domingo, 10 de julho de 2022

Porque é que Comprei um carro Mais Barato que um Telemóvel?

 Já não sei precisar ao certo mas devo ter começado a ver carros usados pouco antes de 2020. Terá sido uns dois ou três anos antes do meu Cavalo Preto ter tido uma grave avaria (por causa da incompetência da Renault). Hoje sei que o certo seria ter-me livrado dele enquanto podia. Não o tendo feito por apego emocional, acabei por mais tarde ter que deitar uns milhares de euros ao lixo. 

Desde 2015 que cometi a extravagância burguesa de ter dois carros: um comercial de dois lugares e um todo terreno, que, em boa verdade só andava no mesmo terreno do comercial (até porque nunca foi comprado com intuito de ir para o monte) mas que dava jeito, por exemplo, para dar uns passeios com os pais. Poderia dizer que a compra do todo terreno foi  crise da meia idade, mas acho que foi mais uma terapia - ainda que eu nem seja muito adepto de gastar dinheiro! - na sequência do voar para longe de mim duma namorada.

Fiquei sem cavalo preto logo após o início da pandemia. Ò Diabo!, penso agora! Tal como fiquei sem outra namorada! E então comecei a andar só com o todo-terreno, o carro que me restou depois de ter vendido o cavalo preto com grave avaria no motor. Mas no outono do ano passado mudei de emprego (que inicialmente até estava para ser só para uns meses) mas, mesmo assim, em dezembro do ano passado, comecei a ver carros usados e, inicialmente, a ideia era comprar um carrito velho, mas, com a subida dos preços do combustível (e ainda estávamos bem longe da desculpa da guerra Rússia x Ucrânia), que fosse fiável mas principalmente económico. 

Tive até um negócio quase concretizado. A compra de um Opel Corsa Sport 1.5D de 2000. Mas à última hora telefonei ao meu colega do clube, que é mecânico, e perguntei-lhe se ele não tinha disponibilidade para ir comigo ver o carro. Pergunta-me que modelo é e, conversa vai, conversa vem, diz-me para não comprar esse modelo porque, apesar de ser um excelente carro, fiável e económico, já há peças que não se encontram, nem na concorrência nem na sucata. Eu fiquei um pouco incrédulo, afinal, o que não falta por aí na estrada são Opel Corsa. Mas segui o conselho e abortei a compra. 

Nos meses seguintes iniciei uma verdadeira cruzada em busca do carro ideal. Pensei em comprar um carro aí até 5 mil euros, que fosse robusto, fiável e económico e depois talvez até vendesse o todo terreno que, como desvantagem, tem o facto de consumir 8L de gasóleo aos 100km. 

Vários carros interessaram-me. E houve mesmo um fim-de-semana que estive para ir a Lisboa e Setúbal para ver dois ou três carro (porque lá para baixo em regra os carros são mais baratos) mas depois tive outros afazeres e a coisa também não se concretizou. 

Pelo meio pedi aquele que considerei o melhor negocio que poderia ter feito. Por uma questão de horas ou minutos, quando contactei o vendedor (também de Lisboa) ele já tinha vendido o carro. E nesta altura a minha preferência recaía no Toyota Corolla D4D ou ate no Yaris D4D.

Se era o Toyota Corolla D4D ou Yaris era o carro dos meus sonhos? Não, não era. Nem os acho particularmente bonitos. Mas durante doze anos tive um Mégane preto que gostava muito, mas, apesar de ser muito económico, só serviu para me dar uma despesa absurda em manutenções. Só os elevadores de vidros devem ter avariado umas cinco vezes! E de cada vez eram cem euros para reparar! Então, que se foda lá a estética! Quero é um carro que seja fiável e não me dê problemas. 

O carro que eu queria mesmo ter comprado era este. Tinha tudo certo, incluindo, como é lógico, o preço:


Só que, como referi, alguém chegou primeiro. O mais curioso é que, este mesmo Toyota Corolla 1.4 D4D apareceu depois de novo á venda noutro site, mas agora, em vez de 3100€ o novo vendedor estava a pedir 5 mil Euros! Meti conversa e ofereci 3500€ e a pessoa teve a grande lata de me dizer que com esse dinheiro comprava um Renault Clio. Ao que respondi com esta imagem e ele não mais respondeu. 

E a verdade é que, além de aparecerem muito poucos destes carros à venda (sinal que quem os tem está satisfeito) mês após mês os preços estavam a ser inflacionados. Aquilo que antes custava 3 mil euros, passou a custou quatro, cinco, seis ou 6500€! E estamos a falar de um carro 17 anos e com mais de 200 mil Km! Sim, está tudo absurdamente louco! Está tudo tão louco que eu hoje posso vender o meu todo terreno que comprei há sete anos por mais 500€ ou mil euros do que dei na altura!

JN 10 de Julho 2022

Percebendo que esta não é de todo uma altura para se comprar um carro, e estando já numa fase quase mais cansado de ver carros quase tanto como quando me registei no Tinder (e é quando estamos já cansados e frustrados que podemos fazer uma compra por impulso muito errada) comecei a pensar em mudar de estratégia e, sei lá, porque não optar por um chaço fiável e económico?

E assim foi. Um dia vi um Toyota Starlet 1.5D à venda e lá vai disto. Fui ver, num dia bastante chuvoso que nem deu para ver todos os riscos e pintura estragada (mas eu acho que o teria comprado na mesma) mas ainda assim foi preciso mudar algumas coisas e aos poucos, conforme for arranjando algumas peças usadas vou restaurando.

Conforme vamos avançando na vida as nossas prioridades vão mudando. Se poderia comprar o carro que me apetecesse? Podia, mas a compra do carro,  seguir à casa, é a segunda coisa em que gastamos mais dinheiro e convém refletir muito bem nos gastos. Bem sei que ao volante deste chaço passarei a ser muito mais feio e desinteressante para o mulherio, mas, nesta fase estou-me simplesmente a cagar para isso. O que não podia ser era estar a gastar 200€ de combustível por mês para deslocar para o trabalho. Isso é que me estava a preocupar. Andar de choço velho não me preocupa nem incomoda minimamente.

E nem é assim muito velho o meu Toyota Scarlet Johansson. É um carro com 27 anos e só tem mais seis que o todo terreno. Bem sei que, por exemplo, já não o poderei levar para Lisboa, porque na capital portuguesa (obrigado senhor António Costa) proibiram que as pessoas reutilizem os carros. Segundo me disseram tem um motor de guerra (apropriado aos tempos que vivemos!) e, se quiser, até posso meter óleo para dentro do depósito que ele vai queimá-lo e anda mesma. "Tendo combustível e óleo anda sempre". 

E no fundo até acabo por achar muito divertido nesta fase andar com um carro velho que me foi mais barato do que um smartphone. E posso dizer que tem um ótimo ar condicionado pois para isso basta abrir os vidros dando à manivela e tem direção assistida, a braço! 

Nesta fase temos que ir um dia de cada vez. Veremos o que dará esta minha relação com o meu Scarlet Johansson. Mas o mais importante é mesmo poupar, depois, bom, depois, como em todas as relações logo se vê o que irá acontecer!

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