Sara Barquinero, escritora e autora do livro "Os escorpiões" (considerado o livro de uma geração em Espanha), em entrevista ao El País:
... "Foi chamado o romance de uma geração, qual seria a essência dessa geração?
É gente para a qual a internet era uma porta de salvação pessoal diante do descontentamento que tinham com a própria vida. Tinham em comum esse escape.
A internet era um escape?
Naquele momento era. Agora as pessoas escapam da internet, mas antes fugíamos para a internet.
Por que agora fugimos da internet?
Porque antes a internet tinha um componente que funcionava como umas férias. Ninguém te conhecia, ninguém esperava nada de ti. Agora, para muita gente, a internet é uma ferramenta de trabalho, uma pressão constante, uma notificação no telemóvel. Agora, escapar é desligar a internet e encontrar-se com as pessoas.
É também o fim do anonimato?
Também, e também me parece que agora pode ser mais difícil mudar de opinião.
Na internet ou em geral?
Em geral. Agora exige-se que nos posicionemos muito rapidamente sobre coisas complicadíssimas e depois temos que ficar naquele ponto. Quantas pessoas influentes na internet disseram: "Mudei de opinião sobre este conflito bélico"? É muito difícil e já te prendeste a um lugar e isso, em conversas privadas, era mais fácil.
Como lidas com a exposição pública?
Se não tivessem prestado atenção ao livro, eu estaria profundamente deprimida. Então, toda vez que penso que estou ficando sobrecarregada, digo: preferias que ninguém tivesse lido?
Lês tudo o que se publica sobre ti?
Não leio nada.
Como te vês daqui a 20 anos?
Não tenho ideia. Antes, quando pensava no meu futuro, via-me como professora universitária, mas como mandei a filosofia para o espaço, não criei uma imagem alternativa de mim mesma. Só sei que adoraria ter um monte de animais.
Estás escrevendo agora?
Sim.
Sobre o quê?
Conto-te se não publicares na entrevista.
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