"A ditadura perfeita terá a aparência da democracia, uma prisão sem muros na qual os prisioneiros não sonharão sequer com a fuga. Um sistema de escravatura onde, graças ao consumo e ao divertimento, os escravos terão amor à sua escravidão."
domingo, 26 de maio de 2024
O Regime de Salazar descrito por Henrique Galvão
domingo, 27 de setembro de 2020
A Igreja Sentada à Extrema-Direita do Pai
"A burguesia portuguesa não dorme tranquila. Tem a intuição do inevitável. Sabe que está condenada, vencida pelo progresso, pela evolução lenta mas segura da civilização mundial, caminhando decididamente, seguramente, para a democracia socialista que não é, afinal, contra ninguém, nem mesmo contra a própria burguesia, mas em que pretender tornar felizes todos os habitantes da Terra, não à força, mas garantindo tão-só a todos os cidadãos o direito ao Trabalho dignamente remunerado e à liberdade codificada pela lei justa, discutida e aprovada pelo Parlamento nacional, eleito pelo povo - isto é: na convergência dos interesses e na fraternidade das intenções.
Manuel Francisco Rodrigues ia assistindo à morte dos companheiros e elaborando no seu espírito o que seria o grande livro a sair em 74, três década depois:
Sabemos que estamos manietados, que o nosso fim é a cova do cemitério, sob a terra africana, longe da nossa família e da nossa Pátria. Porém, sabemos também que venceremos. Perderemos talvez no temppo; mas ganharemos com certeza no espaço. Cada um de nós sabe que é um pioneiro de uma casa justa e tem a certeza que essa causa triunfará no futuro. E, asism, sentimo-nos ligados por esse porvir que, de quaquer modo, também será obra nossa. E essa certeza, enche-nos de orgulho e de força, a força que anima os estóicos, os santos e os heróis... Por isso sofremos, em silêncio, curvados para a terra, mas os nossos espíritos pairam muito alto... Até os mortos, mesmo amarelos, têm a nobreza imaculada e pura de tudo que é santo... Sim... Todos os nossos mortos pertencem já à História... deram entrada no Panteão dos Heróis... santificados pelo martírio... São os dignos descendentes dos gloriosos bravos das Catacumbas...
E não há uma voz generosa que se levante, um padre, um juiz, um ministro, um homem bom, que esteja em liberdade e que tenha influência moral e social para exigir, pedir ou suplicar, em nome de Cristo, da Lei, da Humanidade, por humanidade ou por piedade, por qualquer coisa e de qualquer modo, que se termine com este horrível sepulcro, onde mais de duzentos homens esperam a hora da morte, entre os quais há, talvez, quem tivesse cometido algum delito, mas onde há, também, com certeza, absolutamente, indiscutivelmente, muitos inocentes...
Aquele horror não podia continuar. Era preciso condenar os delinquentes se os havia, mas acabar com aqueles matadouro indigno da terra lusitana ("os portugueses são tenros" - reconheceu recentemente Leopold Senghor, ao ser entrevistado pela TV italiana). Manuel Francisco Rodrigues escreveu ao cardeal Patriarca de Lisboa de então, a fim de que enfrentasse a prepotência, em nome da liberdade e da consciência humana. Mas foi em vão... Ninguém lhe respondeu. A sua voz clamava no deserto do medo... no pântano da indiferença, conforme explica.
sábado, 5 de setembro de 2020
O Auschwitz Português
"Em Cabo Verde, a colónia penal do Tarrafal terá transcendido tudo quanto de horroroso perpetrou a PIDE. Uma obra digna do nazi Kramer, que foi um dos primeiros instrutores dos agentes da polícia política portuguesa. Pela pena dos escritor português Manuel Francisco Rodrigues poderemos evocar muitos dias do Tarrafal, estação obrigatória n via repressiva pela qual a PIDE fazia passar tantos portugueses.
Opressão e Repressão, Subsídios Para a História da PIDE / J.M.Campos, L.Pereira Gil (1975)
domingo, 13 de abril de 2014
A "escola de excelência"
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Deus, sempre amigo dos fascistas! |
Eu já nasci depois do antigo regime ter caído da cadeira, não vivi nesse tempo, mas tive pais e avós, e sei muito bem, ao contrário de alguns, que sempre viveram numa bolha e protegidos da realidade o que se passava na altura. A cultura de excelência da escola dos fascistas, era uma criança ter de andar a trabalhar no campo de manhã bem cedo, para ajudar os seus pais, e depois ir para a escola quando calhasse, além de suja, na maioria dos casos descalça, pois a maioria das pessoas, nem dinheiro tinha, para poder comprar um par de sapatos para dar aos seus filhos.
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São tão lindos os "pretinhos" - não são? |