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domingo, 3 de março de 2024

Conversas Improváveis (81) - Sabes Como se Acaba com a Pedofilia na Igreja?


 Não raras vezes saímos do treino e depois ficamos, de forma muito inteligente, na rua, suados ao frio (ainda que este inverno de 2024 esteja a ser - mais uma vez - o mais quente de sempre) a conversar, seja dos nossos projetos futuros para o clube - pois é, acho que ainda não contei aqui que mudei de clube há coisa de um mês e pico - ou então a conversar de outros assuntos que estão na ordem no dia, como a detenção do Macaco e a máfia no FC Porto ou o estado da Justiça em Portugal. 

Desta vez falava-se do estado da justiça e eu lembrei o caso desta semana em que, um GNR que se apropriou de  um papagaio estimado em 250€ e apanhou 26 meses de prisão. Já o padre que estava acusado de tentativa de coação sexual de menor foi condenado a 23 meses de prisão. Para a justiça portuguesa, é mais grave um passarinho de 250€ do que um padre aliciar um menor para sexo. 

E, apesar de há já algum tempo ir convivendo com estes colegas, com todos pelo menos há mais de um ano, mas a verdade é que não sei tanto assim deles. Vamos aos treinos, vamos aos torneios e organizamos torneios mas, basicamente, é isso.

O meu colega, que tem mais de cinquenta anos, ainda acrescentou que em jovem, ainda andou a estudar para padre, uns dois ou três anos, mas que para além de não ter qualquer vocação para aquilo, depois que se interessou rapidamente por uma namorada, desistiu logo daquilo! 

A conversa vai-se desenrolando e, de repente, quando falo na aberração do celibato dos padres o meu colega pergunta: tu sabes quando é que os padres deixaram de poder casar e ter as mulheres que lhes apetecesse?  

Bom, já não tenho isso bem presente esse momento na História, respondi. 

"O meu filho está a estudar isso agora, e toda a gente sabe porque estudou na escola. Os padres sabem-no mas não mudam. O protestantismo estava a avançar na Europa por causa dos escândalos da Igreja (e eu bem me lembro de ter estudado, talvez no 8ºano sobre Lutero, Calvino e a Bula das Indulgências) e então, para travar esse avanço dos protestantes fez-se a Contra Reforma e apareceu a Inquisição".

Bom, a verdade é que, daquilo que eu estudei na escola (e tenho que ir pegar no livro certo em que estudei essa matéria) mas não me lembro de o celibato ter sido uma imposição por alturas da Contra Reforma contra o Protestantismo. E, de facto, é uns séculos anterior. Este movimento da Contra Reforma é do século XVI, ao passo que a obrigatoriedade do celibato na Igreja passou a ser obrigatória a partir do século XII. Até aí os padres podiam casar e ter as mulheres todas que quisessem.  E o argumento que dei ao meu colega foi que, deixaram de poder casar para manter as posses na Igreja e não as transmitir por herança.

É sabido que os homens fodem o dinheiro todo com as mulheres, ora, se pudessem casar, ainda iriam ter que deixar tudo o que amealharam durante toda uma vida, por herança, aos filhos! Vamos mas é obrigar os padres à aberração do celibato - nem se podem aproximar das mulheres! - que assim a riqueza fica toda na Igreja! 

A conversa concluiu-se depois com a pergunta: tu sabes como é que se acaba com a pedofilia na Igreja?

Fazendo com que toda a gente abandone a Igreja. 

Tem razão o meu colega. Se ninguém permitir que os filhos vão à Igreja, acabam-se num instante os abusos sexuais dos padres. 

domingo, 6 de setembro de 2020

Em Defesa da Liberdade de Ser Mau Cidadão

O tema fraturante da semana veio diretamente do túmulo de Ramsés Cavaco Silva. A notícia era que Cavaco, Passos Coelho e bispos pedem objeção de consciência para as Aulas de Cidadania. Quando soube fiquei intrigado porque eu nem sequer sabia que hoje em dia se tem esta aula na escola, afinal, há muitos anos que deixei de estudar e não tenho filhos para saber o que por lá se passa. Então fui ver o que é que poderia estar mal, para esta gente tão ilustre da direita assinar um manifesto pelo fim destas aulas. 



