"A ditadura perfeita terá a aparência da democracia, uma prisão sem muros na qual os prisioneiros não sonharão sequer com a fuga. Um sistema de escravatura onde, graças ao consumo e ao divertimento, os escravos terão amor à sua escravidão."
quarta-feira, 26 de maio de 2021
Cândido (ou a Arte da SIC Aldrabar os Espectadores)
segunda-feira, 24 de maio de 2021
Não Separe a Religião Aquilo Que a Música Une
domingo, 23 de maio de 2021
A Política das Formigas
sábado, 22 de maio de 2021
Estamos Destinados a Estar Afastados?
Aos poucos lá vou continuando a diminuir a quantidade de filmes em DVD que tenho para ver (mas calma, ainda faltam umas dezenas!). Hoje vi "Se as Montanhas se Afastam" (2015) do realizador chinês Jia Zhangke-Ke. Não conhecia o filme, acho que nunca vi nenhum filmes deste realizador, mas, costumo gostar de filmes asiáticos. E este não foi exceção.
"Se as montanhas se afastam" é um filme que se passa em três partes: 1999, 2014 e 2025. É um filme que faz alguma crítica social à China dos contrastes, típico dos países capitalistas com as suas grandes desigualdades, onde há quem tudo tenha, e quem viva com grandes dificuldades, e que também nos mostra como temos que nos ir adaptando a este mundo de constante mudança.
Mas é essencialmente um filme sobre as relações entre as pessoas, e também dos graves problemas de comunicação entre as pessoas - o realizador mostra-nos isso muito bem quando um filho leva uma intérprete para traduzir o seu inglês para o pai chinês e em que acaba por lhe dizer ":"You're my dad. But it's like Google Translater is your really son" - e, mais importante ainda, que nos mostra como as nossas decisões que tomamos poderão ter consequências para o resto da nossa vida.
No filme, a personagem central é Tao, uma jovem de 18 anos que, em 1999, tem uma dessas decisões importantes que a marcará para o resto da vida: a escolha entre dois pretendentes que disputam o seu coração. Escolher entre o honesto mas humilde mineiro de carvão Liangzi, ou o betinho empresário rico e fanfarrão Zhang, que só pensa em fazer mais e mais dinheiro.
Os três são amigos, mas não sei se Zhang gosta realmente de Tao, ou se foi movido pelo ciúme e competição da proximidade entre Tao e Liangzi. Parece-me que se sentiu estimulado a abordá-la como quem espera que a cotação do carvão cai ao máximo para depois poder comprar uma empresa em dificuldades.
Para não estragar muito a história do filme, dizer que em 2014 Tao estará divorciada e infeliz e longe do seu filho... E que uma das frases do filme (que tem várias interessantes) é precisamente esta:
"Ninguém pode estar connosco a vida toda. Estamos destinados a estar afastados"
quarta-feira, 12 de maio de 2021
As Encenações de Fátima São um Insulto à Inteligência
E o que eu ainda hoje me pergunto é se a maioria das pessoas que acredita nas ditas aparições tem noção dos factos ocorridos, ou se pelo menos se foi tentar inteirar do que aconteceu em 1917, ou, se pelo contrário, e, como eu suspeito, como a maioria das pessoas simplesmente anda no mundo por ver andar as outras, e, se já os meus pais acreditavam na Lúcia - "sabes mais o que a Lúcia!" - e até iam a pé a Fátima - "porque me sinto lá muito bem", pois então eu também vou acreditar. Factos para quê?
Mas será que as pessoas têm noção que os relatos de Fátima são uma cópia exata das encenações de La Salette e de Lourdes? As mesmas crianças analfabetas e doentes, as mesmas palavras "não tenhais medo", as ameaças e o dever de fazer penitências, até a existência dos mesmos "segredos", que a santa "exigiu" não serem revelados para depois a alcoviteira Igreja, muito convenientemente os ter revelado, e termos ficado a saber que a mãe daquele que defendia a igualdade entre as pessoas - ama o teu próximo como a ti mesmo" - afinal era anti-comunista, e que segredo que contou era que os portugueses tinham que rezar muito para que o mal da Rússia não se espalhasse, e que iria ser convertida em breve!
Os mesmos segredos, os mesmos tiros na água. Afinal a mãe de Deus ainda acerta menos que uma taróloga na televisão: nem a Inglaterra foi reconvertida (segredo de La Salatte) nem a Rússia (segredo de Fátima) o foi. Mais grave ainda, a Nossa Senhora "afirmou" aos pastorinhos a 13 de Outubro que a Grande Guerra terminara nesse dia. Infelizmente esta só veio a terminar muito tempo e mortes depois.
O que eu acho é que, se ao longo dos anos a Igreja fez muito dinheiro com a crendice ignorante das Offshores de La Salette, Lourdes e Fátima, aos poucos e poucos, e à medida que as pessoas começam a ter cada vez mais instrução e educação, estas histórias da carochinha começaram-se a virar contra a própria religião. Fenómenos como estes das "aparições" em que a Igreja mente descaradamente e de forma que hoje dá vergonha, mais não faz do que criar exércitos de ateus, e já se questiona mesmo o fim da religião a curto prazo na Europa, porque em vários países o número de ateus e agnósticos já supera o número de pessoas religiosas.
Para concluir dizer que recomendo vivamente qualquer um destes livros. A católicos crentes ou descrentes nas aparições de Fátima, bem como a qualquer outra pessoa, como eu por exemplo, que não tenho religião, mas gosto de ver saciada a minha fome de conhecimento. E agora, aqui deixo, como de costume, alguns excertos do livro (os parêntesis são meus) para vos deixar com alguma água na boca:
"O sobrenatural de Fatima foi obra de um pequeno grupo de eclesiásticos, inteligentes e ousados, que tinham contra o regime republicano, implantado em 1910, grandes ressentimentos".
