sexta-feira, 31 de julho de 2015

Essa T-shirt é muito fixe!

Há uns meses atrás visitei pela primeira o Palácio do Freixo no Porto. Há sítios especiais, que passamos por eles todos os dias, mas que curiosamente, e vá lá saber-se porquê, acabamos por nunca entrar para fazer uma visita. Talvez estivesse escrito que teria de ser naquele dia cinzento e de alguma chuva miudinha intermitente.  

Entrei e dirigi-me à receção para perguntar se poderia visitar o palácio e se o poderia fotografar, ainda que num outro dia, pois a luz daquele dia não estava muito propícia a grandes fotografias. Muito simpaticamente disseram-me que sim, que poderia estar totalmente à vontade. 

Já depois de visitar e admirar o restauro das divisões interiores, interpelo um outro funcionário, creio que para saber como fazer para visitar o jardim, e ele acolhe-me de imediato com um: "Essa T-shirt é muito fixe"! e simpaticamente se mostrou extremamente solícito. Eu simplesmente sorri, totalmente desarmado por aquele comentário inesperado. Confesso que gosto mesmo de pessoas simpáticas, mas nem preciso que me elogiem a indumentária, basta só serem simpáticas!

Entretanto esta semana fui escolher um novo CD para meter no leitor do carro, pois já lá andava há muito tempo com o Velvet Darkness They Fear e então escolhi o Gothic Kabbalah da banda sueca Therion. E sim, estamos precisamente a falar do álbum que estava estampado na camisola aquando da visita ao palácio.




"She's the wisdom, she's the truth: The Eternal Sophia
Perennial, beyond the time, she is the one
You're the river, you're the womb
The perennial
(The) Sophia...
Sophia..."




"Sophia, I believe in you, your light...
Shine inside my soul, I feel the sun from above
Sophia, I believe in you, your light is so bright
Shine inside my soul, I feel the sun from above"


E hoje (ontem) por momentos, ao ouvir algumas músicas daquele álbum, fui invadido por um daqueles momentos de extrema felicidade, em que dou por mim ora a tocar bateria ora a tocar guitarra - no ar pois claro! - e a atuar, como se eu mesmo,  fosse uma verdadeira vedeta em cima do palco! (Não, não creio que alguém tenha tido oportunidade de presenciar tal momento insólito!)

E a felicidade para mim é isto: são breves momentos. Tirando situações especiais, ninguém é estupidamente feliz o tempo todo, nem triste o tempo todo. "Olá, 'tá tudo bem"? Não, nunca está tudo bem, mas também não pode estar tudo mal. A felicidade não se atinge só com o abraço mágico de duas almas que se reencontram, não há nada comparável, mas esses momentos são únicos na vida e dificilmente se repetem. Nem têm de ser grandes conquistas ou o atingir de grandes objetivos, porque mal são atingidos já são passado e a vida tem de continuar e precisa de novas motivações. 
Para mim momentos de felicidade podem ser pequenos nadas. Por vezes bastam só coisas insignificantes, como umas linhas dum livro que se está a ler, ou pode até ser uma coisa tão simples como ver como uma árvore quase morta nos recompensa com a sua beleza, só por a termos salvo de uma morte certa junto ao caixote do lixo. Como pode ser o regresso da ave que todos os anos vem passar o inverno connosco. Pode ser qualquer coisa insignificante, como uma simples música que subitamente tem o condão de mudar o nosso humor... Por vezes esses pequenos nadas são o suficiente para me deixar feliz, ainda que só por alguns momentos.. E às vezes até pode nem acontecer nada. Podemos não ter um único motivo para sorrir, mas de repente somos invadidos por uma imensa felicidade. Claro que depois voltamos ao estado normal, mas já valeu a pena, pois pode estar tudo errado, mas por breves momentos fomos felizes sem qualquer motivo. 
Suponho que não é só a mim que isso acontece... a não ser que eu seja um caso de psiquiatria. E a avaliar pelas figurinhas que fiz, se alguém visse, acharia certamente que sim!