Ora bem, estou aqui no site da Direção Geral e o que é que diz aqui? Que as áreas temáticas são as seguintes:

- Dimensão Europeia da Educação
- Educação Ambiental
- Educação do Consumidor
- Educação Financeira
- Educação Intercultural
- Educação para a Segurança e a Paz
- Educação para a Igualdade de Género
- Educação para o Risco
- Educação para o Desenvolvimento
- Educação para o Empreendedorismo
- Educação para o Voluntariado
- Educação para os Direitos Humanos
- Educação para os Média
- Educação Rodoviária
- Educação para a Saúde e Sexualidade

Olhando para isto eu diria que se fosse pai tudo isto me parece muito bem. Quem me dera, se calhar, que no tempo tempo a escola tivesse tempo para me ensinar coisas além do Português e da Matemática e das outras disciplinas todas. Mas se prestarmos atenção, o que salta logo à vista é que quatorze das quinze áreas temáticas começam todas por "Educação" e parece-me que é isto que incomoda muito conservadores e Igreja. 

Ser conservador é querer conservar. Que tudo seja como sempre foi. Mas quando os conservadores querem acabar com as aulas de cidadania já não estão a conservar, estão a querer destruir o que de bem se fez. Nesse momento já deixaram de ser conservadores e passaram a ser reacionários.

No fundo o que conservadores e Igreja querem é que o povo seja ignorante, porque um povo ignorante à partida mais facilmente é manipulável. O que esta gente quer é o regresso à instrução primária (que Passos e Portas trouxeram de novo o exame, coisa única em toda a Europa) e uma enxada para trabalhar. Querem que as pessoas tenham poucos estudos, mas é para outros, os pobres, aqueles que a Cristas para visitar tinha que vestir umas calças de ganga, porque os filhos deles, esses têm que ir para a universidade, nem que seja privada, porque quem pode pagar é sempre gente de bem. 


Enquanto isso nesta mesma semana e no Portugal da Idade Média do século XXI um padre católico de Alcobaça no Jornal Alcoa incita a que se queimem livros! Pois, certamente que até deveria ser proibido aos pobres saber ler e escrever e a missa deveria ainda ser dita em Latim para ninguém perceber absolutamente nada e não ousar questionar o que está escrito! Ah, e a Inquisição deveria voltar, e deveriam queimar na fogueira toda essa gente maluca que se põe a ler livros!



A "liberdade de escolha" que há um ser objetor de consciência nas aulas de cidadania é a liberdade que há em ser mau cidadão

terça-feira, 15 de outubro de 2019

do Triste Temor a Deus

"Fui ensinado a viver sem alegria nem otimismo nenhuns. Para a minha infância, minha e de toda uma burguesia ocupante, o sofrimento era a única razão de viver, mas como obviamente, nós não sofríamos lá grande coisa, havia que construir um mundo de sofrimento que justificasse toda uma conceção roxa e quaresmal da vida, quiçá da história. Onde as pessoas se sentiam verdadeiramente bem era depois das Cinzas, até sábado de Aleluia. Na quaresma se realizava, a pretexto da Paixão da Cristo, todo o adequado encontro entre o objeto homem e aquilo para que tinha sido feito: uma vida que era sofrimento e sacrifício. Isso era vivido em cada gineceu familiar. Antes de adiantarmos já trágicas conceções sobre a tremenda dor humana que, por hipótese lisonjeira, pudessem já estar a imaginar sobre o cenário de infância que me foi dado viver, quero desde já esclarecer que esta dor e este sofrimento não tinham grandeza nenhuma. Era uma tristeza geral e emoldurante que se manifestava em coisas mais ou menos ligadas ao aumento do custo de vida, ao pessoal que era cada vez  mais raro e exigente, aos costumes que se dissolviam a olhos vistos: as operárias já iam ao cabeleireiro e gastavam o dinheiro todo em permanentes. Coisas banais e mesquinhas, coisas mesmo inevitáveis como o frio que fazia no Inverno, mormente numa região montanhosa, ou o calor que fazia no Verão, eram imediato pretexto para os ais justificativos da nossa existência sofredora. A melhor notícia que se poderia dar nessa altura era uma desgraça, quanto mais próxima melhor. Um partir de uma perna, um desastre de automóvel, e então uma morte! Daí resultava que as pessoas se sentiam extraordinariamente importantes e realizadas era em dia de pêsames. No morte dum parente próximo cada um se sentia naquilo para que fora feito, talhando-se a jeito para que dissessem: "Ai", fulano. Era a própria imagem da dor!" (pág. 62)

