domingo, 9 de janeiro de 2022

As Vinhas da Ira do Interstellar

"Nas estradas, onde o gado transitava e onde as rodas dos carros moíam o chão e as patas dos cavalos calcavam a terra, rompia-se a crosta de lama e formava-se a poeira. Tudo que se movia lançava a poeira no ar; um viandante levantava uma camada, que lhe chegava à cintura, uma carroça fazia-a subir até aos taipais e um automóvel deixava uma nuvem atrás de si. E só muito tempo depois a poeira acabava de assentar". 

"Homens e mulheres refugiavam-se precipitadamente nas casas e, quando saíam, atavam lenços ao nariz e punham óculos para proteger os olhos. 

Entre o Natal e o Ano Novo vi vários grandes filmes de vários géneros como: O Labirinto do Fauno, Amadeus, Efeito Borboleta (director's cut) e Interstellar. Relembrar que são filmes provenientes dos enormes lotes de DVD que comprei mas não esquecer também que, muitas vezes, faço verdadeiras séries com os filmes que vou vendo ao longo de vários dias. Ou seja, não vejo assim tantos filmes ao longo do ano.

Interstellar havia-me sido recomendado pelo meu ex-patrão. Se nada das suas opiniões políticas me interessava como, por exemplo, me ter massacrado que Trump merecia o Nobel da Paz ou que a pandemia era uma gripezinha, já no campo cinéfilo coincidíamos bastante. E, se já por sua sugestão acabei a ver Inception, primeiro filme que vi em 2016, curiosamente acabei agora por ver este Interstellar, primeiro filme de 2022. 

Apesar de não ser propriamente fã de filmes sobre a conquista do espaço, não posso dizer que o filme não seja bom (e ainda por cima tem o sorriso de Anne Hathaway, não é?) mas, para mim, o mais curioso de tudo foi ser transportado para os cenários narrados por Steinbeck em "As vinhas da Ira". 

Não é subliminar. Está tudo lá escarrapachado! A casa; o pó por todo o lado e os pratos em cima da mesa virados ao contrário; as máscaras e os óculos que as pessoas usavam para se proteger; os campos de cultivo cada vez mais improdutivos e a fome generalizada; o êxodo dos carros carregados com os haveres em cima do tejadilho; e até há um Tom no filme.

O filme, de facto  é muito bom, mas vão por mim, o livro é um clássico assombroso. 

E a Ira começou a Fermentar

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