sábado, 17 de agosto de 2024

Não é o que Dizes - É o que se Fazes pela classe Trabalhadora

Declaração de interesse: entre Donald Trump e um poio de merda, eu estou do lado do poio de merda. 

Mas isto não invalida que, ao contrário de tanta gente, eu não tenha ficado eufórico com a vitória de Biden há quatro anos, nem fique agora extremamente eufórico com Harris, que veio substituir o velho senil democrata na corrida pelas eleições americanas de novembro, por uma coisa muito simples: mais fachos ou menos fachos, conservadores e democratas, são todos de direita, e eu não morro propriamente de amores por políticas que aumentam as diferenças e as desigualdades entre as pessoas. 

Mas desde que Harris substitui Biden os democratas ganharam novo fôlego e, ao que parece, as coisas inverteram o rumo que vinha seguindo, de vitória certa de Trump (ainda que com menos votos porque, aquela coisa a que chamam democracia lá pelos States, é mais complicado de entender que um jogo de basebol!). 

E por estes dias, Kamala, tentando que a classe média se identificasse com ela, veio dizer que, como um em cada oito estadunidenses, trabalhou no Mcdonalds.  


Por cá já tivemos Paulo Portas a dizer que sabe o que custa a vida por ter ficado, sabe-se lá em que condições, em hotéis três estrelas, ou Assunção Cristas que, coitada, teve que calçar botas e vestir calças de ganga para visitar bairros sociais (não fosse apanhar alguma doença); Passos Coelho declarou que era o mais africanista de todos os candidatos e tinha uma sensibilidade diferente e entendia melhor os problemas das comunidades imigrantes, simplesmente por ter casado com uma mulher da Guiné-Bissau (mas foi pena que isso não o tivesse impedido recentemente de proferir mentiras afirmando que os imigrantes aumentam a criminalidade) e, mais recentemente, Pedro Nuno Santos veio lembrar que é neto de sapateiro.

Contudo, convém lembrar que Che Guevara nasceu numa família burguesa e era médico ou que o pai de Fidel Castro era rico. Karl Marx era de classe média e Engels era filho de empresário. Não é o que se diz de onde se veio que dá mais credibilidade para mostrar que se está ao lado da classe trabalhadora. É o que se faz pela classe trabalhadora e pelos mais desfavorecidos. Podes ser empresário e fazer mais pelos trabalhadores do que aqueles que querem passar por cordeiros mas que, assim que podem, metem o pé no pescoço dos mais carenciados, como está a fazer agora o Chega no governo dos Açores.

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