"Peregrinação Interior - Reflexões sobre Deus" - Alçada Baptista (1971)

quarta-feira, 19 de junho de 2019

Os Dez Novos Mandamentos da Igreja de Roma



1 - Amar o Dinheiro Sobre Todas as Outras Coisas

2 - Não Invoques o Santo Nome de Ford em Vão

3 - Guarda os Domingos para Ires ao Centro Comercial

4 - Honra o Patrão e os Impostos

5 - Dispara Primeiro Pergunta Depois

6 - Fornica o Mais que Puderes

7 - Rouba os Mais Fracos que Tu

8 - Nunca Digas a Verdade

9 - Não Cobices a Honestidade

10 - Se os Teus Vizinhos Têm, Tu Deves Ter Ainda Melhor






sábado, 20 de abril de 2019

Dúvida Existencial 9 - Vaticano e Notre Dame

Já alguém sabe quantos milhões é que o Estado do Vaticano, dono e senhor de todas as igrejas católicas, e que tem dinheiro para acabar com a fome do mundo, vai aplicar na reconstrução da Notre Dame?


Imagem emprestada da net

domingo, 28 de janeiro de 2018

Abençoai-me Senhor Abade Que Eu Não Pequei

Ler sobre "pecado" no livro "Anti Cristo" do filósofo Nietzsche, entre outras coisas, tais como a primeira (ou segunda?) namoradinha, muito loira de cabelos naturais (ainda mais que a outra primeira ou segunda) e que estudava num colégio de freiras e andava, aos quatorze anos, a ler o Anti Cristo e queria ir estudar artes para a Soares dos Reis, fez-me lembrar do dia em que pela primeira vez tive de ir ao padre confessar-me antes de fazer a primeira comunhão.

Aos oito anos eu era uma criança extremamente bem comportada, bom aluno, e que, mesmo olhando com os olhos castradores da Igreja, para quem quase tudo é pecado, dificilmente teriam algo com que me ameaçar como fogo do Inferno. Sim, nesse tempo ainda havia fogo do Inferno, entretanto é que a Igreja Católica veio dizer que já não há. Não sei que terá acontecido. Uma coisa é certa, certamente que não foi por falta de clientes que o Inferno fechou o tasco. Má administração também não creio, uma vez que certamente nenhuma empresa encontraria CEO mais ardiloso que Satanás! Talvez nunca ninguém descubra afinal porque diabo o Inferno fechou portas! Estou mesmo em crer que este será mais um dogma da religião católica, e como bem sabemos os dogmas não se questionam, assumem-me como boas ovelhas amestradas e pronto.

Agora não há Inferno mas no meu tempo de criança havia. E tínhamos de nos ir confessar pela primeira vez, depois de dois anos de catequese e antes de fazermos a Primeira Comunhão. E eu lá fui, pela primeira vez ao confessionário, falar com o Padre Alberto, que era careca e usava uns óculos de massa e lentes de fundo de garrafa retangulares. 

"Abençoai-me senhor abade que eu não pequei" era o que lhe podia ter dito. E na verdade não lhe disse nada, tão simplesmente porque eu não tinha pecados para lhe confessar em segredo. 

Mas como a Igreja não admite que uma criança de oito ano não tivesse pecados, de preferência deveria era ter muitos e cabeludos, vim para casa, com o recado que depois me deveria apresentar de novo ao senhor abade, a saber confessar-me devidamente.