Mas o funcionário tinha razão. A camisola é realmente muito fixe - por isso é que a comprei certo?! - mas a música é ainda melhor. Se calhar ele até conhecia, mas acho que não, porque nem comentou nada sobre a banda. Se calhar só achou  mesmo que a T-shirt é muito fixe! 

quinta-feira, 23 de julho de 2015

O que ando a ler VI

- Pensa bem - avisara ele antes do casamento. - Vamos ser pobres. Verdadeiramente pobres: não pobres com mil libras por ano como os teus amigos pobres. Não haverá criados. Será preciso que vás para a cozinha, que remendes roupa, que cuides da casa.
Mary limitou-se a rir.
- Pois quem há-de achar isso desagradável serás tu - respondeu ela. - Pelo menos enquanto eu não aprender a cozinhar...
Mary nem sequer sabia fritar um ovo quando casou com Mark Rampion.
Coisa bastante estranha, aquele entusiasmo infantil à maneira de Marie-Antoniette para fazer as coisas. - para cozinhar num fogão de verdade, usando de uma verdadeira máquina de varrer tapetes, de uma máquina de costura autêntica - sobreviveu aos primeiros meses de novidade e excitação. Mary continuou a divertir-se.
- Eu nunca poderia voltar a ser uma perfeita dama da sociedade - costumava ela dizer. - Isso havia de me matar de aborrecimento. Deus lá sabe como pode ser aborrecido e exasperante dirigir uma casa, fazer os trabalhos domésticos, cuidar dos filhos. Mas viver completamente sem contacto com todos os factos ordinários da existência, viver num planeta diferente do mundo quotidiano, da realidade física, é muito pior.
Rampion era da mesma opinião. Recusava-se a transformar a arte e o pensamento em desculpas para viver uma vida de abstração. Nos intervalos entre os seus trabalhos de pintor e escritor, ajudava Mary no trabalho doméstico.
- Não se pode esperar que brotem flores de um belo vácuo limpo. - Era este o seu argumento. - Elas precisam de húmus, argila e estrume. Assim é a arte.




Para Rampion havia também uma espécie de obrigação moral de viver a vida dos pobres. Mesmo quando já estava a ter um rendimento perfeitamente razoável, o casal mantinha apenas uma criada e costumava fazer sozinho grande parte do trabalho doméstico. Ela para ele um caso de noblesse oblige - ou antes, de roture oblige. Viver como rico, numa confortável abstração dos cuidados materiais, seria - sentia ele - uma espécie de traição à sua classe, à sua própria gente. Se ele se deixasse ficar sentado na sua cadeira e pagasse a criados para fazer o serviço, estaria de certo modo a insultar a memória de sua mãe, estaria a dizer-lhe postumamente que ele, Mark Rampion, era bom demais para levar a vida que ela levava.
Havia ocasiões em que Mark odiava aquela obrigação moral, porque sentia que ela o compelia a fazer coisas tolas e ridículas; e, odiando-a, tentava revoltar-se contra ela. Como tinha ficado absurdamente escandalizado, por exemplo, diante do hábito que Mary tinha de ficar na cama de manhã! Quando ela sentia preguiça, não se levantava; estava tudo acabado. A primeira vez que a coisa aconteceu, Rampion ficou verdadeiramente angustiado.
- Mas tu não podes ficar na cama toda a manhã - protestara ele.
- Porque não?
- Porque não? Porque não podes.
- Mas eu posso - disse Mary calmamente. - Posso e fico.
O caso escandalizou-o, Sem motivo, como percebeu ele mesmo ao tentar analisar os seus próprios sentimentos. Mas, apesar de tudo, ficou escandalizado. Porque ele sempre se levantara cedo, porque toda a sua gente tinha sido sempre obrigada a deixar a cama cedo. Ficou escandalizado porque não se devia ficar na cama enquanto os outros estavam de pé a trabalhar. Levantar tarde era de certa maneira juntar insulto à ofensa. E no entanto o facto de uma pessoa se levantar cedo sem necessidade não auxiliava em nada as outras que se levantavam cedo por obrigação. Levantarmo-nos quando nada nos obriga a isso é simplesmente um tributo de respeito, como descobri-se numa igreja. E ao mesmo tempo é um acto propiciatório de sacrifício para apaziguar a própria consciência.
- Não se pode ter sentimentos como esses - refletia Mark Rampion.  - Imagine-se um grego a sentir coisas assim!
Era inimaginável. No entanto o facto permanecia inalterado; por mais que ele reprovasse aquele sentimento, a verdade é que aquele sentimento continuava a existir nele.
"Mary é mais sã do que eu", pensava Mark. E lembrou-se deste versos de Walt Whitman sobre os animais "Ele não lutam nem se lamentam por causa da sua condição. Não passam as noites em vigília, a chorar os seus pecados." Mary era assim; era bom ser assim. Ser um perfeito animal e ao mesmo tempo um humano perfeito, eis o ideal... Apesar de tudo, Mark ficava escandalizado quando Mary não se levantava de manhã. Procurava não ficar, mas ficava. Rebelando-se, permanecia algumas vezes na cama também., até ao meio-dia; por princípio. Era seu dever não ser um bárbaro da consciência. Mas foi preciso muito tempo para que ele pudesse gozar verdadeiramente da sua preguiça.

