"Torne a mentira grande, simplifique-a, continue afirmando-a,
e eventualmente todos acreditarão nela"
(ADOLF HITLER)
"A diminuição da confiança na História aparece como uma das manifestações da crise da verdade, como um dos sintomas mais graves do nosso mal, mais grave mesmo que a "decadência da liberdade", porque é um ferimento que vai direito ao mais profundo do ser. Devemo-nos lembrar das palavras atrozes de Hitler, no Mein Kampf:
"Uma mentira colossal trás em si uma força que afasta a dúvida... Uma propaganda hábil e perseverante acaba por levar os povos a julgar que o céu é, no fundo, um inferno, e que a mais miserável das existências é, pelo contrário, um paraíso... Porque a mentira mais descarada deixa sempre rasto, mesmo se foi reduzida a nada".
Estas fanfarronadas de um prisioneiro e de um louco, aegri somnia, viram-se realizadas pela prática corrente da vida política, no decurso da nossa geração. O desprezo da verdade histórica patenteou-se em toda a parte. Digo em toda a parte, porque os exemplos que vêm espontaneamente ao espírito são os do Estados totalitários (assim a utilização pelos culpados do incêndio do Reichtag, do massacre de Katyn...). Mas as democracias ocidentais não estão isentas de mácula. Basta pensar no recurso a calúnias incontroladas, por parte dos "caçadores de bruxas", nos Estados Unidos, ou, entre nós, nas mentiras balbuciantes que são os "desmentidos oficiais" dos nossos ministros. O recurso a eles tornou-se tão normal que acabamos por ver nisso uma mera figura de retórica e uma praxe.
Nesse mundo transtornado, que lugar resta para a História? Não passa de um jogo de máscaras no armazém dos acessórios dos comediantes da Propaganda. Podemo-nos dar por felizes quando eles não vão ao ponto de fabricar integralmente uma história que sabem que é falsa. Na melhor das hipóteses, vêem no conhecimento do passado um reportório de incidentes pitorescos, paralelos ou de precedentes úteis a invocar.
"Do Conhecimento Histórico" / Henri Irénée Marrou (1954)
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