Vistas bem as coisas e a esta distância, quem supostamente deveria dar formação sobre como é que uma criança se deve ou não confessar deveria ser o padre e não os pais. O padre é que deveria dar uma lista com todas as coisas que poderiam ser consideradas pecado e as outras (quase nenhumas!) que não o eram. Mas tudo bem. Não houve grande problema. Chegado a casa e depois de ter informado a minha mãe que tinha chumbado nessa prova de mostrar como tinha muitos pecados (acho até que só eu e outro é que "não nos soubemos confessar") a minha mãe rapidamente tratou de elaborar uma bela lista de coisas consideradas "pecado" aos olhos da igreja, para que então, quando me apresentasse de novo ao padre Alberto, já tivesse uma bela lista de pecados para ele ouvir e ver como de facto eu já me sabia confessar devidamente. A ironia disto tudo é que o padre, basicamente o que fez, foi instruir a minha mãe a ensinar-me a mentir-lhe. A religião é mesmo uma coisa linda não é?

Mas agora ainda há outra coisa muito engraçada. Se a Igreja Católica já decretou o fim do Inferno, e infelizmente quando morrer já não irei ser recebido no Inferno por nenhuma Diaba, de chifres, toda boa, que me receba para uma bela orgia - que chatice! - então, porque raio é que as pessoas continuam a ter de se confessar se já não há o risco de irem arder no fogo eterno? Se já não há qualquer temor que seja sobre ser castigado, então para quê continuar ir ao confessionário e a ter de rezar duas ou três Avé Marias para ser perdoado? É muito parvo não é? Acho que a malta lá do Vaticano se esqueceu deste pequeno pormenor...

sábado, 11 de fevereiro de 2017

O Terrorismo das "Aparições de Fátima"

O Papa Francisco vem aí para visitar Fátima. 
Vem, como vieram todos os seus antecessores: Bento XV, Pio XI, Pio XII, João XXIII, Paulo VI, João Paulo I, João Paulo II e Bento XVI.

Fátima, para quem aqui possa aterrar e não saiba, é uma freguesia, entretanto elevada a cidade do distrito de Santarém, sede de diocese com a cidade de Leiria (fica a 20 Km), onde se tratou de inventar, em 1917 (faz este ano cem anos) que no local da Cova da Iria, por ali Maria, mãe de Jesus, apareceu a três pequenas crianças. 

E os Papas, todos eles, vêm sempre cá a Portugal, várias vezes, precisamente porque Fátima, entretanto considerado o "Altar do mundo", porque é uma das maiores Off-shores do Vaticano! E Fátima, além de ser a mentira mais vezes repetida em Portugal nos últimos cem anos, é também um grande negócio.

Grandíssimo negócio desde logo para a Igreja mas grande negócio também para quem comprou aqueles terrenos e por lá abriu restaurantes e hotéis. Ainda por estes dias se noticiava que estavam para alugar quartos a cinco mil euros! "Dar de comer e beber a quem tem sede" mas desde que pague muito bem! Típico comportamento de bom cristão!

E especialmente, só para chatear o nosso querido Presidente da República, que, entre dentes, já disse que, apesar do nosso país ser um Estado laico! não quer a discussão da Eutanásia antes de Maio - não vá o santo padre do pau oco ficar ofendido! - aqui deixo algumas passagens dum livro que tenho, intitulado "Fátima Nunca Mais" do Padre Mário de Oliveira: 

Via Pinterest
Entretanto, quando, na SIC, respondi que não acreditava nas aparições de Fátima, mais não fiz do que retomar hoje a mesma atitude que a Igreja Católica em Portugal tomou entre 1917 e 1930. Na verdade, durante 13 anos, também ela não acreditou nas aparições de Fátima. E podia ter-se apressado a reconhecê-las, porque, até então, eram já muitos os milhares de pessoas que acorriam a Fátima, entre 13 de Maio e 13 de Outubro, de cada ano. E, inclusive, havia já ocorrido o chamado "milagre do sol", no dia de Outubro de 1917.