Contraponto - Aldous Huxley - 1928

sexta-feira, 17 de julho de 2015

Sexo: Arrependimento nos homens e nas mulheres

"Guys regret the girls they didn't sleep with. Girls regret the guys they do sleep with."

Há umas quantas semanas que comecei a rever uma série que me passaram, que já tinha visto no passado, mas que não cheguei a ver a última temporada, pois foi mais ou menos na altura que deixei de ter televisão. Eu comecei a ver esta série, porque uma amiga me havia dito na altura: "Olha, ando a ver uma série em que o protagonista é tal e qual tu". Claro que fiquei curioso. Acabei na altura por apanhar na televisão e a coisa acabou por me interessar, porque apesar de ser uma comédia, aborda de forma muito inteligente as relações de amizade, de amor, e os encontros e desencontros entre as pessoas. 

No último episódio que (re)vi de "How I met your mother" o protagonista, Ted Mosby, está a sair com uma mulher há dois meses e diz aos seus amigos, e para grande surpresa deles, que ainda não tiveram sexo. Mas na verdade esta mulher com quem ele está a sair já não tem sexo há cinco anos. E logicamente a surpresa foi ainda maior. A explicação é que a senhora teve uma filha, e depois disso saiu com algumas pessoas, mas foi complicado encontrar alguém em quem voltasse a confiar, e mais tarde ou mais cedo, todos eles lhe deram motivos para não avançar. "Mas ninguém em cinco anos"? Mas é então que a senhora, a personagem Stella diz (e a tradução é minha):



"Os gaijos arrependem-se das gaijas que não comeram; as mulheres arrependem-se dos gaijos com quem foram para a cama"

Ora bem, como tudo, isto não se pode generalizar. E se fosse há uns vinte ou trinta anos, eu até poderia achar que esta afirmação poderia estar próxima da verdade, mas nos últimos tempos, a verdade é que a maioria das mulheres está a ficar cada vez mais parecida com os homens que antes eram tão criticados. E já não me parece que as mulheres estejam muito mais preocupadas que os homens em encontrar pessoas "especiais" no que ao sexo diz respeito.

A mulher passou a ter independência financeira e deixou de depender exclusivamente de um bom casamento. Inventou-se a pílula e a mulher deixou de ter o medo de ter uma gravidez indesejada, A igreja deixou de ter qualquer influência, e o que não faltam para aí são lojas e feiras de sexo, muito mais orientadas para as mulheres, com brinquedinhos para todos os gostos. A mulher deixou de ter pudor ou achar que é errado masturbar-se. Hoje a mulher não tem grande pudor em mostrar que tem tesão, que gosta de ver pornografia, que quer foder, e que quer tanto ou mais que qualquer outro homem, e às vezes até deseja fazê-lo com mais do que um ao mesmo tempo.

Daí que seja muito normal que a mulher como ser sexual, esteja cada vez mais parecida com os homens. Os homens não são todos iguais, tal como as mulheres também não são. Mas grande parte das mulheres, está cada vez mais igual aos homens que eram tão criticados até há pouco tempo. Cada vez mais, grande parte das mulheres, se têm uma oportunidade de faturar, passam faturas a torto e a direito, e é à vontade do freguês, com ou sem número de contribuinte! Hoje em dia as mulheres têm tantos comportamentos reprováveis e traem tanto ou mais que os homens, e bem ao contrário da nossa personagem da série, que busca um homem em quem confie, e que ache que a merece.

Mas volto a sublinhar que as mulheres não são todas iguais, tal como os homens também não são todos iguais. E o que eu acho é que, cada vez mais a questão da integridade ou da vulgaridade, não é uma questão de género, mas sim da consciência individual de cada um. 

