Ontem era um dia muito especial para ti, igualmente especial para todos aqueles que te querem bem, e, como tal, seria igualmente especial para mim, que tanto te quero como ninguém.
Por este ou por aquele motivo já não sei há quanto tempo não ia a um concerto, mas sei que já passou muito tempo desde a última vez.
Tomei banho, pus-me cheiroso - sim, mesmo um homem das cavernas gosta de se arranjar quando sai, e acreditem que o aparente mau aspeto é mesmo intencional! - jantei e abandonei a minha caverna montado no meu cavalo preto, num galope extremamente tranquilo, cumprindo, mais coisa menos coisa, os limites de velocidade, como aliás é habitual em mim.
Temia o pior. Noite de sábado à noite, mas consegui, por sorte, e também por conhecer muito bem a zona envolvente, arranjar um ótimo estacionamento onde deixar o cavalo, ali mesmo a poucos metros de onde decorreria o evento como convinha.
Caminhava calmamente, caminhava não, quase flutuava! - já não saía com aqueles sapatos que escolheste para mim há uns tempos e são mesmo confortáveis! - e caminhava aposto, com os olhos sorridentes, pois sempre que estou contigo os meus olhos iluminam-se, ainda que , infelizmente, acompanhavas-me só espiritualmente.
Entrei, inteirei-me do espaço, dos comes e bebes e do sítio, o palco no mesmo sítio de sempre, e resolvi sentar tranquilamente num banco de jardim para fazer tempo. A alguns metros, duas jovens mulheres aproximavam-se, observando-me discretamente. E qual não é o meu espanto quando decidem mesmo sentar-se ao meu lado. Sentaram e puxaram das suas bigigangas eletrónicas muito luminosas e ali ficaram algum tempo em silêncio, até que começaram a trocar impressões de umas tretas quaisquer que estavam a ver nas redes sociais. E só aí fiquei a saber que eram duas brasileiras. "Pois, dificilmente duas portuguesas se sentariam ali ao meu lado"! pensei. Seriam estudantes ou turistas? Acredito que fossem estudantes. Ficaram ali um bom bocado, até que uma delas disse que tinha de caminhar para não congelar.
E realmente já andava tudo encasacado. Eu fui de camisola de manga curta, à macho das cavernas claro! Mas na verdade tenho andado com os calores. Mas algum tempo depois, aquele nevoeiro gélido começou realmente a incomodar-me. Decidi então ir à mala do cavalo para trazer um casaco que lá tinha deixado, e acabei mesmo por ficar por lá algum tempo sentado.
Rita Redshoes |
Até que, antes de anunciar uma próxima música, disse que tinha prometido contaminar-nos com o amor, "espero que estejam a sentir", disse, enquanto colocava as mãos sobre o peito, simulando um enorme coração a palpitar.
E eu senti, principalmente quando ela começou a cantar "Choose Love".
E aí eu tive de me lembrar que estava no "público", e no público, não podemos fazer dessas coisas. Tive de respirar fundo, porque que um homem-das-cavernas não chora. Pelo menos quando alguém o possa testemunhar.
Don't wanna hear, I wanna fight
'Cause this time I won't be wrong
And I can waste this precious time
Asking where do I belong
So let me know your love is real
'Cause this time you won't control
Tell me please, what do you feel
Do I have to save your soul
Choose love, choose love, love
Choose love, choose love
Choose love, choose love, love
Choose love, choose love
Choose love, choose love, love
Choose love, choose love
Choose love, choose love, love
Choose love, choose love
Choose love, choose love, love
Choose love, choose love
Choose love, choose love, love
Choose love, choose love
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