Porém, só em 1930 é que a igreja Católica reconhece Fátima. Um reconhecimento oficial a que não terá sido alheio o facto de ter saído vitorioso o golpe militar de 28 de Maio de 1926.
O novo regime, obscurantista católico, saído deste golpe militar e presidido pela dupla Salazar-cardeal Cerejeira, carecia de uma coisa assim, para mais facilmente se implantar nas populações. A Senhora de Fátima, com a mensagem retrógrada, moralista e subserviente que lhe é atribuída e que, ainda hoje, vai tão ao encontro da generalidade dos nossos funcionários eclesiásticos católicos e do paganismo religioso-católico das nossas populações, vinha mesmo a matar. Nem sequer era preciso esforçar-se por arregimentar as populações à volta do clero. Bastava ir ao seu encontro, todos os meses, em Fátima. 

Vai daí, em lugar de continuar a demarcar-se do fenómeno e até a hostilizá-lo, a hierarquia maior da Igreja Católica, em 1930, mudou radicalmente de estratégia e reconheceu-o e canonizou-o como sobrenatural. Terá percebido nessa altura que, se não adiasse mais esse reconhecimento, os lucros seriam enormes, como, efetivamente, foram. Lucros financeiros. Lucros políticos. Lucros clericais. Lucros eclesiástico-católicos. (...)

Só que Fátima e as suas pretensas aparições resumiam-se, nessa altura a praticamente nada. Para cúmulo, das três crianças que, em 1917, afirmavam a pés juntos que tinham visto Nossa Senhora - uma delas, Francisco, nunca ouviu nada e tanto ele, como sua irmã, Jacinta, nunca disseram uma palavra que fosse à senhora das "aparições", apenas Lúcia foi a protagonista, o que prova que até nas "aparições do Céu" há descriminação!...-duas delas já tinham morrido, há uns dez-onze anos, de pneumónica.(...)

Entretanto, alguns clérigos mais fanáticos do catolicismo obscurantista e moralista de então - eles viam nas "aparições de Fátima" não a presença do demoníaco, como elas efetivamente são, mas sim a presença do divino, e até um verdadeiro milagre do céu - haviam conseguido arrastar a pequenita Lúcia, poucos anos depois de 1917, para fora da sua aldeia e encurralaram-na, primeiro, no Asilo de Vilar, no Porto, e, depois, num convento da Galiza. Foram ao ponto de lhe arrancar o nome (é o mesmo que tirar-lhe a identidade) e passaram a chamar-lhe - imagine-se! - Irmã Maria das Dores. Ao mesmo tempo , proibiram que alguma vez falasse a alguém das "aparições". 
(...)

Quem lê as "Memórias da Irmã Lúcia", nomeadamente, a primeira, a terceira e a quarta, nas quais ela nos faz o retrato da pequenina Jacinta e do pequenino Francisco, seus primos e companheiros nas chamadas aparições de Fátima, não pode deixar de ficar horrorizado. Os testemunhos foram escritos, bastantes anos depois da morte das duas crianças, respetivamente, entre 1935 e 1941, e em obediência ao Bispo de Leiria de então.

De tudo quanto escreve Lúcia sobre Jacinta e Francisco (quem não leu o livro não deveria deixar de o fazer, porque ele é, provavelmente, o mais vigoroso testemunho contra a veracidade das chamadas aparições de Fátima, embora ela ao escrevê-lo, o fizesse, evidentemente, com a manifesta intenção de lhes dar completa autenticidade e fundamento!), uma conclusão salta de imediato à vista: as duas crianças terão morrido de terror, de fome e de sede. Não porque as famílias não tivessem recursos materiais mínimos, que felizmente tinha, mas porque ambas foram catequizadas para se privar de tudo o que lhes fazia falta, como forma de sacrifício pela conversão dos pecadores. O que é objetivamente terrorismo. E um crime contra a vida de duas crianças indefesas, ainda sem capacidade de resistência crítica. (...)

É manifesto, nas páginas do livro, que a menina e seu irmão nasceram e cresceram no seio de um catolicismo assim Foram obrigados a beber no leite materno uma catequese terrorista que só falava de castigos de Deus, de Inferno e de pecadores que vão para o Inferno por causa dos pecados que cometeram, do género - imagine-se! - não ir à missa ao Domingo, falar mal, dizer asneiras, fazer pequenos furtos, atirar pedras, jurar. (...)