Refletindo agora um pouco no meu caso, a verdade é que já me aconteceu no passado, ouvir uma espécie de diabinho na minha cabeça, a dizer-me o quanto fui parvo. Pôr-me com questões de princípios e resistir a mulheres atraentes ( e não é fácil) com quem poderia ter tido umas belas experiências, só porque estava a pensar mais nelas que em mim. E na verdade, muitas vezes essa tem sido a história da minha vida, preocupar-me mais com os outros que comigo. Afinal eu era livre, não devia satisfações a ninguém, elas é que tinham outras pessoas, logo, elas é que poderiam ter de conviver com o remorso e a culpa e não eu.

Mas claro que um homem nunca confessa isto, principalmente a outros homens. Jamais em tempo algum! Gaijo a sério come tudo o que mexe, sem qualquer escrúpulo, e tudo que vem à rede é peixinho do bom para comer, seja peixe com muitas espinhas, muito gordo, magro ou rico em Omega 3! Mas tal como dizia acima, também hoje em dia muitas mulheres se o soubessem, ficariam escandalizadas. O quê? um gaijo se põe com muitas esquisitices para não comer uma gaija interessante que se está a oferecer só porque é comprometida? Certamente que a minha sexualidade seria logo posta em causa, porque é tudo uma questão de expectativas. Gaijo que não salta para cima de uma mulher mal tenha oportunidade só pode mesmo ser homossexual! O que vale é que eu nunca liguei muito para o que os outros pensam ou deixam de pensar, e ainda por cima, sempre estive muito seguro da minha sexualidade, que aliás só a mim diz respeito.

Mas na verdade hoje de nada me arrependo. Nem do que aconteceu nem do que deixou de acontecer. As coisas aconteceram quase sempre como deveriam ter acontecido. E depois, uma pessoa, seja homem ou mulher, pode-se medir pelos comportamentos, pelo caráter, mas nunca pelo número de fodas que deu ou deixou de dar. 

terça-feira, 14 de julho de 2015

Já nos cruzamos por aí...

É muito curioso quando nos damos conta que, alguém que conhecemos hoje, já se cruzou connosco no passado num outro sítio qualquer. Pode até ter-nos passado à frente, podemos até ter esbarrado nessa pessoa, podemos não a ter visto, ou podemos ter olhado com muita atenção, num vislumbre que não mais recordaremos, como num sonho que esquecemos ao acordar. Mas um dia, em conversa, descobrimos que aquela pessoa, seja nossa colega de trabalho, nosso amigo, seja a pessoa por quem nos apaixonamos,  essa pessoa, que achamos que nunca tínhamos visto antes, afinal já se cruzou connosco no passado, num sítio qualquer.  

E isto é algo que me tem acontecido recorrentemente, uma e outra vez. Algumas histórias são quase mirabolantes. Como aconteceu quando tirei uma fotografia ao nosso grupo de amigos à saída de um concerto (de Cradle of Filth) e bem mais tarde, quando olhamos para aquela fotografia com atenção, e vemos ali a cara de uma pessoa, que ali ficou por acaso, e constatamos que essa é uma pessoa que até estamos a conhecer e a sair naquele momento, e que até vivia bem longe de nós na altura. 

Por estes dias foi com uma improvável colega de trabalho. De-mo-nos conta disso, enquanto estávamos em amena cavaqueira, a falar de música - ela que até é DJ - e me dizia que até gosta de Rammstein, Marilyn Manson, mas deixava bem claro que não gostava de Metal, que já tentou ouvir e tal, mas que não gostava, quase como se fosse pecado gostar de tal coisa, quase como se fosse um fetiche sexual inconfessável que desmentimos frontalmente! Mas subitamente, numa sucessão de músicas que meteu, escolhe um vídeo de Cradle of Filth (que se pode ver abaixo) e diz-me que esteve num concerto no Hard Club em que nós também lá estivemos!



Assim só por mero acaso, Cradle of Filth terá sido uma das bandas que mais me marcou, e que mais vezes terei ouvido os seus álbuns, ainda no tempo da cassete e do Walkman, virando a cassete de um lado para o outro. E a nossa improvável colega de trabalho, que diz não gostar de Metal, já esteve num concerto de Cradle of Filth! O que é que ela estaria a fazer ali afinal? Não lhe perguntei nem interessa. O que é interessa é que, improvavelmente, já nos cruzamos por aí.   

terça-feira, 7 de julho de 2015

Vem morte...

