domingo, 17 de julho de 2022

Cada um Por Si Vamo-nos Queimar Todos



Hoje em dia anda por aí uma ideologia, que se espalha mais depressa que um vírus e ataca principalmente os mais jovens que votam em partidos neofachos, porque são aqueles que têm menos defesas, porque, ao contrários dos pais e avós, cresceram num mundo de poucas dificuldades, em que basta aceder a uma APP para vir logo alguém limpar-lhes o cu. Os pais e avós tiveram que fazer pela vida, viver num tempo em que nem sequer se podia falar livremente, num tempo de fome e da "sardinha para três". Mas hoje em dia muitos destes jovens acreditam nessa ideologia que lhes vende a ideia que podem ser o que quiserem e ter muito sucesso na vida, para isso basta acreditar e que o pior inimigo é o Estado. 

Livres principalmente para ser burros e escravos dos que tudo têm e aumentar o fosso entre ricos e pobres, que, sistematicamente, tem vindo a aumentar e aumentou ainda mais com a pandemia e a guerra na Ucrânia.  

E todos vimos o lindo resultado dessa ideologia na pandemia. Toda a gente usava máscara para se proteger mas, principalmente, para proteger os outros, mas essa gentalha negacionista da "liberdade individual", que fala do livro "Mil Novecentos de Noventa e Quatro" mas se calhar na maioria dos casos nem sequer o leram, quis ser diferente e vendeu a ideia que vivíamos num estado ditatorial e manifestou-se contra o uso da máscara, contra os confinamentos, contra as vacinas (mesmo que ninguém tenho sido obrigado a ser vacinado) e até foram insultar o Gouveia e Melo responsável pelo processo de vacinação. Tudo em prol da "minha liberdade individual"!

Antigamente dizia-se que "a união faz a força", mas agora é o tempo do "eu faço o que me apetece"! E o Estado, que somos todos nós, é o bicho papão que nos quer "dominar".

"O Estado mandou colocar ali um STOP mas eu paro se eu quiser porque eu não sou um carneiro como os outros todos"!

"O Estado introduziu uma disciplina de aulas cidadania nas escolas mas os meus filhos não vão porque eu é que sei o que é melhor para eles"!

"O Estado manda limpar os terrenos por causa dos incêndios, mas eu não limpo porque eu é que sei e sou mais esperto que os outros que pagam para serem limpos".

Estamos em meados de Julho de 2022 e nesta semana, ao contrário do que tem sido este ano, de temperaturas baixas, sofremos uma vaga de calor, ou seja, significa que, durante vários dias seguidos tivemos temperaturas acima da média para esta altura. 

 A reportagem é do Jornal de Notícias sobre um incêndio em Baião. 

 "Pedimos às pessoas para limpar os terrenos e ainda nos tratam mal. Até desligam o telefone na nossa cara". 

"Gastei 400 euros a limpar os meus terrenos e de nada valeu, porque o vizinho não limpa os dele”, denuncia. Vinha, árvores de fruto e um trator de lenha: tudo ficou queimado. “Salvou-se a casa e a oficina”, certifica, com ombros caídos pelo peso da tragédia. Até poderia ter sido pior, não fosse “uns metros de mangueira” que anteontem, ao final do dia, tinha comprado por temer o pior face ao fogo que já lavrava nas redondezas. Foi com a mangueira ligada à rede pública e com a ajuda da família munida de baldes que conseguiu travar o avanço das chamas. “Ficamos à nossa sorte. Apareceu um carro de bombeiros, às 10 horas da manhã, mas sem água. Cortaram a estrada e ajudaram-nos no que puderam. Mas sem água..."

E é assim que, cada um por si, nos queimamos todos. 

2 comentários:

  1. Olá!
    Eu já lhe tinha dito que devia escrever alguns livros para expor muitas verdades. 😊
    Não quero acreditar, que com a sua idade, tenha passado muitas dificuldades na vida. No entanto tem bem presente o quanto os seus lutaram para lhe proporcionar algo melhor.
    E isso sim é o que eu chamo ter valores na vida, fazer uso da educação recebida.
    Hoje em dia a palavra valor nem sequer faz parte do vocabulário de muita gente.
    É só venha a nós, de preferência tudo para mim e os outros que se amanhem.
    É deveras triste e injusto pagar por erros alheios.
    Bom final de domingo!

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    1. Olá Tina!
      Os meus avós e os meus pais passaram bastante dificuldades e, sem dúvida, que eu tive a vida mais facilitada, mas com parcos recursos. Não havia brinquedos, nem prendas no Natal, e no que se refere à alimentação, pelo menos havia sempre sopa para comer.
      Hoje em dia o importante é haver pelo menos para um bom telemóvel, roupas de marca, e ir a sítios instagramáveis, para mostrar na internet! E o que importa cada vez mais somos nós, os outros que se lixem.
      Bom domingo!

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