As três crianças-pastores de rebanhos, Lúcia, Jacinta e Francisco, respiraram este ambiente agressivamente religioso, mas sem Deus. Ou melhor, de anti-Deus, já que o deus revelado em Jesus e Maria de Nazaré, como a mais espantosa e feliz boa notícia para a catequese familiar, nem na catequese paroquial, nem nas chamadas aparições da Senhora de Fátima, que Lúcia garante ter-lhes acontecido. 

De Deus, os três apenas sabiam que metia no Infernno os pecadores que não se confessassem, pelo menos antes de morrer. E sabiam também que a única coisa que O poderia levar a não castigar tão terrivelmente era eles disporem-se a fazer muitos sacrifícios pela conversão dos pecadores! (Há lá terrorismo maior?) (...)

Mais do que fazer aqui, na Universidade Nova de Lisboa, uma comunicação de fundo, optei por lançar umas quantas provocações, para um inevitável debate sobre o tema que me foi proposto: "Aparições e visões: quem nos livra delas?". Eis.

1. Se alguma vez virem Deus, matem-no de imediato! Porque, se não o matarem, depressa estão a adorar o fantasma que viram e que tomaram por Deus, e isso é pura idolatria. (...)

2. Os jornais e as TV que temos em Portugal e no mundo em geral, padecem de grande défice de teologia cristã. Percebem bastante de futebol e um pouco menos de certo tipo de economia - a neoliberal - mas de teologia cristã, nada. Há honrosas exceções, evidentemente. 

3. A Deus nunca ninguém O viu. Nem verá. É uma impossibilidade teológica. Apareça o primeiro teólogo cristão a desmenti-lo. (...)

4. Em nome da sanidade mental dos indivíduos e dos povos, precisamos urgentemente de ter coragem para queimar as nossas bíblias todas. Elas, mais do que tudo, são responsáveis por todos os delírios demencionais que, ao longo dos tempos, também hoje, têm atacado certas pessoas autopromovidas a 
videntes.(...)

5. A terminar, fica a pergunta: aparições e visões, quem nos livra delas?
Deveriam ser as Igrejas, mas estas, convertidas em empresas multinacionais da religião (não há nenhuma que não faça negócio em nome de Deus: e então as chamadas novas Igrejas, nem se fala!...), preferem aproveitar-se das visões e aparições. Algumas até se apresentam à gente autenticadas por uma aparição/visão que teria acontecido - tinha que ser! - ao seu fundador (geralmente alguém com queda para o negócio...)


domingo, 19 de outubro de 2014

PPPP na Igreja Católica

Muito se tem falado na Igreja Católica ultimamente. É nas televisões, nos jornais e na rádio, é quase impossível fugir das notícias dos mafiosos. 

Demitiram um Papa, contrataram outro santo para o efeito, e este movido agora pelo populismo de tentar recuperar os fieis perdidos, faz tudo o que seja preciso - mesmo que tenha de ser enrabado em público por um preto avantajado - para mostrar a todos, que o deus deles aprova estes comportamentos, que durante dois mil anos a igreja andou a dizer que quem o fizesse ia ser condenado ao eterno fogo do inferno!

A crise na Igreja Católica é muito grande, fala-se de inúmeras dioceses falidas! (o Porto é uma delas) e é preciso gastar-se muito dinheiro, digo eu, para uma diocese ir à falência! isto tendo em conta que todo o dinheiro que ganham provém de doações, e que não pagam qualquer imposto dos serviços prestados (casamentos, batizados, funerais, procisões) e que diga-se estão pela hora da morte.

Há então agora há que esconder a face de lobo mau e passar vestir a pele de cordeirinhos, para melhor indrominarem os crentes pouco esclarecidos. E tão simpático que este novo Papa aldrabão é! Há pois que alargar o espetro do maior número de clientes possíveis (os crentes, e que crentes que são!), principalmente dos que até agora lá não podiam sequer entrar.


