As coisas são como são. Em 2009/2010 começava toda a gente a debandar o Myspace, rede social onde estava, e mudavam-se para o Facebook para plantar alfaces. A esta distância posso dizer que, no Myspace consegui apaixonar-me, fazer várias amizades que chegaram aos dias de hoje, e ainda ganhei bilhetes para concertos e festivais.
Foi por essa altura, quando toda a gente debandou e ali fiquei sozinho, e quando todos me pressionavam para me registar no Facebook (que não o fiz) que creio que estive dois anos num fórum, um tanto ao quanto deprimente (mas tinha ficado desempregado e tinha tempo) fórum esse onde até tinha umas quantas admiradoras mas depois debandei porque estava de certa forma a ser perseguido por duas ou três personagens que parece que tinham alguma dor de cotovelo de lhes ter tirado o protagonismo.
Foi no Myspace que conheci alguém por quem me encantei. E foi essa pessoa que teve a ideia de me sugerir a criação de um blog onde escrevesse sobre as minhas "erbices". E três anos estive sem o começar, sempre com a desculpa de não ter o nome certo, quando no fundo sempre achei que não conseguiria fazer nada minimamente decente.
Mas nesses tempos de 2009/2010, nem depois disso, nunca ninguém alguma vez me disse "tens que te registar no Twitter". Ouvia falar por alto, mas não fazia a mais pequena ideia do que seria.
Registei-me sim, já depois de ter os blogues e a conta do Youtube, mas no Google+ (para agregar tudo numa só conta) mas, foi uma rede social que, vá lá saber-se porquê (talvez por ter aparecido no momento errado) nunca teve grande aderência por parte das pessoas, mas eu, claro, como resistente, fiquei até ao fim. Até a Google ter encerrado a rede social.
E, vá lá saber-se porquê, no início de 2019, logo no primeira dia do ano, e não se tratou de nenhuma nova resolução, decidi registar-me no Twitter.
Não conhecia ninguém. O que era ótimo. Aliás, uma das razões porque sempre disse que não me registaria no Facebook era porque não estava interessado em cruzar-me com ex-namoradas ou reencontrar gente que se afastou de mim, fossem familiares ou ex-coleguinhas de trabalho. Gostava de estar numa rede social sim, mas que pudesse conhecer pessoas novas, com quem tivesse afinidade.
Mas não é fácil como muito bem escreve a Carmo Afonso no Público. O Twitter não é uma rede social fácil. Não é fácil de ali chegar e logo perceber como funciona, e ganhar seguidores, que quase têm que se conquistar a custo. Mas não desisti às primeiras contrariedades. E muitas vezes nem sequer percebia do que ali andavam a falar, como daquela vez que a Fernanda Câncio começou a amplificar uma brincadeira que todas as mulheres gostavam de beber a sua própria menstruação!
Eu comecei por seguir maioritariamente jornalistas, porque posso assegurar que o Twitter é uma excelente fonte de informação e, por vezes é mesmo ali que as notícias "acontecem". Comecei depois por mandar uns bitaites nas conversas dos outros. E depois a verdade é que: "primeiro estranha-se mas depois entranha-se".
E uma rede social é aquilo que nós quisermos que ela seja. Sim, o Twitter pode ser, como agora se diz, "tóxico", mas tudo depende também do nosso comportamento. Eu não estou ali para me chatear, ou para andar a insultar os outros ou a discutir com quem não conheço. Estou ali para minimamente me informar (lembrar que nem sequer vejo televisão) e para escrever umas larachas, maioritariamente sobre política, e trocar uma ideias.
E se o Instagram é a rede social das gajas que abanam o cu e o Facebook foi a rede social "pimba", o Twitter é onde está a elite pensante, e talvez por isso me tenha sentido muito confortável por lá. Porque gosto de pensar.
Mas, como em tudo hoje em dia, também no Twitter encontramos uma manada de carneiros que gostam de caminhar todos para o mesmo lado e a ditadura do pensamento único. E ai de quem ousar pensar pela sua cabeça, pois logo é linchado. Já me aconteceu uma vez, a propósito de Tomás Taveira e terei perdido alguns seguidores mais sensíveis - mas, por vezes também é bom sacudir a Árvore dos Seguidores, para ver se estão bem agarrados e alguns mais podres poderem cair ao chão - mas tudo bem na mesma.
Eu gosto do Twitter com as suas muitas virtudes e os seus defeitos.
Se tenho pena de só lá ter chegado tão recentemente? Tenho. Mas, como comecei por escrever, "as coisas são como são". Se calhar, se em 2010 tivesse ido para o Twitter, hoje teria milhares de seguidores mas não teria criado os blogues, que me são muito queridos, e dos quais não desistirei, apesar de saber que tenho andado muito ausente (fruto do cansaço e ocupação dos últimos meses).
E já agora, a propósito deste artigo do Público que partilho, é curioso pois não fazia ideia quem era a Carmo Afonso. Segui-a porque tropecei num seu tweet e ela simpaticamente seguiu de volta. Percebi depois que também é argumentista (e em tempos falou-se muito de um filme que ela escreveu mas que eu ainda não vi). E pode-se dizer que é uma das figuras do Twitter português. É muitas vezes olhada como uma ovelha negra e saco de pancada por, tal como outras pessoas (como a Constança Cunha e Sá que também por lá anda) ousar pensar pela sua cabeça e ir além do pensamento único da manada.
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