Na sequência da descoberta que o primeiro-ministro tinha uma empresa para ser avançado por debaixo da mesa, fomos para novas eleições, porque o homem é como o outro - para ser mais honesto do que ele é preciso nascer duas vezes - e não quis esclarecer nada e vai daí, cai outro vez o governo e tivemos novamente eleições.

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Esperava-se que tudo ficasse na mesma e, na prática, foi o que aconteceu, mas, o grave, é a direita, sozinha, e sem o PS poder rever a Constituição. O que se calhar ninguém estaria à espera é que - depois dos roubos das malas, dos nazis, da pedofilia e o diabo-a-sete - que o partido ilegal tivesse quase tantos votos como o PS, que caiu bastante; e que o Bloco de Esquerda ficasse sem bancada parlamentar, à custa da movimentação dos eleitores para o LIVRE que, diga-se, não me convence. Sim, o Rui Tavares é um grande historiador e escritor e parlamentar, tem boas ideias, mas o partido ainda vive muito - à semelhança do CH - à custa dele. E ainda há coisas ali que me deixam de pé atrás, sem falar naquela ideias de gastar à toa o orçamento do Estado em armas. O LIVRE é uma espécie de novo PS, onde, diga-se, o próprio Rui Tavares já esteve, como esteve no Bloco de Esquerda.
Passei a noite eleitoral à conversa com três mulheres, duas amigas, e a ex-colega de trabalho. As três mandaram mensagem a manifestar-me a sua estupefação.
À minha piada "20% das mulheres andam a deitar-se com fachos", uma resposta improvável: "foi o meu caso" e, quando descobriu, passou quatro meses a dormir no sofá e depois pô-lo a andar.
Outra, filha de pai espanhol, diz-me que não deve ser difícil obter a nacionalidade espanhola, que se for o caso casamos e eu também obtenho também a nacionalidade!
Eu decidi deixar de seguir toda a gente que segue a conta do quarto pastorinho de Fátima e a partir de agora, sempre que vir alguém a partilhar merdas do partido ilegal será imediatamente bloqueado.
É assustador pensar que vivemos rodeados de fascistas - "ai não lhes chamem isso, coitadinhos, são só revoltados" - pois, mas é isso que acabam por ser ao votar no partido racista, xenófobo e misógino. Uma em cada quatro pessoas que foi votar, votou no CH, é assustado tamanha ignorância.
Ficou claro - escrevi - que, a maioria dos portugueses, quer trabalhar mais horas e receber menos; quer ter ainda mais dificuldades para comprar ou arrendar casa; que a Saúde Pública fique ainda mais doente e a educação com menos professores; que o país é para eucaliptar e é preciso meter as mulheres na cozinha e que as touradas são cultura.
Como em toda a Europa, com a feliz exceção dos nossos vizinhos espanhóis, o vírus da ignorância espalha-se. Chegou mais tarde, mas acabou por chegar a Portugal.
Apesar de todas as contingências que estou a viver, saí de casa para ir votar. Acordei às cinco da manhã da noite eleitoral com a revoltante constatação: o meu voto foi para o lixo e não serviu para eleger ninguém. No fundo valeu tanto como se tivesse ficado em casa.
Vi depois também a declaração da candidata a deputada em quem votei, socióloga de formação:
"Sei também de forma muito triste, que as pessoas que estão a celebrar a redução da bancada parlamentar do Bloco de Esquerda, são aquelas que mais irão precisar de nós no futuro.
Não é segredo para quem por aqui passa e me lê, que, à semelhança de Sócrates, não me revejo minimamente na democracia. Mas é mais revoltante ainda quando, depois de ter visto os jornalistas a levar ao colo o quarto pastorinho de Fátima, vermos que os nossos concidadãos, são uma cambada de idiotas a votar em quem os irá esmagar. Mas é lidar, talvez o idiota seja eu, e a vida dos portugueses vá ficar muito melhor. Pelo menos para a Spinumviva já ficou.
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