Depois de uns quantos e-mails a acordar uma troca comercial, a Inês resolveu ligar-me.
Que voz meiga e delicada.
Que voz meiga e delicada.
. Quem seria esta mulher?
- Quem é que encontraremos por detrás de uma voz?
É por isso que a rádio, bem mais que a televisão, tem esse fascínio e esse mistério, até esse romantismo de imaginarmos quem é a pessoa que está por detrás do microfone. E muitas vezes, mal descobrimos, o encanto desvanece-se. O mistério desperta a curiosidade e o interesse mas o conhecimento e a verdade muitas vezes aborrece.
E hoje a Inês voltou a ligar-me porque eu iria-me encontrar com ela.
Depois dela, liguei eu, a desculpar-me. Aquelas ruas, cheias de inusitados sentidos proibidos não estavam-me a facilitar-me a vida de dar com a casa da rua dela.
Mas quem se esconderia por detrás de uma cortina de simpatia e daquela voz meiga?
- Que idade teria a Inês? Talvez uma mulher, entre os trinta e os quarenta anos, casada, e se calhar com um filho. Pelo menos foi o que pensei. Estereótipos.
Mas conseguiremos saber a idade de alguém só pela sua voz?
Mas conseguiremos saber a idade de alguém só pela sua voz?
E será que a imagem que formamos na nossa cabeça corresponde minimamente à realidade? Mas também por que teria de corresponder? Afinal, a voz é só o barulho produzido pelas cordas vocais e que sai cá para fora pela boca. E porque será que eu tenho de romantizar tudo?!
A Inês já ia descer. A porta abre-se, olhei-a nos olhos, e cria-se aquele pequeno constrangimento (entre o momento que penso em estender-lhe a mão e ela me recebe com dois beijos) e a primeira coisa que penso foi: tão jovem e bonita que ela é. Afinal, há vozes simpáticas e agradáveis que também têm rostos bonitos. Mas isso também nada nos diz sobre quem é a Inês.
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