DE MEDO

"Dos financiamentos escondidos às gravações telefónicas secretas para entalar rivais internos, esta investigação mostra como André Ventura patrocinou exércitos de perfis falsos e purgas internas para criar um Chega unipessoal que sustenta as ambições desmedidas, as vidas abastadas e as madrugadas de copos dos seus mais reputados dirigentes. Pelo meio há guerras religiosas, filiações de imigrantes brasileiros em massa e a tentativa de corrupção de um ministro de Cabo Verde.

"André Ventura e a mulher, Dina, mais um punhado de dirigentes de topo do Chega, numa lancha rápida de Lagos até à cidade marroquina de Tânger, que seria a ponte até ao exílio na Costa do Marfim. O objetivo era Ventura fugir à prisão e contornar, na clandestinidade, a já sentenciada ilegalização do partido em plena pandemia. É com esta insanidade coletiva que começa o livro “Por Dentro do Chega”.

A fuga para Tânger nunca chegou a acontecer, mas o plano existiu e André e Dina chegaram mesmo a refugiar-se “borradinhos de medo” na quinta de luxo de Arlindo Fernandes em Lagos, segundo contou este empresário admirador de Salazar. Arlindo Fernandes subiu a pulso no Chega, mas, como muitos, desencantou-se quando viu um partido podre (...)


O Chega foi fundado em 2019 para “limpar Portugal” e adotou, em 2021, no Congresso de Viseu, o lema de Salazar “Deus, Pátria e Família”, ao qual acrescentou “Trabalho”. A fuga para Tânger é exemplo de como os primeiros três anos seriam encharcados de boatos que eram gasolina para a guerra civil interna. Os telemóveis eram a principal arma e Ventura acabou com a rédea solta. Decretou que quem dissesse mal dele ou do partido, em público ou privado, seria suspenso.


ESFARRAPAR A OPOSIÇÃO INTERNA


"Para agilizar as expulsões sem contraditório, Ventura criou a Comissão de Ética liderada pelo deputado Rui Paulo Sousa que suspendeu ou expulsou mais de 100 militantes, quase todos opositores internos. “Havia decisões tomadas antes de as analisarmos”, revela Carlos Monteiro. Ao fim de dois anos, o Tribunal Constitucional declarou a Comissão de Ética ilegal. Mas o objetivo de esfarrapar a oposição interna já estava alcançado.

Miguel Carvalho não tem “qualquer dúvida” que esse será o trato a dar às oposições se Ventura chegar ao poder. “No Congresso de Coimbra, uma das declarações que ele faz, naquela estratégia de namoro/arrufo com o PSD, é que queria ter quatro pastas e uma delas era o Ministério da Administração Interna. Um partido com estas práticas que tome conta do MAI, ainda que seja só essa pasta, é absolutamente assustador. Nós estaríamos perante a concretização de um Ministério do ‘Big Brother’”

CASOS E CASINHOS

"Muitos dos que se envolveram no Chega, financiadores ou não, desencantaram-se com o partido. Mais de metade dos vereadores eleitos deixaram de se rever na estratégia. Entre os vários entrevistados há sempre um aspeto comum: o Chega pratica dentro de portas aquilo que promete combater fora delas.

Um vasto rol de “casos e casinhos”

Aos vários “casos e casinhos” já conhecidos, Miguel Carvalho junta-lhe outros como o da fatura que Pedro Pinto deixou por pagar nos Bombeiros Voluntários de Beja, a da pensão de alimentos que Rui Paulo Sousa prometeu pagar quando fosse eleito deputado, a das dívidas que Diogo Pacheco de Amorim tinha quando entrou no Parlamento. Vários dos 60 atuais deputados do Chega estavam na lista negra do Fisco poucos dias antes de serem eleitos e outros refizeram a vida com a entrada para o partido.


Entre os mais próximos de Ventura não faltam cadastros iguais aos bandidos que o líder garante combater, sem que os expulse, como promete. Hélio Filipe, que é militante do Chega, guarda-costas de André Ventura e namorado de Rita Matias, foi condenado a dois anos de pena suspensa por espancar e roubar um homem. No mesmo processo, não foi provada a acusação de sequestro e extorsão. Na semana passada, foi o segurança pessoal de Ventura na incursão pela manifestação de imigrantes.


Enquanto controlou as despesas do cartão de crédito do partido, Nuno Afonso contabilizou abastadas refeições para Ventura e os seus mais próximos, com digestivos “à la carte” e estadias em hotéis, além de um carro topo de gama para uso do presidente. As noites de copos em casas de meninas eram conhecidas. Na sede, as noitadas eram umas atrás das outras. “Era um cenário típico de final de noite num bar de terceira categoria”, descreveu Nuno Afonso, também ele autor de um livro sobre os bastidores do Chega (“Ontem éramos o futuro”, 2025).


À “Notícias Magazine”, Miguel Carvalho distingue o eleitor do Chega dos seus dirigentes, pois o partido cresceu à custa de quem se desacreditou ou se sente abandonado pelo sistema político-social e pelos serviços públicos básicos como os CTT, a escola ou o centro de saúde: “Se houver um político que não se cinja às redes sociais e for por esse país fora, de porta a porta, fazer um esforço descomunal, para ouvir e tentar perceber, e que seja absolutamente fiel à palavra dada, aí o Chega não terá grandes hipóteses, nem com redes sociais”.


