sábado, 30 de abril de 2022

E se de Repente te Apagarem o Blogue?

Na mesma semana em que, por iniciativa do PAN, o parlamento português recebeu um nazi fofinho com mais honras que Xanana Gusmão, e na mesma semana em que no dia 25 de Abril uma televisão portuguesa teve a lata de convidar o facho populista de extrema-direita André Ventura, nesta mesma semana recebi um e-mail da Google a informar-me que me apagaram o blogue Multi-Resistente. 

"O seu blogue foi sinalizado para análise. Determinámos que viola as nossas regras e anulámos a disponibilidade do URL". Entretanto lá pedi revisão e foi reposto. 

Mas já ficam avisados. Se algum leitor errante que por aqui costumava passar, bater com o nariz na porta, não fui eu que, num ataque de mau feitio, decidi apagar um blogue com nove anos. Não, é só porque fui vítima de censura do algoritmo. 

Agora é preciso muito cuidado quando se mencionar a palavra "guerra"! Oops, escrevi outra vez!

O Ministério da Verdade e da censura, do pensamento único da manada anda por aí ao virar da esquina, nos jornais, nas televisões e num algoritmo qualquer da internet.

sexta-feira, 29 de abril de 2022

Tenho Que Saber Quando Acaba a Guerra



Tenho que saber

quando acaba a guerra

quero plantar flores

em toda a terra


p'ra que o homem

viva sem dor

amando seu igual

em tempo de amor


tenho que saber...

p'ra preparar a terra

é preciso toda a gente

p'ra fazer frente à guerra


a guerra não será geena

o amor não será léria

a vida será poema

quando acabar a guerra


vem comigo meu irmão

vamos fazer frente à guerra

vem e dá-me a tua mão

p'ra que haja amor na terra


tenho que saber quando acaba a guerra

(...)

eu sei!

quando os vampiros deixarem a terra


Na Minha Ditadura Poemas - Manuel António (1977)

And No More Fecal Matter



"She never cared for things I say 
She never cared for roles I play"

terça-feira, 26 de abril de 2022

Brinquedos de Outros Tempos - Colares de Flores


Estávamos à mesa e a minha mãe olhava lá para fora. Reparou nos malmequeres na beira da estrada e comentou que na altura dela como não havia brinquedos fazia os seus próprios brinquedos, e um dos entretenimentos era fazer colares de malmequeres. Pegava-se num fio e iam-se passando as flores até o transformar num colar amarelo. 

E é curioso que também eu recordei que os colares de malmequeres ainda se fizeram quando eu era criança. E uma geração depois também eu não tive grandes brinquedos, porque não havia brinquedos para os ter. Eu não tive sequer uma bola de futebol. Tive alguns brinquedos sim, que recebi e que eram dos primos da Maia, família que já se poderia considerar classe média, e ainda por cima os meus tios depois acertaram na lotaria e receberam dinheiro que deu para comprar uma boa vivenda. 

E também eu, ainda por cima cima porque sou filho único, sempre tratei de arranjar as minhas próprias brincadeiras, fazer os meus próprios brinquedos e sempre arranjei forma de me divertir, mesmo sozinho. 

E em boa verdade, tantos anos depois as coisas não mudaram assim tanto!


Porque nos Desiludimos


 Há meses que não falávamos. Quer dizer, falar é como quem diz porque o nosso método preferencial, que foi ficando há mais de dez anos, sempre foram as mensagens em vez da viva voz da chamada.

Contactei-a esta semana querendo saber como é que vão as coisas. 

E mensagem vai, mensagem vem, falámos de como as pessoas nos desiludem. 

"Poucos são como nós que gostamos de nos dar de coração e alma e acabamos por fazer de palhaços".

Não raras vezes fiz e vou fazendo de palhaço precisamente porque não raras vezes julgo os outros pelos meus próprios valores.  Infelizmente depois acabamos por nos aperceber que só somos apreciados enquanto podemos ter algo de útil.  

