Na escolinha aprendemos que, há uns séculos, antes da revolução industrial, existiam três classes: povo, nobreza e clero. Mas hoje porque adora-se fragmentar e estratificar tudo, dividimos as pessoas em muitas outras classes além destas: pobres, classe média, ricos e multimilionários, quando na verdade poderíamos dividir em duas: os que tudo têm e exploram os outros e aqueles que nada têm além da mão de obra que vendem para sobreviver.
E entre aqueles que nada têm tanto está o sem abrigo que vive na rua, aquele eremita que vive sozinho e come do que planta no sopé da montanha; o operário que trabalha na linha de produção, ou o engenheiro informático que ganha cinco mil Euros numa daquelas melhores empresas para se trabalhar em Portugal, bem como o pequeno empresário empreendedor.
Mas Königvs, como é que tu metes no mesmo saco o operário com o 9ºano de escolaridade duma linha de produção com um engenheiro que ganha cinco mil Euros numa bela duma empresa com playstation, televisão e mesa de ping pong?
Meto porque ambos vivem de se vender para sobreviver. O operário trabalha 8h por dia para ganhar 700€ e gasta em função desse salário mínimo, de igual forma também o engenheiro faz o mesmo: de vender a sua mão-de-obra para pagar as despesas que esse salário lhe permite.
Ou o que é que acham que vai acontecer ao engenheiro dos cinco mil Euros por mês se tiver um cancro e deixar de trabalhar? Será que ele tem dinheiro para pagar os custos dos tratamentos do seu bolso e pagar as suas despesas como as prestações do apartamentozinho que lhe custou 300 mil euros a quarenta anos bem como o Volvo de 60 mil Euros, ou está bem fodido porque estouraria as poucas economias que amealhou se não existisse um coisa chamada Serviço Nacional de Saúde, que não existia durante a ditadura (nem pela vontade de PSD e CDS)? Porque se estivesse à espera que o seguro de saúde que não fez (porque em Portugal só os pobres fazem seguros de saúde) bem morria ao desmazelo porque os seguros não cobrem esse tipo de tratamentos caríssimos.
De um lado estão os trabalhadores, do outro os donos dos meios de produção que enriquecem à custa da exploração do lucro que obtêm. De um lado os 99%, do outro os 1% que tudo têm. e põem os trabalhadores a mijar para uma garrafa.
Mas se entendo que alguém que ganhe cinco mil euros por mês possa pensar mais no seu bolso do que no bem comum (a nível de impostos por exemplo), já acaba por ser ridículo que o trabalhador que se queixa de ganhar o salário mínimo vote no mesmo partido que vota o seu patrão!
A Direita existe para representar os 1% que tudo têm. É justo. Em democracia todos se devem fazer representar. Mas o que não faz sentido nenhum é os ratos continuarem ao longo dos tempos a eleger os gatos para os governarem.
"No Brasil, o pobre odeia o miserável, a classe média odeia o pobre, o rico odeia a classe média, o milionário odeia o rico, acha cafonérrimo. E por aí vai, é sempre o ódio pela classe imediatamente abaixo."
Boa reflexão!
ResponderEliminarDividir para reinar...
Olá bom dia !
ResponderEliminarReflectir é mesmo a palavra do dia !
Porque senhores que declaram salários mínimos mas conseguem ter os filhos em colégios privados, é no mínimo estranho ! Só a autoridade tributária é que não vê.
O cidadão médio que ao longo da vida conseguiu fazer um crédito para comprar um tecto, se se esquecer de declarar a verba atribuída à sua fracção pela casa da porteira, esse sim vai pagar multa.
Por isso, reflectir e sobretudo não se esquecer de votar. Não devemos deixar em mãos alheias as nossas opiniões.
Um bom fim de semana!