Até lá, Ventura será o que as massas quiserem que ele seja, como demonstra Miguel Carvalho. Qual camaleão que sempre aparece para salvar as almas do caos das circunstâncias, algumas de fabrico próprio. Ele é, se for preciso, o seminarista mais promissor que deixou de ser padre porque encontrou o amor; o dedicado académico progressista, preocupado com os direitos humanos, que se distingue na sala de aula para agradar aos professores; o mais zeloso inspetor do Fisco e combatente dos paraísos fiscais que mais tarde lhe vão pagar a campanha; o humanitário cronista de jornal que apela a que se acolha “o maior número possível de migrantes” (2015); o enraivecido megafone dos benfiquistas em horário nobre na CMTV; o messias dos crentes, católicos ou evangélicos; o farol dos desencontrados".


REVISTA VISÃO:


"Finalmente, o Chega contrata o alugar de um Renault Talisman 1.5 dCi Zen por 36 meses, para o serviço do líder, a 400 euros mensais. Fernanda Marques Lopes, primeira presidente do Conselho de Jurisdição do partido, viu-o chegar com Luc Mombito (funcionário do Chega) ao volante. “Olha lá, André, compraste um carro para o partido?” O líder explicou: “É renting.” Mas a advogada insistiu: “E o conselho de auditoria não tem de saber?” O líder, sempre, ao longo do livro, e em diversos episódios, com pouca tolerância ao escrutínio interno, começou a impacientar-se: “Sou presidente, posso comprar o que me apetecer, não vou pedir autorização para comprar uma mesa ou um carro!”


SEMPRE A MENTIR


A fuga para a frente, sempre que Ventura é questionado, reflete-se também nos grandes temas. Ainda na semana passada, depois de ser desmascarado na “gaffe dos hambúrgueres”, contra-atacou, falando – mais uma vez, falsamente, como ficou demonstrado – de mais de 1500 viagens do Presidente Marcelo ao estrangeiro. Condenado por difamação no caso da família Coxi (do Bairro da Jamaica, a quem chamou “bandidos”) com sentença confirmada nas instâncias superiores, já após recurso, disse, na AR, em outubro de 2024: “Fui a tribunal sempre que me acusaram de difamação, racismo, discriminação. Venci em todos os processos.” Como sempre, estava a mentir.

A Maior Ameaça à Democracia


 
"O crescimento da ignorância é hoje a maior ameaça para a democracia e a ignorância cresce exponencialmente todos os dias". (Pacheco Pereira no programa "Vencidos" da Antena 1, que recomendo ouvirem o programa todo. 

quinta-feira, 18 de setembro de 2025

Mais uma Sardinhada de Carapaus

 A bolsa argentina é a pior do mundo. Para comemorar o feito do seu herói, Javier Milei, a Iniciativa Lacoste vai fazer mais um arraial, mas atenção!, não é um arraial qualquer. É um daqueles em que haverá sardinhada de carapaus!


A sardinhada de carapaus:


sábado, 13 de setembro de 2025

Sinistra Última Fotografia

Reparei agora a apagar fotografias que esta foi a última fotografia que tinha no telemóvel, tirada na casa onde vivi os últimos trinta anos.

quinta-feira, 11 de setembro de 2025

Conversas Improváveis (88) - Pegar numa Caneta e Unir Constelações


 Durante a tarde uma amiga mandou-me uma foto de uma parte do corpo.

Agora à noite:

"Eu tenho pintas no corpo todo. Dá para pegar numa caneta e ir ligando as constelações 

Eu: Que coisa tão bonita, vou tomar nota e um dia digo isso a uma gaja para a impressionar!!

domingo, 7 de setembro de 2025

Devemos Prestar Mais Atenção no que Diz Paulo Raimundo

 Em meados de Julho, Paulo Raimundo preveniu o presidente da república, Marcelo, que o país estava "preso por arames". 



Um mês e pouco depois percebemos que esses "arames", nem sequer estavam bem presos.


O país está completamente destravado, a caminho do precipício. Percebemos que Moedas tinha razão: "Lisboa é uma cidade insegura", mas não é por culpa dos imigrantes, é sim, por causa do presidente da câmara municipal, que de forma tão lesta pediu a demissão de Medina, mas agora, quando lhe toca a ele, agarra-se ao poder como uma lapa. 

Make Geração à Rasca Outra Vez

 Porque a Troika e o racionamento é quando o partido que tem escrito "social democrata" no nome quiser, e, como diz a Susana Romana no Jornal de Notícias "antes era uma sardinha para três, agora é o rolo de papel higiénico para três turmas"!

Se os alunos agora se quiserem agora limpar o cu na escola, que levem papel de casa!, e que aproveitem todo o stock que ainda guardam desde a pandemia! 

Já estou a imaginar a cena:

Hey, ó colegiuinha, estou mesmo a ressacar, não tens aí uma folha de papel higiénico que me arranjes? - 

- Vais fumar papel higiénico?

Não, pá, é para limpar o cu! Estou mesmo à rasca!

quarta-feira, 3 de setembro de 2025

A Sorte que Tens

Quando estiveres triste porque a vida não te corre bem, lembra-te das crianças que morrem de fome em Gaza ou das que são abatidas a tiro quando tentam arranjar comida.

Ou, ainda pior, lembra-te daquelas pessoas que perderam completamente o juízo e começam a dizer barbaridades como "o André Ventura diz as verdades". E percebes logo a sorte que ainda tens.