De qualquer das formas, apesar de "fazes bem e não sabes a quem", acho que nunca nos devemos arrepender de fazer bem aos outros apesar de algumas vezes se receber ingratidão. E estamos sempre a tempo de corrigir a forma de proceder, porque não espere beijinhos quem dá sapatadas. 

domingo, 10 de abril de 2022

Blade Runner Passa-se no Início da Pandemia de 2019

Rever um filme anos mais tarde, chama-nos a atenção para pormenores que antes não interessavam e muitas vezes, com o passar do tempo determinado filme, livro ou outra obra qualquer ganha uma dimensão diferente. Blade Runner (que traduziram para "Perigo Iminente" em português apesar de ser o nome da personagem principal) é um filme de ficção científica de 1982 realizado por Ridley Scott. 

O mais curioso é que o filme foi um fiasco de bilheteira, mas, tal como dizia, com o passar dos anos acabou por se tornar num filme de culto. 

Mas o que desde logo me chamou a atenção no filme foi passar-se em Novembro de 2019, início da pandemia de COVID-19. 


E, mais curioso ainda, é, ao longo do filme, vermos várias imagens de uma senhora asiática nas paredes de um prédio, a sorrir e a comer uma espécie de pequena cápsula. 


Blade Runner (vi a versão integral) é de facto um filme interessante. Confronta-nos com questões éticas e morais perante o evolução tecnológica. No fim de contas até os replicantes só querem viver um pouco mais e viver para ter as suas próprias memórias. 

sábado, 9 de abril de 2022

Aparição em Barco Viking

 


Ainda não vos contei mas agora passei a trabalhar para os Vikings. É verdade. E nas duas últimas semanas tive que me deslocar às primeiras embarcações. Posso-vos dizer que os barcos vikings já não são nada como no passado, feitos de madeira, com muitos remos para serem puxados e com a proa levantada com uma cabeça de dragão na frente. Nada disso. Os barcos vikings agora servem exclusivamente para passear turistas muito endinheirados. São barcos todos modernaços com piscina e e relva sintética e são verdadeiros hotéis flutuantes de cinco estrelas. 

Estávamos na receção do hotel flutuante quando, de repente, olho em volto e vejo um retrato de Ana Moura num belo quadro com moldura dourada. Como nem sequer tinha o telecrã comigo, pedi ao meu colega para registar esta aparição.  

Ana Moura, "Godmother of Viking Torgil".

domingo, 3 de abril de 2022

Os Refugiados Ucranianos São os Novos Animais de Estimação

Felizmente Putiu acabou com a pandemia - os negacionistas tinham toda a razão e afinal bastava desligar a televisão que a pandemia acabava - e trouxe um novo tema, até porque máscaras, vírus e vacinas já cansava, ainda que, estranhamente, as pessoas tenham ido, de novo e em massa esgotar stocks de papel higiénico, o que mostra que continuam a ignorar para que serve aquela peça dos quartos-de-banho a que se dá o nome de bidé.

A fibra da internet chegou finalmente aqui à aldeia e os comerciais das diferentes empresas andam por aqui como cães atrás dum osso. Eu continuo sem televisão e caca vez mais tenho pena de quem vê. Ou seja, nada tenho visto sobre o que se passa na Ucrânia, mas, parece-me que nem devo ser dos portugueses pior informados.

Desde 2014 os nazis ucranianos mataram 14 mil russos. Mas isso não aconteceu porque o Ministério da Verdade europeu nunca falou disso. No entanto agora proíbem os meios de comunicação russos por espalhar "propaganda". Só é permitida a narrativa americana, da NATO e dos políticos que lideram a UE. Volto o lápis azul à Europa ainda que isso viole a Constituição portuguesa.

