sexta-feira, 28 de março de 2014

A verdadeira crise: a falta de tempo

Em tempos de crise, fala-se muito da falta de emprego, da falta de dinheiro, principalmente devido aos roubos do governo nos salários, reformas, subsídios de desemprego, abonos de família, em todos os direitos adquiridos, mas afinal, para o mesmo governo, o grave problema das pessoas é:

O tempo! 

Ou melhor, a falta de tempo! Só ainda não percebi por que é que a canalha fascista do governo, não teve a brilhante ideia de fazer uma qualquer lei qualquer, para que os dias deixem de ter só 24H, e passem, sei lá, de um dia para o outro, a ter umas cinquenta horas! De imediato resolvia-se o problema da falta de tempo, e ficávamos todos, de novo ricos - não?

Já no ano passado, o governo, na pele do ministro ex-deputado-lambreta, afirmava convictamente, que, o problema da queda da natalidade, tinha unicamente a ver, com o facto das pessoas não terem tempo para foder. 


Não era falta de tesão dos homens, ou as dores de cabeça crónicas das mulheres, ou a falta de condições financeiras. Não, isso são tudo desculpas esfarrapadas, o grave problema dos casais portugueses que querem ter filhos e não podem, é unicamente a falta de tempo para pinar!

Outra voz que já falou na falta de tempo, foi a alma caridosa, a verdadeira benemérita da treta do Banco Alimentar. Quando questionada sobre o problema das crianças que chegam à escola sem pequeno-almoço, refere que é tudo uma questão de falta de tempo dos pais! 


Esta semana ficamos também a saber pelo governo, que o problema da quebra do consumo interno em Portugal, não são as dificuldades económicas, nada disso, mais uma vez o problema é a falta de tempo para comprar! Aliás, isto está muito bem visto, o governo roubou-me no valor do subsídio de desemprego, e na duração do mesmo, e para o qual descontei durante onze anos, mas o problema de eu não fazer mais compras, não se deve ao facto deles me terem roubado, o problema deve-se a eu não ter tempo para fazer compras! 

Vai daí e abrem-se os centros comerciais durante 24h por dia, e assim, como que por milagre económico, quem não tem dinheiro, passará todo o tempo do mundo para o poder fazer. Isto é verdadeiramente brilhante! Os parolos que passam a vida enfiados nas estufas dos centros comerciais agradecem. O Belmiro e o Santos continuarão a ser ainda mais ricos, poderão explorar ainda mais trabalhadores-escravos, e continuarão a pagar os seus impostos na Holanda. O comércio tradicional, esse, terá agora todo o tempo do mundo para encerrar portas.

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