Aqui há uns meses, a ministra da justiça, que certamente deve ter feito o seu curso de direito, como o outro, por equivalência do rancho folclórico, afirmava convictamente que, com ela, se iria a acabar a impunidade na justiça. Disse-o sem se rir, e no dia seguinte, quando ficou a saber pelas críticas que ouviu, que em Portugal, existe uma separação de poderes e que os tribunais (ainda que só no papel) não estão sob a alçada do governo, não teve a decência moral de se demitir, depois de ter mostrado publicamente a sua ignorância com a alarvidade que tinha acabado de dizer.
E ontem lembrei-me novamente dela e destas declarações, quando ficamos a saber que a justiça portuguesa não quis incomodar este senhor distinto, deixando caducar o seu processo, para que o senhor não fosse agora ter de pagar um milhão de euros. Mas é bom saber que a impunidade na justiça acabou!
Capa JN |
E no meio de tudo isto eu pergunto-me, não sairia muito mais barato ao bolso do contribuinte, se o Estado assumisse de uma vez por todas que não quer meter os criminosos de colarinho branco na cadeia? É que só tínhamos vantagens. Primeiro poupavam-se milhões e milhões de euros, com anos e anos de investigações que nunca dão em nada, ou dão, com os criminosos de colarinho branco a acabarem mesmo por ser indemnizados no fim! E depois em vez de termos a judiciária, polícia, ministério público, tribunais e juízes a trabalhar nestes casos totalmente desperdiçados, porque já sabem à partida que eles serão inocentados no fim, poderíamos usar todos estes recursos humanos para tratar da verdadeira justiça que interessa: a justiça para os pobres. Aposto que com o dinheiro poupado até se podiam construir mais tribunais e cadeias.
O Tozé Seguro, disse recentemente que quer tribunais "especiais" (de corrida?) só para investidores estrangeiros, para criar um "ambiente amigo" e mais oportunidade de emprego para os portugueses. Ora aqui está uma belíssima ideia, o que é preciso é termos uma boa justiça para os estrangeiros que cá nos vêm explorar, porque os que cá estão, esses que se fodam!
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