sábado, 11 de fevereiro de 2017

O Terrorismo das "Aparições de Fátima"

O Papa Francisco vem aí para visitar Fátima. 
Vem, como vieram todos os seus antecessores: Bento XV, Pio XI, Pio XII, João XXIII, Paulo VI, João Paulo I, João Paulo II e Bento XVI.

Fátima, para quem aqui possa aterrar e não saiba, é uma freguesia, entretanto elevada a cidade do distrito de Santarém, sede de diocese com a cidade de Leiria (fica a 20 Km), onde se tratou de inventar, em 1917 (faz este ano cem anos) que no local da Cova da Iria, por ali Maria, mãe de Jesus, apareceu a três pequenas crianças. 

E os Papas, todos eles, vêm sempre cá a Portugal, várias vezes, precisamente porque Fátima, entretanto considerado o "Altar do mundo", porque é uma das maiores Off-shores do Vaticano! E Fátima, além de ser a mentira mais vezes repetida em Portugal nos últimos cem anos, é também um grande negócio.

Grandíssimo negócio desde logo para a Igreja mas grande negócio também para quem comprou aqueles terrenos e por lá abriu restaurantes e hotéis. Ainda por estes dias se noticiava que estavam para alugar quartos a cinco mil euros! "Dar de comer e beber a quem tem sede" mas desde que pague muito bem! Típico comportamento de bom cristão!

E especialmente, só para chatear o nosso querido Presidente da República, que, entre dentes, já disse que, apesar do nosso país ser um Estado laico! não quer a discussão da Eutanásia antes de Maio - não vá o santo padre do pau oco ficar ofendido! - aqui deixo algumas passagens dum livro que tenho, intitulado "Fátima Nunca Mais" do Padre Mário de Oliveira: 

Via Pinterest
Entretanto, quando, na SIC, respondi que não acreditava nas aparições de Fátima, mais não fiz do que retomar hoje a mesma atitude que a Igreja Católica em Portugal tomou entre 1917 e 1930. Na verdade, durante 13 anos, também ela não acreditou nas aparições de Fátima. E podia ter-se apressado a reconhecê-las, porque, até então, eram já muitos os milhares de pessoas que acorriam a Fátima, entre 13 de Maio e 13 de Outubro, de cada ano. E, inclusive, havia já ocorrido o chamado "milagre do sol", no dia de Outubro de 1917.

Porém, só em 1930 é que a igreja Católica reconhece Fátima. Um reconhecimento oficial a que não terá sido alheio o facto de ter saído vitorioso o golpe militar de 28 de Maio de 1926.
O novo regime, obscurantista católico, saído deste golpe militar e presidido pela dupla Salazar-cardeal Cerejeira, carecia de uma coisa assim, para mais facilmente se implantar nas populações. A Senhora de Fátima, com a mensagem retrógrada, moralista e subserviente que lhe é atribuída e que, ainda hoje, vai tão ao encontro da generalidade dos nossos funcionários eclesiásticos católicos e do paganismo religioso-católico das nossas populações, vinha mesmo a matar. Nem sequer era preciso esforçar-se por arregimentar as populações à volta do clero. Bastava ir ao seu encontro, todos os meses, em Fátima. 

Vai daí, em lugar de continuar a demarcar-se do fenómeno e até a hostilizá-lo, a hierarquia maior da Igreja Católica, em 1930, mudou radicalmente de estratégia e reconheceu-o e canonizou-o como sobrenatural. Terá percebido nessa altura que, se não adiasse mais esse reconhecimento, os lucros seriam enormes, como, efetivamente, foram. Lucros financeiros. Lucros políticos. Lucros clericais. Lucros eclesiástico-católicos. (...)

Só que Fátima e as suas pretensas aparições resumiam-se, nessa altura a praticamente nada. Para cúmulo, das três crianças que, em 1917, afirmavam a pés juntos que tinham visto Nossa Senhora - uma delas, Francisco, nunca ouviu nada e tanto ele, como sua irmã, Jacinta, nunca disseram uma palavra que fosse à senhora das "aparições", apenas Lúcia foi a protagonista, o que prova que até nas "aparições do Céu" há descriminação!...-duas delas já tinham morrido, há uns dez-onze anos, de pneumónica.(...)

Entretanto, alguns clérigos mais fanáticos do catolicismo obscurantista e moralista de então - eles viam nas "aparições de Fátima" não a presença do demoníaco, como elas efetivamente são, mas sim a presença do divino, e até um verdadeiro milagre do céu - haviam conseguido arrastar a pequenita Lúcia, poucos anos depois de 1917, para fora da sua aldeia e encurralaram-na, primeiro, no Asilo de Vilar, no Porto, e, depois, num convento da Galiza. Foram ao ponto de lhe arrancar o nome (é o mesmo que tirar-lhe a identidade) e passaram a chamar-lhe - imagine-se! - Irmã Maria das Dores. Ao mesmo tempo , proibiram que alguma vez falasse a alguém das "aparições". 
(...)

