Quando o vi subir para cima do carro fúnebre foi quase como se de uma pessoa se tratasse. Como se me tivessem arrancado um bocado de mim.
Disse-me uma das pessoas que melhor me conhece, há cinco anos, que eu não me deveria ligar tanto às pessoas, porque depois, mais à frente, isso acabaria sempre por me causar sofrimento. Tem razão. Eu ligo-me demasiado às pessoas e acabo muitas vezes com um sentimento de perda. Mas eu teria que deixar de ser Eu e passar a ser uma outra coisa qualquer para deixar de me ligar tanto às pessoas que deixo aproximarem-se demais.
Disse-me uma das pessoas que melhor me conhece, há cinco anos, que eu não me deveria ligar tanto às pessoas, porque depois, mais à frente, isso acabaria sempre por me causar sofrimento. Tem razão. Eu ligo-me demasiado às pessoas e acabo muitas vezes com um sentimento de perda. Mas eu teria que deixar de ser Eu e passar a ser uma outra coisa qualquer para deixar de me ligar tanto às pessoas que deixo aproximarem-se demais.
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Mas há que perceber quando já é tempo de deixar as coisas ir... e eu tinha mesmo que deixá-lo ir. Desta estava decido, não voltaria atrás, e nem sequer autorizei que o ligassem às máquinas ou quis entrar para uma lista de espera para um transplante motor. Autorizei simplesmente que os seus órgãos pudessem salvar outros cavalos da sua raça.
Isto não tem necessariamente que ver com o dinheiro, apesar deste nunca ser de menosprezar e logicamente que isso também me aborrece. Mas tem essencialmente que ver com as memórias que aquele carro carregava. Todos os sítios para onde me levou: da Galiza ao Algarve, de Aveiro a Cidade Rodrigo, de Bragança a Castelo Branco, de Lisboa a Sintra. E as memórias de todas pessoas que se sentaram naquele lugar do pendura... e todas as histórias que passamos juntos.
Eu ligo-me demasiado às pessoas mas às coisas também. Mas, quem sabe, talvez também os carros um dia reencarnem noutra coisa qualquer e ganhem vida, e, um dia, quando eu também voltar ao que era antes de ser o que sou hoje, quem sabe, ainda nos possamos reencontrar por aí. Até sempre Cavalo Preto.
Não fiques triste. Onde quer que ele esteja, está bem e a olhar por ti... 😅😅😅
ResponderEliminarEspero bem que sim!
EliminarCavalo Preto. Que nome giro para um carro.
ResponderEliminarGosto muito.
Sinto muito que tenha perdido o seu carro amigo.
Identifico-me consigo quando diz que é uma pessoa que se liga demasiado às pessoas e às coisas. Infelizmente sentir demasiado apego a alguém ou a algo, pode realmente trazer-nos sofrimento, se esse alguém ou essa coisa, um dia deixarem de fazer parte da nossa vida. Eu acho que nunca se está preparado para a perda de algo ou de alguém de quem gostamos muito.
Seria muito giro que um carro pudesse reencarnar e ganhar vida, mas tal implicaria que um carro pudesse "alojar" uma alma tal como o ser humano e os animais. Lembrei-me neste instante dos "Transformers", dos desenhos animados e mais recentemente do cinema. Os carros que falam e que possuem alma. Muito fixes!