Por estes dias chegaram-me às mãos um conjunto de CD que até já havia comprado no ano passado - Sim, parece impossível, mas é verdade, no ano passado! porque eu não sou muito apressado em ter as coisas no exato momento em que as desejo; não quero ler o livro na diagonal para chegar rapidamente à última página para saber como ele acaba sem ter percebido metade da história; nem vou logo a correr tratar de saber como termina aquela série que tanto gosto, na verdade, até só vi o final de Lost mais de um ano depois da série acabar, e poderia facilmente, à distância de um clique fazer o download ilegal, mas não, acabei por comprar toda a série. Não, porque para mim o prazer não está em chegar rapidamente ao clímax, tudo tem o seu tempo, tudo tem o meu tempo, e para para mim o prazer das coisas está no caminho que fazemos para lá chegar a elas - e então também não estava muito preocupado em receber logo os CD, que até foram comprados por uma quantia meramente simbólica. Eles haveriam de me chegar às mãos quando se calhar até já me tivesse esquecido deles, e depois ficaria de novo contente por os ter sem estar à espera, como até foi o caso. É um conjunto de CD onde podemos ouvir Rock, Gótico e cenas alternativas dos anos 70, 80 e 90.
Num desses CD, um Best of de Nick Cave & The Bad Seeds fui reencontrar "Into my arms", música que faz todo o sentido ouvi-la hoje, e não há um ano atrás.
I don’t believe in an interventionist God
But I know, darling, that you do
But if I did I would kneel down and ask Him
Not to intervene when it came to you
Not to touch a hair on your head
To leave you as you are
And if He felt He had to direct you
Then direct you into my arms
Into my arms, O Lord
Into my arms, O Lord
Into my arms, O Lord
Into my arms
And I don’t believe in the existence of angels
But looking at you I wonder if that’s true
But if I did I would summon them together
And ask them to watch over you
To each burn a candle for you
To make bright and clear your path
And to walk, like Christ, in grace and love
And guide you into my arms
Into my arms, O Lord
Into my arms, O Lord
Into my arms, O Lord
Into my arms
But I believe in Love
And I know that you do too
And I believe in some kind of path
That we can walk down, me and you
So keep your candles burning
And make her journey bright and pure
That she will keep returning
Always and evermore
Into my arms, O Lord
Into my arms, O Lord
Into my arms, O Lord
Into my arms
Se há coisa que invejo nos outros é essa capacidade de saborear tudo com tempo. Confesso que já espreitei a última página de um livro ou até mesmo o final de um filme, mas luto para contrariar esta vida corrida. Demasiado corrida.
ResponderEliminarQuanto à música, é uma das minhas preferidas.
Boa semana.
Olá Anónimo(a) bem-vindo(a) e obrigado pelo comentário.
ResponderEliminarNesta sociedade, cada vez há menos tempo para o que quer que seja. Inventam-se cada vez mais coisas, supostamente para nos fazer perder menos tempo, até existem "máquinas diabólicas" em que basta atirar lá para dentro os alimentos que fazem logo o jantar. Mas ironicamente, cada vez mais somos reféns da falta de tempo para as coisas que são verdadeiramente importantes para cada um de nós. E cada vez mais ouvimos as pessoas queixarem-se disso mesmo "não tenho tempo para mim".
Depois, se por um lado é muito comum haver pessoas como eu, que saboreiam uma qualquer iguaria com muita calma, ou que andam com o mesmo CD no carro durante um mês até quase conhecerem quase todos os pormenores das músicas, por outro lado, já me sinto um pouco alienígena na questão da quase paciência de chinês que tenho de esperar por algo... Não acho que seja defeito, acho que é mesmo feitio.
Eu sempre gostei de músicas que mexam comigo. Para mim isso é que é boa música, seja de que género for. Que me deixem estupidamente alegre, eufórico, numa enorme descarga de adrenalina que me apeteça partir (metaforicamente) tudo que apareça à frente, ou então, como no caso desta, que me deixou profundamente triste.
Para mim é urgente sentir.
Tem uma boa semana também.