Os direitos são direitos. Nunca obrigaram ninguém a nada.
Não façam dos trabalhadores estúpidos.
"A ditadura perfeita terá a aparência da democracia, uma prisão sem muros na qual os prisioneiros não sonharão sequer com a fuga. Um sistema de escravatura onde, graças ao consumo e ao divertimento, os escravos terão amor à sua escravidão."
O heavy seduziu essa criança com os seus casacos de cabedal e cabelos compridos. Também explorou o seu lado científico, pois encontrou o seu gineceu quando pediu que lhe oferecessem um microscópio e um telescópio. “Em pequena queria ser Rosendo e Einstein ao mesmo tempo”, comenta. Dois pro-homens peculiares.
Não tinha referências femininas. Aos oito anos perguntou à mãe: “Sou um rapaz?”, pois os seus gostos pareciam masculinos: fascinava-a o metalero Leo Jiménez, vocalista dos Saratoga e grande figura do metal espanhol. “Não, és uma rapariga, com gostos que também são de raparigas”. E então conheceu Doro, diminutivo de Dorothee Pesch, a rainha do metal. E tudo se acelerou.
“Convido os jovens a experimentar, a serem chonis, rappers, para depois escolherem o seu género e não verem o metal como algo satânico. Infelizmente fizeram-me bullying no secundário por gostar disto. Somos luz dentro da nossa escuridão e procuramos levar cultura às pessoas, não a maldade”, aponta.
| @elodecastrofficial |
Aquela adolescente foi percebendo pouco a pouco que também há mulheres na música sombria, embora demasiadas vezes enfiadas em espartilhos de couro sexualizados. “Pode ser uma ferramenta de expressão, desde que seja escolha delas. Eu gosto de ser mais elegante, não tão provocadora”, diz a filósofa, que hoje enverga um vestido comprido do qual sobressai a tinta da sua pele. Os nomes do irmão e da mãe, tatuados em grego antigo nas coxas. Num braço, o ícone do seu livro Antiética do Narcisista. Também um dragão, um símbolo, junto a uma chave inglesa em memória do seu avô Manolo e, no alto do peito, o núcleo da questão: a palavra Filometal. “É o meu bebé, a fusão entre filosofia e heavy metal, divulgando filosofia e ciência de teses exclusivamente femininas”, recorda.
“Disseram-me que, se não aparecesse com um corpete, uma banda e mais decote, não teria hipótese nenhuma. Eu respondi: ‘Estão a confundir-me com outra pessoa’. Uma mulher que canta, escreve letras e lidera o seu próprio projecto mete medo. Todas as pessoas a quem se pode pedir conselho são homens. Alguns estão bem, mas a outros não lhes agrada que se iguale o seu poder. Se o filometal fosse feito por um rapaz da minha idade, agora estaria a rebentar”, diz a autora, que nas suas obras fala sobre o narcisismo da sociedade e os seus artifícios. Questionada sobre se teme afogar-se no seu reflexo, confessa que a sua psicóloga lhe receita regularmente um: “Não te esqueças de quem és”. Assim consegue aterrar e continuar a criar.
O seu disco de filometal Gineceu (2022) - que terá uma versão em teatro musical em Viagem ao Gineceu, que se apresentará a 27 de Março no Ateneo de Madrid - vai-lhe trazendo ganhos, alguns económicos e muitos morais, como ter conseguido que a sua avó compreendesse o filometal e a incentivasse a nunca se submeter. “A filosofia deve abrir caminho, tal como o heavy metal, através de um palco, lida, ao vivo. Nas redes sociais há muitos divulgadores. Gosto muito da Bea Jordán, tem uma onda muito choni! A filosofia tem de estar na rua, e deve-se debater como se debate A Ilha das Tentações”, ri-se. “Seria espetacular uma Operación Triunfo de filósofas! Levaria a Bea Jordán, a Alba Moreno [uma física divulgadora com estética choni], a La Zowi - estou apaixonada pela La Zowi —, a [a bióloga molecular e candidata a astronauta] Sara García e a Inés Chamil, divulgadora de heavy”.
