sábado, 12 de março de 2016

Perfecionista ou velho chato?

Tenho pensado nisto ultimamente. Afinal, desde quando é que te tornaste perfecionista?

Lembro que quando andava na escola primária, a professora escrevia lá nas notas de avaliação: "metódico". Eu, como é lógico, ainda nem sequer saberia o que queria dizer aquela palavra. Mas por certo eu não era nada de especial, nada mais que os restantes colegas. Provavelmente ela escrevia isso em todas as notas de avaliação dos bons alunos!

Mas eu conheço-me. Sou desorganizado. Desarrumado. Por vezes quase desleixado. Mas também sei bem que há gente muito pior que eu! Não há por exemplo, equipamento nenhum que compre e avarie, e que eu não mande reparar porque não sei onde meti a garantia, e isso acontece a muito boa gente. Comigo certamente isso não acontece. Até de uns sapatos da Ecco em que a sola literalmente descolou fui reclamar com a fatura da compra e tive direito a outros novos. Tal como guardo todos os recibos de vencimento, faturas e papeladas para preencher o IRS, está tudo arquivado, desde o primeiro ano em que comecei a trabalhar. Sou uma espécie de desorganizado mas responsável!

Mas também sei muito bem que acumulo tralhas demais. Tralhas que já poderiam ter ido para o ecoponto ou papeis que poderiam ter ido para a lareira. Mas de vez em quando lá faço uma arrumação e mando umas quantas coisas para o lixo (e entretanto junto mais umas quantas!)
Digamos que, entre o paranóico com as limpezas, o obsessivo-compulsivo com as coisas todas direitinhas e arrumadas e o maior desorganizado de sempre, eu acho que estarei, talvez, a meio da tabela. E não é no meio que está a virtude?





Mas no trabalho, por vezes, dou por mim a surpreender-me tal é a minha vontade de organizar as coisas. E isto pode significar uma de duas coisas: ou o meu subconsciente acha que no emprego tenho de ser diferente do que sou em casa, afinal estou a ser pago pelo meu trabalho, ou então aquilo lá onde trabalho é uma casa a arder no que se refere à organização! E eu acho que é um pouco dos dois!

Mas ser extremamente organizado ou desarrumado não tem necessariamente a ver com querer fazer as coisas bem feitas Pode-se ser perfecionista e organizado ou perfecionista e desarrumado.

E aos poucos, como que saindo de mim mesmo e vendo-me a comportar no local de trabalho, tenho-me apercebido que sou cada vez mais exigente comigo mesmo (e com o trabalho dos outros) e só me satisfaço quando as coisas estão próximas da perfeição. E eu nem sempre fui assim. 

Também eu, em tempos, como grande parte das pessoas, fazia as coisas ao despacha-lá-isso-e-toca-a-andar ou se-não-ficar-bem-não-importa-desde-que-ninguém-saiba-quem-foi-que fez. Mas não sei a partir de que momento, comecei a querer fazer as coisas bem feitas e sou muito atento aos detalhes, muitas vezes muito importantes e que muita gente não liga.
Continuo a querer ser muito competitivo, como aliás sempre fui, mas agora, primeiro quero fazer bem e então depois sim, ser produtivo. Porque não interessa fazer muito, se as coisas ficam todas mal feitas. E além disso, como disse, ainda por cima chamo os outros à atenção para determinados pormenores, para que as coisas sejam feitas corretamente.

Não sei também se isto terá a ver com a idade ou com a maturidade. Mas estou em crer que uma coisa não tem a ver com a outra. Há pessoas jovens e desde sempre muito exigentes com o seu trabalho, e outras que podem durar cem anos que serão sempre abandalhadas, Não sei como é que cheguei aqui. Espero é que não me esteja a tornar só num velho chato!

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