sábado, 9 de julho de 2022

E os Nossos Heróis, Tratamos Bem?


 Nas duas semanas que por estes dias tive de férias e que, como dizia o outro, "andei por aí", cruzei-me, em duas cidades diferentes, com a exposição do  centenário da travessia aérea transatlântica de Gago Coutinho e Sacadura Cabral (1922-2022). E de imediato perguntei-me:

- Quantos aeroportos é que temos com os nomes destes dois heróis pioneiros da aviação?

Uma coisa eu sabia: que tínhamos um aeroporto com o nome de um político que morreu de acidente aéreo, algo que faz todo o sentido e dá mais segurança a quem vai viajar de avião!, e sabia também que temos um aeroporto com o nome dum sujeito que dá uns pontapés numa bola, que foi acusado de violação, que cometeu fraude fiscal, e que, se fosse um comum mortal ou tivesse acontecido num país como a Alemanha já estaria na cadeia há já uns anos, como o mais jovem vencedor do torneio de Wimbledon, o alemão Boris Becker. 

Gago Coutinho e Sacadura Cabral fizeram o que até aí ninguém tinha feito. E, além de pioneiros, eles mesmos construíram instrumentos de navegação, o sextante de horizonte artificial e o corretor de rumos que permitiram concretizar a viagem entre o Portugal e o Brasil e que, na altura, sem a existência desses instrumentos a viagem seria impossível de concretizar.

Chegados ao Brasil, Gago Coutinho e Sacadura Cabral foram só recebidos, além de milhares de brasileiros, pelo presidente da república e pelo próprio inventor do avião: Santos Dumont! 

E Santos Dumont é só o nome do aeroporto do Rio de Janeiro, uma das cidades mais conhecidas do mundo. Em Portugal os seus feitos não mereceram honras. Até que, nestes mesmos dias que estive de férias, parece que atribuíram o nome de Gago Coutinho ao aeroporto de Faro. Mas só a Gago Coutinho! O Sacadura Cabral fica a chuchar no dedo! Ou então terá que esperar que Celorico da Beira tenha um aeroporto para que lhe possam atribuir o seu nome!

Acho que tudo isto é patético. Fazem-se as coisas em cima do joelho. Nada é pensado, muito menos discutido com as pessoas. Tal como acho que deveria ser muito bem pensado quando se manda fazer uma estátua (se é que se deveriam mandar fazer estátuas de alguém) e não só porque um idiota qualquer dum presidente da câmara acha que sim, ou porque quer adjudicar um negócio para dar a ganhar dinheiro a alguém, acho também que os nomes que se dão às obras públicas deveriam ser muito bem discutidas, pensadas a nível do país, e não a primeira coisa que alguém responsável de uma terriola qualquer achar que fica bem. 

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