quarta-feira, 2 de março de 2016

Às escondidas no telemóvel

Da minha idade, acredito que tenha sido o último português a ter telemóvel, e agora que penso, apesar de ter tido uns quantos, nunca sequer comprei um novo, e o que ando agora até já tem mais de dez anos. E funciona lindamente.

Cartão também só tive um com um número. Nunca mudei de operadora, nem junca mudei de número de telemóvel, e confesso que às vezes não percebo muito bem, como é que há pessoas que passam a vida a mudar: "Agora o meu novo número de telemóvel é este". E eu, contrariamente ao que dizia a música, eu não mando os outros mudar de número, porque eu não mudo o meu.

Eu, por exemplo, tenho uma amiga, que conheço há uns seis ou sete anos, que já deve ter mudado umas três ou quatro vezes de número do telemóvel. E tudo bem, eu aceito que ser mulher talvez seja mais difícil, porque certamente o assédio será diferente. Contudo, sejamos mulheres ou homens, acho que o cuidado que temos de ter com o nosso número de telemóvel deve ser o mesmo, para precaver chatices futuras. 

Ainda assim muita gente terá o meu número de telemóvel. Ao longo dos tempos, diferentes pessoas passam pela nova vida, amizades que se fazem, pessoas que contactamos ou somos contactados, enfim, por diferentes motivos, muitas pessoas ficam com o nosso contacto telefónico. O que não invalida que eu não seja minimamente cautelosos. 




E se há coisa que me arrelia verdadeiramente é, e isto acontece ciclicamente, sei lá, de dois em dois anos, ou até menos, é receber mensagens de alguém que parece que nos conhece, mas que na verdade nós não reconhecemos o número. E essa é outras das coisas que costumo fazer, apagar números desnecessários da lista telefónica. Para quê ter a lista telefónica cheia de contactos que já não usamos? E pode-se até dar o caso de uma destas pessoas já ter sido nossa conhecida. Ainda assim, sinceramente eu duvido. 

E o que é que se faz numa situação destas? 
Nada. Absolutamente nada. Não se responde, não se alimenta a coisa. Qualquer pessoa decente quando quer alguma coisa diz ao que vem. Não diz simplesmente "Olá" ou "Bom dia" ou "Oi" durante cinco dias seguidos. 



Comentei com três ou quatro pessoas, mas curiosamente só uma era da minha opinião. "Fazes muito bem eu não responder, a pessoa que se identifique". Claro! Mas as outras pessoas acharam que eu deveria responder, que poderia estar até a julgar mal. Mas como posso estar a julgar mal se a pessoa simplesmente não se identifica? No meu entender, dali coisa boa não poderia vir, e como tal, nem sequer respondo. Mas eu acho que as pessoas que acham que eu deveria responder, dizem isso unicamente por curiosidade! As pessoas morrem de curiosidade!

E essa é a arma das pessoas que fazem este tipo de joguinho. Acham que vamos ficar a morrer de curiosidade em saber quem são, e depois dão-nos tanga. Não, comigo não dão! Dispenso engraçadinhos a jogar às escondidas no telemóvel. Mas acham o quê? Que tenho treze ou quatorze anos? E depois não ligando, acontece uma coisa fantástica, que é, a coisa perde a piada e as pessoas desistem. E o problema resolveu-se por si mesmo. 

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