As coisas são como são. Em 2009/2010 começava toda a gente a debandar o Myspace, rede social onde estava, e mudavam-se para o Facebook para plantar alfaces. A esta distância posso dizer que, no Myspace consegui apaixonar-me, fazer várias amizades que chegaram aos dias de hoje, e ainda ganhei bilhetes para concertos e festivais.
"A ditadura perfeita terá a aparência da democracia, uma prisão sem muros na qual os prisioneiros não sonharão sequer com a fuga. Um sistema de escravatura onde, graças ao consumo e ao divertimento, os escravos terão amor à sua escravidão."
quinta-feira, 31 de março de 2022
Porque é Que Gostei Tanto do Twitter?
domingo, 27 de março de 2022
Nada Substituiu o Toque Humano
terça-feira, 1 de março de 2022
Estudásses!
Os meus dois colegas de trabalho por vezes vão lanchar ao café, enquanto eu, por norma, fico a comer o previsível e monótono pão com queijo e fruta. Mas esta segunda-feira chegaram, entusiasmados:
"Que cena que perdeste"!
Encontraram no café o Fernando, figura que a televisão, à frente das câmaras tornou popular.
Ficaram a saber que em Lisboa é onde dá mais dinheiro, mais do que no Porto e Braga dá menos. E segundo o meu colega, ele colocou um saco de moedas em cima da mesa que devia ter ali uns 400 ou 500€.
E perante o espanto do meu colega ao ver tanto dinheiro, o Fernando vira-se e, calmamente, diz-lhe:
Estudásses!
E tudo isto é tão ou mais irónico porque é o meu próprio colega que passa a vida a usar esta expressão!
A Televisão Matou o Entrudo
Toda a gente está de acordo que o Entrudo já não é o que era. Ou dito de outra maneira, já deu o tinha a dar enquanto tradição comunitariamente assumida como ritual. Nos tempos anteriores à televisão e ao cartão de crédito, pela Quaresma, os homens não podiam dormir com as mulheres. Era pecado. Tal como comer carne, doçarias e outros aconchegos (apenas coisas boas, é evidente). Até às Cinzas era, por ta motivo, um tirar a barriga de misérias para compensação dos quarenta dias seguintes em que reinaram mortificações, lutos, jejuns e abstinências. Só terminando no Domingo de Páscoa.
Em certos lugares até dividiam os preparativos das folias pelos domingos da conta, magro e gordo. No domingo da conta começavam a despertar para o Entrudo. Arranjavam máscaras e trajes que apareciam nas ruas no domingo magro, quando iniciavam as reinações. Mas o entusiasmo culminava no domingo gordo e na Terça-Feira de Entrudo, em que, podemos dizê-lo valia tudo: enfarinhar quem passava ou enfarruscá-lo com pó de carvão, atirar ovos podres, laranjas, jarros de água, torrões de erva e outros projéteis mais repelentes (por exemplo, líquidos nauseabundos, como urina ou água choca, ou sólidos da mesma origem. E, quando o Entrudo acidadou, atiravam éter aos olhos dos passantes, com grandes bisnagas apropriadas!) Afinal, entrudo que se prezasse era badalhoquismo, glutão e violento - ou não servia para nada.
(..)
"Vistas do Meu Quinteiro" / Hélder Pacheco (1995)