Então, na historinha que nos contam, Putin é mau da fita (os bons são os americanos, a NATO e nós da UE) e as invasões e bombardeamentos do "bem", e que defendem os "direitos humanos", como Guterres disse quando os americanos bombardeavam a Jugoslávia, são as invasões em que nós participamos. Quando os americanos invadem países, como invadiram dezenas deles só por interesses económicos ou para decapitar regimes hostis, é sempre para defender os "direitos humanos"!  

Nós somos os bons, "eles" são os maus. 

Vamos banir a salada russa, o strogonoff, o Dostoievsky e o Tolstoi, a ópera e o bailado russo. Infelizmente nunca vi por aqui banir-se a Coca-Cola, a Pizza Hut, o cinema de Hollywood bem como outras merdas americanas, sempre que os americanos resolvem bombardear algum país ou decapitar um determinado regime, e basta pensar um bocadinho, porque também já fomos Ucrânia a seguir ao 25 de Abril. Por isso aconteceu o 25 de Novembro e o socialismo hostil aos americanos foi metido na gaveta. 

Nos jornais portugueses Putin até aparece com a bandeira comunista, apesar de, curiosamente, os comunistas serem oposição na Rússia. E claro que eles sabem, só querem espalhar a desinformação e o ódio comunista. São russos, são todos soviéticos, apesar da União Soviética ter acabado há trinta anos. São maus e os comunistas comem criancinhas e até a Nossa Senhora de Fátima e os pastorinhos instruídos também não gostavam nada deles e ela haveria de os converter. Só que não aconteceu e já nem na mãe de Deus nos podemos fiar. 

Veio a guerra, e diz-se que é na "Europa" para parecer que as bombas já estão a cair mesmo aqui ao lado e, infelizmente, esse é o maior drama de todos, deslocam milhares de pessoas que fogem como podem, tantas vezes só com a roupa do corpo. 

Mas estes refugiados ucranianos são muito diferentes dos sírios, que são refugiados rafeiros. Estes são refugiados de raça, tal como os cães e gatos. São loirinhos e têm olhos azuis. Os outros não, deixam-se morrer no alto mar. Relembrar a grande hipocrisia da União Europeia que no parlamento europeu votou - por uns meros dois votos - contra o salvamento de migrantes! E três portugueses não votaram a favor. Nuno Melo que hoje aparece como candidato a líder do CDS votou contra. 

Mas agora são migrantes de guerra e já não são terroristas, nem vêm para cá com Iphones. Estes são refugiados do "Bem"!

Vai daí, os portugueses, que têm sempre memória muito curta e gostam de pensar que estão a fazer alguma coisa de importante, porque sempre fomos muito voluntariosos e pouco organizados e também porque é fixe fazer caridadezinha e dá gostos nas redes sociais, as pessoas lá se mobilizaram para ajudar, e enviar mantimentos para a Ucrânia e depois para ir buscar refugiados do "bem", tendo-se já esquecido do que aconteceu na queda da ponte de Castelo de Paiva (em que os milhões em donativos nunca chegaram a quem devia ou, bem mais recentemente, o que aconteceu em Pedrógão Grande, com armazéns cheios de comida a estragar-se.  

Vários empresários também, como por exemplo Mário Ferreira, aquele senhor muito importante dos barcos que escraviza os trabalhadores e comprou a TVI, logo se prontificou a mandar autocarros para ir buscar mão de obra barata, perdão, a ir salvar meia dúzia de refugiados queridos para fazer caridadezinha até porque os barcos precisam de mais escravos e por cá, os portugueses são uns preguiçosos e não querem trabalhar 16h por dia a ganhar mil euros ao fim do mês.

Até que, aconteceu o que já se previa. 

Os refugiados ucranianos de raça, loirinhos e de olhos azuis trasformaram-se nos novos animais de estimação. São muito lindos quando são pequeninos e dão imensos gostos nas redes sociais, mas depois crescem, tem que se levar a cagar e dar de comer e largam pelo e é uma chatice. Mais vale abandoná-los à sua sorte.