Na mesma semana em que passaram cem anos do Partido Nazi (também conhecido como Partido Racista ou Partido Nacional Socialista) e sem que tivesse estado atento a essa triste efeméride, recebi a "Minha Luta" do Hitler.
Eu li algumas passagens do Mein Kampf na biblioteca nos tempos da juventude tentando perceber qual o fascínio que tanta gente tem por este ditador e quando me refiro a fascínio não me refiro a querer estudá-lo, mas sim, identificar-se com as suas ideias.
Ditadores houve muitos, todos condenáveis, e até nós portugueses tivemos o nosso Salazar. E há ditadores mais à esquerda ou mais à direita, mas não há nada comparável ao nazismo. Nada. Muitas vezes, quase tentando medir pilinhas, tenta-se comparar o número de mortos do nazismo com o comunismo mas há uma grande diferença entre os dois: a ideologia do nazismo é a do ódio, do racismo, da supremacia de uma raça em detrimento de todas as outra, do desprezo pela vida humana.
O programa Radicais Livres da Antena 1 dedicou-lhe um programa, e ficamos a saber algumas curiosidades, como por exemplo (e não é de estranhar neste tipo de pessoas) que não lhe foram conhecidas namoradas e amigos de Hitler, que o seu sonho era ser pintor mas que não conseguiu entrar em belas artes, aliás, não foi grande estudante. Contudo, Hitler tinha uma memória extraordinária e uma enorme capacidade oratória. Mas não tinha vícios, o único "vício" que tinha era a arte e a opera e foi ver, por exemplo, dez vezes o Tristão e Isolda.
Hitler consegue o poder pela via democrática (depois de inicialmente ter tentado pela via armada e o ter levado à cadeia) e como bom populista que era, conseguiu a simpatia popular fazendo promessas, propondo remédios simples para problemas complicados: afinal o problema da Alemanha era só os judeus!
O Mein Kampf, como foi dito no programa, é um livro um bocado aborrecido que, no entanto, na parte final dedica-se aquilo que o partido nazi foi exímio: a propaganda. E nunca como hoje foi fácil manipular as pessoas e as massas graças ao poder dos média, mas principalmente da capacidade da internet em difundir mentiras. Por outro lado esta gente populista tem o condão de mostrar ao que vem. O problema é que, muitas vezes, as pessoas acham que não será bem assim como dizem e depois veja-se o que Trump e Bolsonaro, que acompanhamos mais de perto, têm feito.
Por isso mesmo convém lembrar os cem anos do partido nazi. Lembrar como, de forma democrática e eleito pelo povo, um pequeno grupo de pessoas, liderado por um doido varrido que achava que era um predestinado, conseguiu varrer a democracia da Alemanha e tornar-se ditador com poderes absolutos.
Muito bem. Aplaudo o seu texto.
ResponderEliminarObrigado, mas foi só uma coisinha sem sequer ter desenvolvido muito, mais para lembrar a triste efeméride.
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