29 de Abril de 2000
Foi a primeira vez que fui ao festival Steel Warriors Rebellion de Barroselas. A viagem fez-se de comboio apesar de eu já ter carro desde o ano anterior. O inconveniente é que teríamos de voltar no último comboio para o Porto. As minhas memórias já não são muitas mas lembro-me da muita lama nas Doc Martens. Barroselas, das vezes que lá fui trazem-me sempre a lembrança da lama. Certamente que hoje o festival terá muito melhores condições, mas naquele tempo havia sempre lama!
Era a terceira edição do festival, e também me lembro dos muitos atrasos. E muitos atrasos significava que algumas bandas noite dentro ficariam por ver, e não que isso importasse assim tanto, afinal, até só conhecíamos uma ou outra banda que lá ia atuar nesse ano. E isto acontecia frequentemente, muitas vezes ia a concertos como quem vai ao cinema, sabendo muito pouco do filme, na esperança de poder ser surpreendido positivamente. E nos concertos de Heavy-Metal de bandas portuguesas pouco conhecidas também acontecia assim muitas vezes. Mas nessa edição, havia uma banda, que ainda só tinha lançado uma Demo e que eu gostaria de assistir, afinal tinha uma sonoridade que fugia ao típico Brutal/Death/Core, que na maior parte das vezes, muito pouco ou nada me interessavam.
Essa banda era de Lisboa e chamava-se Te Deum. Tinha uma sonoridade mais ou menos ao estilo de Theatre of Tragedy, voz masculina grave com guturais e voz feminina lírica. Lá conseguimos assistir a essa banda, que foi o último concerto que vimos, e dirigimo-nos para a estação de comboios. Na estação lembro-me dela, a fazer malabarismo com as três bola de renda. Vê-la a dominar a técnica deixava-me orgulhoso. Eu havia-lhe dito que a conseguia ensinar a fazer malabarismo e consegui. Essas mesmas três bolas de renda (que acho que ela as comprou na Praça da Batalha) estão agora na empresa, porque a minha colega perguntou-me se eu a ensinava.
Depois do malabarismo, sentámo-nos, e eu acho que estava sentado do lado esquerdo dela, e ela, do lado direito, enquanto olhava e conversava comigo, conseguia avistar quem vinha lá ao longe.
Depois do malabarismo, sentámo-nos, e eu acho que estava sentado do lado esquerdo dela, e ela, do lado direito, enquanto olhava e conversava comigo, conseguia avistar quem vinha lá ao longe.
"Não olhes, mas não vais acreditar, vem ali a vocalista de Te Deum acompanhada do baixista da banda". Eu não sou nada groupie, sou reservado, nem sequer nunca fui de andar a caçar autógrafos, nem mesmo quando o Dani Filth passou mesmo ao meu lado na rua!
Eles chegaram, só estávamos nós os quatro na estação, e eu lá acabei por meter conversa, afinal eu até já tinha trocado correspondência com ela. E viemos os quatro juntos no comboio, falando das nossas vidas, e fiquei a saber que eles eram namorados.
Quando o revisor chegou, sei que eles perguntaram pelo comboio do Porto para Lisboa, e ficaram a saber que os comboios estavam em greve. Só no dia seguinte teriam forma de ir para Lisboa. E eu, de forma bastante simpática diga-se, acabei por lhes oferecer a minha casa, que ainda estava longe de estar restaurada. Eu sei que tinha acabado de oferecer a minha casa a dois estranhos, mas no fundo eu sabia que não era nada assim arriscado. Deixei-os lá em casa, e na manhã seguinte fui buscá-los, e levei-os à Estação de Campanhã sãos e salvos.
No fundo tinha sido uma grande aventura. Fui de comboio a um festival ver uma banda, e no fim da noite, a vocalista, com quem já tinha trocado correspondência, acaba a dormir em minha casa com o baixista que até era seu namorado!
Ao longo dos anos fomos mantendo algum contacto apesar da banda ter terminado pouco tempo depois. E desde que me lembro, em Portugal sempre foi assim, logo que uma banda de Metal começava a ter algum destaque, logo arranjam forma de acabar!
Lembro-me da Cristina sempre com os cabelos alaranjados. Ela chegou a vir cá ao Porto ver Anathema ao Hard Club em Gaia. Eu cheguei a ir a Santo Tirso ver a banda do novo namorado (que não me parecia que tivesse muito a ver com ela) numa pequena sala cheia de fumo, e a coisa atrasou tanto (sempre os detestáveis atrasos) que o concerto deve ter acabado pelas quatro horas da manhã.
E vi-a atuar, pela última vez, com os Ethereal, banda já com muitos anos, mas que pouco depois também haviam de acabar. Pelo meio cheguei a ir ter com eles a Sintra, passear pelo Palácio da Pena.
Mas aos poucos o contacto, por culpa de ambas as partes, foi-se desvanecendo, e há mais de dez anos que acabamos por nos perder... Tantos anos depois pergunto-me: o que será feito de ti Cristina?
Eles chegaram, só estávamos nós os quatro na estação, e eu lá acabei por meter conversa, afinal eu até já tinha trocado correspondência com ela. E viemos os quatro juntos no comboio, falando das nossas vidas, e fiquei a saber que eles eram namorados.
Quando o revisor chegou, sei que eles perguntaram pelo comboio do Porto para Lisboa, e ficaram a saber que os comboios estavam em greve. Só no dia seguinte teriam forma de ir para Lisboa. E eu, de forma bastante simpática diga-se, acabei por lhes oferecer a minha casa, que ainda estava longe de estar restaurada. Eu sei que tinha acabado de oferecer a minha casa a dois estranhos, mas no fundo eu sabia que não era nada assim arriscado. Deixei-os lá em casa, e na manhã seguinte fui buscá-los, e levei-os à Estação de Campanhã sãos e salvos.
No fundo tinha sido uma grande aventura. Fui de comboio a um festival ver uma banda, e no fim da noite, a vocalista, com quem já tinha trocado correspondência, acaba a dormir em minha casa com o baixista que até era seu namorado!
Ao longo dos anos fomos mantendo algum contacto apesar da banda ter terminado pouco tempo depois. E desde que me lembro, em Portugal sempre foi assim, logo que uma banda de Metal começava a ter algum destaque, logo arranjam forma de acabar!
Lembro-me da Cristina sempre com os cabelos alaranjados. Ela chegou a vir cá ao Porto ver Anathema ao Hard Club em Gaia. Eu cheguei a ir a Santo Tirso ver a banda do novo namorado (que não me parecia que tivesse muito a ver com ela) numa pequena sala cheia de fumo, e a coisa atrasou tanto (sempre os detestáveis atrasos) que o concerto deve ter acabado pelas quatro horas da manhã.
E vi-a atuar, pela última vez, com os Ethereal, banda já com muitos anos, mas que pouco depois também haviam de acabar. Pelo meio cheguei a ir ter com eles a Sintra, passear pelo Palácio da Pena.
Mas aos poucos o contacto, por culpa de ambas as partes, foi-se desvanecendo, e há mais de dez anos que acabamos por nos perder... Tantos anos depois pergunto-me: o que será feito de ti Cristina?
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