“Defende o teu direito a pensar, porque até pensar de forma errada é melhor do que não pensar”
“Defende o teu direito a pensar, porque até pensar de forma errada é melhor do que não pensar”, insiste De Castro, que está convencida de que hoje em dia não se pensa, limita-se a seguir a massa. “Em tempos cinzentos, de crise, com pouco acesso à habitação e tudo o resto, os jovens precisam de uma aurora, como falava Zambrano, para nos consciencializarmos de que virá um futuro melhor. A história diz que depois do negro vem a luz”, confia. A artista critica, em tom de brincadeira, o filósofo Immanuel Kant por ter distinguido entre ciências e letras, como se as humanidades fossem inferiores. “As humanidades e a ciência não se entendem uma sem a outra; a filosofia é a mãe da ciência. É valiosíssimo estudar o cancro, mas precisas de ética, de saber ser um bom cidadão, de entender de política, de ter o teu momento artístico. Um bom cientista deve ter uma boa base humanística e vice-versa”.
- Uma mulher que escreve, canta, pinta, faz teatro e filosofa é um homem do Renascimento?
- O Renascimento foi uma boa época. Sem o desmerecer, isto é um remix do Renascimento, é também modernidade. Deveríamos dizer que somos pessoas do Renascimento, agora que estamos a incluir absolutamente tudo.
"Olho para o céu
o sol desvaneceu-se
o luar brilha sobre mim
os deuses tocam as suas sinfonias
Sinto-me tão perdido que caio de joelhos
Penso nos tempos que já foram
Não consigo encontrar as palavras certas para dizer
Não sei como dizer adeus
Aqui… aqui estou… a vida é luminosa…
…Não há tristeza… nada nos pode deter…
…Mostrou-nos a esperança… anjo da minha floresta…
…Vi a minha perfeição… na minha própria alma… a morte é injusta… isso é dor real…
…Recordo-te… estou quase morto…
…Eu… eu perdi a minha esperança…
…A minha… a minha vontade de viver…
…O meu último adeus… para sempre… completamente sozinho…
Nos meus olhos não vês orgulho
Nos meus olhos não vês luz
Nos meus olhos vês uma lágrima
Nos meus olhos vês o meu medo
Nos meus olhos vês o meu amor
Nos meus olhos não vês aflição
Nos meus olhos vês o meu ódio
Nos meus olhos vês o meu destino
Para sempre completamente sozinho
Há uns tempos retive o que a minha melhor amiga - que é uma pessoa muito informada no que respeita a política e, ao contrário de mim, acompanha o que se vai passando na televisão - que me tinha dito que o senhor é um perigo e está metido em tudo, além da Igreja, está no comentário político e no futebol e que deveria querer ser o novo Cerejeira.
Vi hoje no Bluesky mas quis ir confirmar não fosse mentira. Infelizmente é mesmo verdade, e esta imagem, fui eu que a retirei da rede social da criatura.
Portanto, o chefe dos gajos que de manhã estão na missa a apregoar os princípios comunistas de Cristo - que devemos amar o próximo como a nós mesmos e vender tudo e dar aos pobres - é depois o mesmo que de tarde está com os apóstolos fascistas do Chega que querem matar pessoas.
Ai Konigvs não digas isso. O Chega não quer matar ninguém!
Não quer? Ora pensa lá um bocadinho:
E quantos votantes do Chega não estarão na missa a bater com a mão no peito que amam o próximo como a si mesmo, e de seguida saem e estão nas redes sociais a mandar os indianos para a sua terra?
Não há maior contrassenso do que ser religioso e apoiar o Chega. Absolutamente nada.
Cada vez mais tenho nojo da Igreja.
Jesus Cristo: O Revolucionário Anarquista e a Inversão da sua Política