(isto vai de encontro ao que eu já sabia, pois, como aqui deixei alguns excertos, os responsáveis pela ditadura de 1926 foram, além dos monárquicos, os católicos.)
"A República reduzira a importância social do clero e os seus rendimentos, e isso levou os padres a hostilizarem abertamente o novo regime, tanto no púlpito como fora dele. E se eclodisse em Portugal um fenómeno sobrenatural, capaz de causar alguns engulhos a republicanos e livre-pensadores?
Usando de prudência e de absoluto sigilo, dois ou três eclesiásticos começaram a estudar um plano de atuação - e desses conciliábulos nasceram as aparições da Cova da Iria, na freguesia de Fátima, distrito de Santarém. Os autores do sobrenatural de Fátima pretendiam alcançar três objetivos imediatos:
1º Tentar a fundação duma nova Lourdes, que conservava então o primeiro lugar entre os centros de peregrinação do mundo católico.
2º Arranjar uma copiosa fonte de receita para a propaganda católica
3º Fazer de Fátima uma arma contra o regime republicano
O Meio Geográfico e Social
"Os habitantes do lugar de Aljustrel eram profundamente religiosos e, na sua quase totalidade, analfabetos.
A mãe de Lúcia, aos serões, à luz da candeia, lia aos filhos episódios do Velho Testamento - nos quais a divindade está em contacto direto e permanente com os homens - e a "Missão Abreviada", que relatava a aparição de La Salette. Lúcia por consequência, considerava facto trivial a aparição de entes sobrenaturais a qualquer pessoa.
A dureza da vida, como sempre acontece, torna a fé mais viva. Foi neste meio propício, no mais alto grau, à crença do sobrenatural, que fizeram agir os três pequenos videntes, que em 1917 tinham dez, nove e sete anos de idade.
Os Pais dos Videntes
"Francisco Marto, de nove anos de idade, e a sua irmã Jacinta, de sete, na historia de Fátima não passaram de comparsas sem qualquer relevo...
"É fácil avaliar a profunda deformação mental que a intensa catequese, a que foi submetida, devia ter produzido no cérebro débil duma criança de seis anos, que desconhece as mais elementares noções das realidades, criança tão ignorante e tão inconsciente que, quatro anos depois, a acreditarmos no que se lê em "Jacinta", não compreende o que sejam meses e anos e não sabe distinguir uns dos outros dias de semana.
"Se alguém por graça especial da Divindade, fosse objeto da visita duma entidade celestial, não poderia deixar de se sentir possuído duma intensa e sobrenatural alegria. Na Cova da Iria, muito ao contrário, ao julgarem-se na presença da Virgem os videntes sentem-se aterrorizados.
Lúcia afirmou sempre, e por forma categórica, que a Virgem lhe havia dito, no dia da última aparição, que a Grande Guerra tinha acabado nesse dia - 13 de Outubro de 1917.
Bastaria o facto da previsão do fim da guerra para 13 de Outubro de 1917 ter falhado, para que as pessoas honestas e esclarecidas não devessem acreditar na realidade das aparições, mesmo que fossem católicas. Mas a grade maioria dos crentes nas aparições de Fátima é constituída por pessoas ignaras, que acreditam em tudo, incluindo as mais estúpidas e absurdas superstições.
La Salette / Lourdes / Fátima
La Salette também forneceu dois motivos para a nova história de Fátima (..) Outro diz respeito ao conteúdo de um dos segredos. Um deles, em La Salette, prometia a conversão da Inglaterra ao credo católico; em Fátima a conversão, da Rússia. Em face dos sucessos históricos, aconselhamos os autores das aparições a que sejam mais prudentes, quando se puserem a profetizar....
"Se atenderem os meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz; se não, espalhará seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguição à Igreja; os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas, por fim o meu Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-me-á à Rússia, que se converterá, e será concedido ao mundo algum tempo de paz".
Nos mais elevados setores da Igreja católica, acreditou-se, numa das fases cruciais da guerra de 1939-45, que a Rússia, derrotada, viria a converter-se e que o Papa se tornaria o chefe de todo o mundo cristão.
Mas voltemos à revelação do segundo segredo e reparemos nesta afirmação:
"Quando virdes uma noite alumiada por uma luz desconhecida, sabereis que é o grande sinal"..
A aurora boreal de 25 de Janeiro de 1938, não foi afinal uma aurora boreal, como afirmaram os ignorantíssimos astrónomos e toda a imprensa europeia., mas sim uma peça de fogo de artifício, queimado por Deus com o fim exclusivo de avisar Lúcia de que a Grande Guerra Mundial (1939-1945) iria deflagrar daí a dezanove meses!
segunda-feira, 10 de maio de 2021
Querido Blogue, desculpa...
Querido blogue, desculpa.
Sei que tenho andado muito ausente e não te tenho dado a devida atenção. Provavelmente nestes quase oito anos nunca passei tanto tempo sem te escrever e certamente que não foi por falta de assuntos ou acontecimentos para relatar. Mas a verdade é que, se comecei muito bem o ano com 22 publicações no mês de Janeiro, estas caíram para 10 em Fevereiro e para 2 em Março, desde então tem sido um longo vazio de cinquenta dias.
E, como já por aqui eu mesmo refletia em 2014:
"Os blogues são como o sexo, quanto menos se escreve menos apetece escrever".