Quem lê as "Memórias da Irmã Lúcia", nomeadamente, a primeira, a terceira e a quarta, nas quais ela nos faz o retrato da pequenina Jacinta e do pequenino Francisco, seus primos e companheiros nas chamadas aparições de Fátima, não pode deixar de ficar horrorizado. Os testemunhos foram escritos, bastantes anos depois da morte das duas crianças, respetivamente, entre 1935 e 1941, e em obediência ao Bispo de Leiria de então.

De tudo quanto escreve Lúcia sobre Jacinta e Francisco (quem não leu o livro não deveria deixar de o fazer, porque ele é, provavelmente, o mais vigoroso testemunho contra a veracidade das chamadas aparições de Fátima, embora ela ao escrevê-lo, o fizesse, evidentemente, com a manifesta intenção de lhes dar completa autenticidade e fundamento!), uma conclusão salta de imediato à vista: as duas crianças terão morrido de terror, de fome e de sede. Não porque as famílias não tivessem recursos materiais mínimos, que felizmente tinha, mas porque ambas foram catequizadas para se privar de tudo o que lhes fazia falta, como forma de sacrifício pela conversão dos pecadores. O que é objetivamente terrorismo. E um crime contra a vida de duas crianças indefesas, ainda sem capacidade de resistência crítica. (...)

É manifesto, nas páginas do livro, que a menina e seu irmão nasceram e cresceram no seio de um catolicismo assim Foram obrigados a beber no leite materno uma catequese terrorista que só falava de castigos de Deus, de Inferno e de pecadores que vão para o Inferno por causa dos pecados que cometeram, do género - imagine-se! - não ir à missa ao Domingo, falar mal, dizer asneiras, fazer pequenos furtos, atirar pedras, jurar. (...)

As três crianças-pastores de rebanhos, Lúcia, Jacinta e Francisco, respiraram este ambiente agressivamente religioso, mas sem Deus. Ou melhor, de anti-Deus, já que o deus revelado em Jesus e Maria de Nazaré, como a mais espantosa e feliz boa notícia para a catequese familiar, nem na catequese paroquial, nem nas chamadas aparições da Senhora de Fátima, que Lúcia garante ter-lhes acontecido. 

De Deus, os três apenas sabiam que metia no Infernno os pecadores que não se confessassem, pelo menos antes de morrer. E sabiam também que a única coisa que O poderia levar a não castigar tão terrivelmente era eles disporem-se a fazer muitos sacrifícios pela conversão dos pecadores! (Há lá terrorismo maior?) (...)

Mais do que fazer aqui, na Universidade Nova de Lisboa, uma comunicação de fundo, optei por lançar umas quantas provocações, para um inevitável debate sobre o tema que me foi proposto: "Aparições e visões: quem nos livra delas?". Eis.

1. Se alguma vez virem Deus, matem-no de imediato! Porque, se não o matarem, depressa estão a adorar o fantasma que viram e que tomaram por Deus, e isso é pura idolatria. (...)

2. Os jornais e as TV que temos em Portugal e no mundo em geral, padecem de grande défice de teologia cristã. Percebem bastante de futebol e um pouco menos de certo tipo de economia - a neoliberal - mas de teologia cristã, nada. Há honrosas exceções, evidentemente. 

3. A Deus nunca ninguém O viu. Nem verá. É uma impossibilidade teológica. Apareça o primeiro teólogo cristão a desmenti-lo. (...)

4. Em nome da sanidade mental dos indivíduos e dos povos, precisamos urgentemente de ter coragem para queimar as nossas bíblias todas. Elas, mais do que tudo, são responsáveis por todos os delírios demencionais que, ao longo dos tempos, também hoje, têm atacado certas pessoas autopromovidas a 
videntes.(...)

5. A terminar, fica a pergunta: aparições e visões, quem nos livra delas?
Deveriam ser as Igrejas, mas estas, convertidas em empresas multinacionais da religião (não há nenhuma que não faça negócio em nome de Deus: e então as chamadas novas Igrejas, nem se fala!...), preferem aproveitar-se das visões e aparições. Algumas até se apresentam à gente autenticadas por uma aparição/visão que teria acontecido - tinha que ser! - ao seu fundador (geralmente alguém com queda para o negócio...)


2 comentários:

  1. Com tanta coisa ruim que acontece no mundo todo, sou obrigada a concordar com tudo que foi dito... mas deixa as pessoas que ainda tem fé ecacreditam terem soluçôens mágicas.

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    1. Mas é uma fé-placebo! É pura ingenuidade e ignorância! E a igreja católica ganha milhões (que nem impostos paga) enganando os outros. E enganar os outros não é fraude e não deveria ser punível por lei?

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