Vai daí a igreja está a fazer uma verdadeira PPPP! Depois da parceria com as Putas, e foi graças a elas que durante os primeiros séculos o Vaticano encheu os cofres de dinheiro - o tal dinheiro que passaram a vida a dizer que as pessoas se têm de despojar, pois os ricos não entram no reino dos céus! - e depois dos Pedófilos, e a igreja está cheia deles, dos padres pedófilos - que melhor sítio para um pedófilo ir, se não uma igreja sempre rodeada de criancinhas? - e vai daí, completaram agora o círculo das PPPP e juntaram-lhe os Paneleiros! 

Esta "Nova Igreja" Católica é agora a casa das Putas, dos padres Pedófilos, dos Paneleiros e ainda dos mal-casados! Cabem todos agora! Como toda a gente que a igreja casa, "para sempre"e com a proteção divina, afinal se está a divorciar em massa, não convém nada que toda esta gente esteja impossibilitada de contribuir, e o que é preciso nos dias de hoje é contribuintes, seja no Estado, ou mesmo na santa igreja católica hipócrita romana.

"Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem." (Lucas 23, 34)

sexta-feira, 14 de março de 2014

Dia de Alegria Nacional

Alegre-mo-nos todos, pois hoje é um dia alegre. Morreu mais um rico cardeal da santa igreja católica apostólica romana. Devemos sempre alegrar-nos quando constatamos que a morte é a mais doce igualdade entre todos nós. Eles bem podem enriquecer a pulso, roubando e mentindo, e aproveitando-se da ingenuidade e crendice alheia, mas no fim de contas, isso de nada lhes vale, pois o fim deles, em nada difere do nosso. 

Logicamente que o governo teria de decretar dia de luto nacional. Chorar hoje Policarpo, como Cerejeira há cinquenta anos, faz sempre parte da chafurdice, entre Estado e Igreja Católica, em que vivemos. A laicidade do Estado é muito bonita de se apregoar, mas hoje, tal como nos tempos da ditadura, continuamos a ter a missa ao domingo na RTP, e todos os natais, lá vem o tempo de antena da igreja, na pele do santíssimo Cardeal-Patriarca de Lisboa. 

Policarpo, que ficou conhecido na opinião pública, por aconselhar as mulheres portuguesas a não casar com muçulmanos, afirmando que depois do casamento é uma carga de trabalhos. Logicamente que casando com um bom católico, a mulher será estupidamente feliz até que a morte os separe! 
O senhor, que ficou também conhecido por afirmar que o preservativo não é coisa boa - ele devia saber muito bem que não há nada como foder aux naturel!" -  além de se ter sempre insurgido contra as decisões políticas favoráveis ao casamento de pessoas do mesmo sexo e legalização do aborto, como se a Igreja fosse tida e achada sobre assuntos que não lhe dizem respeito.

Alegre-mo-nos. Este já não chateia mais!

P.S.: A brilhante ironia teológica de Mário de Oliveira, no seu comentário semanal intitulado: "O aneurisma do cardeal"

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Mortos pagam parquímetro

Eu, que não sou cristão, muito menos católico-apostólico-hipócrita-romano, nem sempre estou a par das novidades que vão acontecendo aqui nas paróquias das aldeias. Mas, por estes dias, tomei conhecimento que a paróquia vizinha, que até tem o mesmo padre daqui, regressou às verdadeiras bases do verdadeiro espírito católico e tomou uma medida verdadeiramente empreendedora.
Empresários: ponham os olhos nisto!


Então não é que decidiram criar parquímetros para os mortos? A ideia deve ser a seguinte, se um carro tem de pagar para estar estacionado, por que não um morto, que está na casa mortuária, que fizeram - convenientemente - dentro da igreja, não há-de também ele pagar por estar ali a ocupar espaço?

Estou em crer que desde a bula da indulgências, que basicamente mais não era que oferecer o perdão dos pecados em troca de bom dinheiro - para Deus claro, que a vida está cara e Deus também deve ter imensas despesas! - que a igreja não tinha ideia tão brilhante!

E a brincadeira não fica nada barata como convém! Cada morto paga 70€/dia!
Um carro se ficar 24h na zona mais cara do Porto, que é 1€ à hora, paga das oito às vinte 12€/dia. Um morto que ocupa bem menos espaço que um automóvel, paga quase seis vezes mais!

A igreja católica sempre na vanguarda do capitalismo.

Imagem via SCX.hu