"Vem morte, tão escondida, 
que eu não te sinta chegar, 
para que o prazer de morrer 
não me dê novamente a vida."




* Citação de Teresa D'Ávila / Fotos de minha autoria retiradas de um cemitério

sábado, 4 de julho de 2015

Para os meus braços

Por estes dias chegaram-me às mãos um conjunto de CD que até já havia comprado no ano passado - Sim, parece impossível, mas é verdade, no ano passado! porque eu não sou muito apressado em ter as coisas no exato momento em que as desejo; não quero ler o livro na diagonal para chegar rapidamente à última página para saber como ele acaba sem ter percebido metade da história; nem vou logo a correr tratar de saber como termina aquela série que tanto gosto, na verdade, até só vi o final de Lost mais de um ano depois da série acabar, e poderia facilmente, à distância de um clique fazer o download ilegal, mas não, acabei por comprar toda a série. Não, porque para mim o prazer não está em chegar rapidamente ao clímax, tudo tem o seu tempo, tudo tem o meu tempo, e para para mim o prazer das coisas está no caminho que fazemos para lá chegar a elas - e então também não estava muito preocupado em receber logo os CD, que até foram comprados por uma quantia meramente simbólica. Eles haveriam de me chegar às mãos quando se calhar até já me tivesse esquecido deles, e depois ficaria de novo contente por os ter sem estar à espera, como até foi o caso. É um conjunto de CD onde podemos ouvir Rock, Gótico e cenas alternativas dos anos 70, 80 e 90. 

Num desses CD, um Best of de Nick Cave & The Bad Seeds fui reencontrar "Into my arms", música que faz todo o sentido ouvi-la  hoje, e não há um ano atrás.




I don’t believe in an interventionist God
But I know, darling, that you do
But if I did I would kneel down and ask Him
Not to intervene when it came to you
Not to touch a hair on your head
To leave you as you are
And if He felt He had to direct you
Then direct you into my arms

Into my arms, O Lord
Into my arms, O Lord
Into my arms, O Lord
Into my arms

And I don’t believe in the existence of angels
But looking at you I wonder if that’s true
But if I did I would summon them together
And ask them to watch over you
To each burn a candle for you
To make bright and clear your path
And to walk, like Christ, in grace and love
And guide you into my arms

Into my arms, O Lord
Into my arms, O Lord
Into my arms, O Lord
Into my arms

But I believe in Love
And I know that you do too
And I believe in some kind of path
That we can walk down, me and you
So keep your candles burning
And make her journey bright and pure
That she will keep returning
Always and evermore

Into my arms, O Lord
Into my arms, O Lord
Into my arms, O Lord
Into my arms

Into my arms / Nick Cave / 1997

Já pensaste em ir para a política?

Por acaso nunca tinha pensado. Mas uma das minhas colegas de trabalho, já por mais que uma vez, normalmente quando me apanha a conversar com alguém na cantina, pergunta-me se eu nunca tinha pensado em ir para a política. Esta minha colega integra a lista de deputados pelo movimento a que aderiu recentemente, e curiosamente, é um dos partidos em quem eu poderei equacionar votar nas próximas legislativas. As outras duas opções serão: ou votar nulo, dando largas à minha imaginação no boletim de voto, ou então, a minha preferida, pegar no boletim de voto, rasgá-lo aos bocadinhos, e metê-los cuidadosamente lá dentro da urna de voto. Sem dúvida que esta seria a melhor forma de eu conseguir fazer passar a mensagem, e depois, confesso que também me agrada o jogo cénico e a carga dramática do efeito choque! 

Mas desta última vez isto deixou-me a pensar. Faria algum sentido alguém como eu, que nem sequer é democrata, apoiar um movimento partidário? Faria algum sentido estar num partido, quando nenhum partido político representa o que eu penso sobre como deveria ser a sociedade? Por outro lado, neste sistema em que vivemos, só podemos mesmo tentar mudar alguma coisa aliando-nos ao inimigo, convivendo com ele na sua caverna, para tentar interferir na escolha do "gato" que reinará sobre os "ratos".




De facto nunca tinha pensado ir para a política, e ainda nem sei bem que pense disso. Sou livre, ao menos sou-o na minha cabeça, gosto de pensar, analisar, gosto de tirar as minhas conclusões, não sou de ir em grupos nem de seguir a carneirada.  

"Ao menos há por lá gaijas"? perguntei à minha colega.