sábado, 24 de setembro de 2016

As penas dos incendiários

O problema dos incêndios e Portugal tem só a ver com uma questão: Dinheiro. Sempre que há um incêndio, há sempre alguém que tira proveito disso. Os incêndios são sempre uma oportunidade para alguém fazer negócio com a miséria dos outros, que é a miséria de todos. Porque se assim não fosse, se os incêndios não dessem muitos milhões a muito poucos, investiam-se milhões sim, mas na prevenção, limpando-se as florestas, ordenando-se o território e proibindo a plantação de eucaliptos, e não fazendo como sucessivos governos têm vindo a fazer, precisamente o oposto, alargando as áreas de plantação desta espécie exótica e altamente inflamável e tendo-se até acabado com os guardas florestais!

Mas lá está, se em vez dos milhões que se dá aos privados para o aluguer de helicópteros e aviões e para alimentar a cadeia alimentar da proteção civil e bombeiros, fossem canalizados para a prevenção, não se ganhava dinheiro nenhum! Não se vendiam fardas, equipamentos de proteção, carros, camiões, etc etc. Que dinheiro é que poderia dar, ter, como se tinha antes, pessoas a vigiar as florestas, ou pôr as pessoas de enxada na mão a cortar o mato? Não dava dinheiro nenhum! 


E depois, cria-se na opinião pública esta ideia que os incêndios só são provocados por maluquinhos, geralmente alcoólicos, esquizofrénicos, gente que não tem as sextas-feiras todas. Aquilo são tudo inimputáveis que têm prazer em ver arder. É uma chatice, não se pode fazer nada. E quão conveniente que é! É mais ou menos tão conveniente como a CP, que ainda sem ter sido investigado o descarrilamento de um velho comboio, numa linha que estava em obras, logo tenha vindo apressadamente dizer que a culpa foi do maquinista.... que morreu no acidente e não se pode defender! Muito conveniente!

Mas na verdade eu nunca vi um maluco bater com a cabeça na parede. Já me relataram situações de de catatónicos que passam a vida a masturbar-se. Mas não batem com a cabeça nas paredes porque dói! Todos os seres sabem o que é certo e o que é errado. Ou será que preciso pôr faixas nas matas, com letras garrafais, a dizer "Incendiar a floresta faz mal à Natureza"? Mas por acaso há algum fumador que não saiba que fumar faz mal à saúde? Era preciso escrevê-lo nos maços? 


O problema é que, se não houver estes supostos maluquinhos, se não houver quem bote fogo nas matas, não há incêndios, logo, o negócio está em risco. E como se explicar penas tão leves para ato tão grave e tão prejudicial para pessoas e natureza? E para mim não há nada mais grave que atentar contra a natureza, nada! Como é que se explica que a maioria dos incendiários saia em liberdade, com penas suspensas, ou até que depois as veja reduzidas para quem provoca incêndios que tantos danos, morte e prejuízos provocam?

E por que é que as televisões, continuam, livremente a transmitir  o espetáculo deprimente dos incêndios em direto, quando se sabe que isso só serve de motivação e sensação triunfo aos criminosos que cometeram tal crime? Por que é que se as televisões não têm esse senso comum, então não haja quem as proíba de o fazer?

Sobre esta problemática dos incêndios, em particular sobre de quem os bota, já se disseram muitos disparates, como ouvir a ministra defender que os incendiários paguem os prejuízos dos incêndios! Esperem, mas pagavam como? Faziam um empréstimo na Caixa Geral de Depósitos e pagavam com juro bonificado? Eu resolvia o problema de outra forma, e não, não estou a pensar cortar-lhes as mãos.


O problema dum incendiário, como de outros criminosos quaisquer, é a reincidência porque infelizmente nas cadeias portuguesas não se reeduca. Pune-se. Ora o que acontece é que um criminoso sai da cadeia ainda pior do que entrou. Logo, à mínima oportunidade vai repetir a gracinha. 

Temos então de garantir que o incendiário não mais o volta a fazer. 
Um pedófilo, um ladrão, um empresário corrupto, etc, todo e qualquer criminoso, pode cometer o seu crime durante doze meses certo? Onde é que quero chegar? É simples. 
O grande perigo de incêndio limita-se a três ou quatro meses por ano, período no qual existe sério risco de incêndio. Então, para que é que eu preciso ter um incendiário na cadeira, a dar prejuízo (cada presidiário custa 50€/dia) ao país durante o inverno, quando chove e não há risco nenhum do maluquinho ir no instante à mata matar a ressaca e botar um incêndiozinho? 


Há quem venha defender - até circulou por aí uma petição nesse sentido - de aumentar as penas dos incendiários. Mas eu não preciso meter um incendiário vinte e cinco anos na cadeia! Só preciso garantir é que, todos os anos, ele não o volta a fazer. Então, se eu aplicar uma pena de cinco anos de cadeia a um incendiário, primeiro de tudo, não o vou colocar sempre enfiado na cadeia a dar prejuízo, vou fazer dele um voluntário-compulsivo nos bombeiros sempre que se justifique.

Um incendiário adora o fogo certo? Então vai ser feliz, tendo utilidade no combate aos incêndios. Não havendo incêndios, regressa então à cadeia, mas só no período de grande risco de incêndio. Findo esse período, volta à sua vidinha normal. Mas no ano seguinte, de 1 de julho a 30 de setembro, o nosso amigo incendiário volta à cadeia e ao combate aos incêndios. E durante o resto do ano, caso haja incêndios também ajudar, voluntariamente, no seu combate.


Veja-se como com uma pena de dez anos efetivos, tendo uma pessoa a dar prejuízo enfiada numa cadeia doze meses por ano, eu consigo poupar e fazer o incendiário feliz por quarenta anos! 

Mas uma vez incendiário, incendiário para sempre. Não existem ex-fumadores. Uma vez viciado, viciado para sempre. Pode-se estar cinco anos sem fumar, mas basta facilitar uma vez e tudo volta de novo. Uma vez incendiário, incendiário para sempre. E basta facilitar uma vez para o desastre acontecer novamente. Como tal, comigo, incendiário apanhado uma vez, significaria prisão perpétua, ainda que só três meses por ano. 

Mas convém que nada seja feito, porque os incêndios são um negócio que não dá jeito acabar. 

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