Há datas que se calhar não me importava nada de esquecer, mas sabe-se lá porquê, acabo sempre por me lembrar.
Este fim-de-semana, dei por mim a pensar, que faziam precisamente sete anos, desde que, do ponto de vista das relações, passei de trabalhador com contrato sem termo, daqueles contratos de trabalho que já não se usam, pois como se sabe, já não existem empregos para toda a vida, para trabalhador por conta própria.
Este fim-de-semana, dei por mim a pensar, que faziam precisamente sete anos, desde que, do ponto de vista das relações, passei de trabalhador com contrato sem termo, daqueles contratos de trabalho que já não se usam, pois como se sabe, já não existem empregos para toda a vida, para trabalhador por conta própria.
Sete anos é muito tempo, refleti. Logo sete, o número místico associado a tudo e mais alguma coisa, e também associado à crise dos sete anos nas relações amorosas.
Ò diabo, pensei eu. - Será que existirá também tal coisa no celibato? Será que em breve sentirei uma vontade incontrolável de, por um lado, abandonar a tranquilidade do celibato, de sair com quem me apetecer, de não ter de dar explicações detalhadas de onde fui, com quem estive, e de quantos peidos dei, para de repente, querer encontrar de novo a tal pessoa para todo o sempre?
É curioso como neste fim-de-semana estive com uma amiga, com quem já não estava há uns meses. Há que pôr a conversa em dia, e, conversa vai, conversa vem, ela, que também está em retiro celibatário há já uns anos (apesar de sofrer investidas constantemente) diz-me que não está nada para aí virada, e pior, diz-me que no seu círculo pessoal, não conhece um único casal fiel! E que não deixa de ser irónico que, sendo amiga de duas pessoas de um casal, e conseguindo ouvi-las individualmente, sabe que ambos mijam fora do penico.
Não sei. Eu por mim não sinto qualquer pressão social por ser o único solteiro da minha rua! O que tiver de acontecer acontecerá.
E já agora, se querem continuar a usar o sete para definir a crise nas relações - não seria melhor, assim de repente, mudar de sete anos para sete meses?
Nao será mais o medo de ficar sozinho? A carencia de nao ter ninguem ao nosso lado a encher nos de elogios... Nao acho que seja a pressao social, acho sim que é mais o egocentrismo e egoismo humano a funcionar e o medo. Podes andar a saltar a cerca, mas sabes que o parolo do lado em principio vai estar ao teu lado quando precisas. Aquecer te quando tens frio. Mimar te quando estas carente. E quando estas bem e sentes te um maximo la vai a pessoa fazer se a outro. Quem me disser que nao tem medo de morrer sozinho... E mentiroso.
ResponderEliminarÉ uma perspetiva. Mas não acho que seja o medo morrer sozinho, até porque acho quando as pessoas começam a namorar, acho que isso será a última coisa em que estão a pensar. Concordo que a solidão corrói sem dúvida. Nós somos seres sociais. Precisamos de socializar, de ter afetos e muitas vezes também de sexo. Mas também é verdade que podemos estar rodeados de pessoas e sentirmo-nos sós e incompreendidos. Agora se as pessoas não se conseguem entregar a uma só pessoa e querem andar a comer tudo o que mexe, não percebo o porquê de se enfiarem numa relação a dois, poderiam fazê-lo estando solteiros e não traindo ninguém. Parece mesmo que é só para mostrar que não estão sozinhos e que não são “anormais”, porque no fundo andam no mundo por ver andar os outros.
EliminarPorque como disse... Andar a comer um e outro. Isso nao da seguranca nenhuma... Nao e porto seguro. E so sexo. Nao esta la para te limpar as lagrimas. Entao ha quem tenha o parolo que faz tudo por eles e ha o cabrao... Que quer e comer tudo e todos mas nao abdica do porto seguro.
ResponderEliminarIsso que descreveste faz-me lembrar uma situação que acompanhei, em que a pessoa que conheço estava cega, e pensava que namorava com um príncipe, e quando for a ver, andou a ser traída desde o início da relação.
EliminarSobre a questão do porto seguro não sei se será por aí. Acho que se na sociedade a maioria não casasse, vivesse junto ou namorasses, esse tipo de gente também não teria uma relação com uma pessoa que despreza. Acho que se aproveitam de pessoas mais frágeis ou ingénuas, mas não acho que estejam interessados em que lhes passem a mão pela cabeça
ou que lhes aqueçam os pés. No caso que conheci o gaijo nem no sexo estava interessado! Posso estar errado, mas continuo a achar que é tudo uma questão de aparências. "Vejam como tenho uma namorada(o) apresentável, mas depois sou o(a) maior e ando aí a comer outros."
porque é que a monogamia tem que ser a norma?!? o sexo tem sempre que ter sentimento? se não tem, porque é que dois adultos não podem decidir ter relações só pk lhes apetece? ser infiel quer dizer que gostamos menos do nosso namorad@? o "porto seguro" é pelo sexo ou pela relação com o outro?
ResponderEliminarse essa falta de monogamia que falam for consensual entre o casal e bidireccional? não haverá situações em que dado o estado da relação do casal, a traição poderá ser ela própria uma forma de ganhar confiança no próprio e ter de alguma forma o tal "porto seguro"?
afinal o sexo não deixa de ser um dos impulsos mais animais e violêntos a que obedecemos. na natureza há animais monógamos e animais polígamos.
não estou com isto a dizer ou dar a entender que o fiz, o faço ou o irei fazer, estou apenas a levantar questões filosóficas.
esta questão sempre me pareceu uma ideia muito ligada à igreja católica. e deixa-me a pensar nos maridos que não querem que as mulheres lhe façam sexo oral ("a mãe dos meus filhos fazer-me um bico?!?!?! ai que horror!!! vai dar um beijo na testa do meu filhinho depois?" então vão à prostituta.
ou por exemplo, nem sempre as duas partes da relação tem o mesmo nível de sex drive. nesses casos, um tem que ter relações contrariado ou é o outro que tem que deixar de ter relações o numero de vezes que quer e pode?
não seremos ainda muito redutores com o sexo?
Eu por acaso já me pus a pensar, quando é que historicamente, alguém decidiu que, a partir daquele momento era uma mulher para cada homem, só!
EliminarE o que eu acho é que a monogamia deveria ser, sempre, de livre vontade. Deveríamos escolher ser monogâmicos, mas a maioria das pessoas, só tem uma namorada(o) porque nasce, e é assim que vê os outros a fazer, tal como, por exemplo, para os muçulmanos, é banal um homem ter várias mulheres.
Há imensas espécies (aves por exemplo), que são verdadeiramente monogâmicas, mas pelo que eu vou observando, se o intuito da relação/casamento a dois é o sexo, o casamento é o maior anti-tesão que pode haver!
Como ouvi certa vez o padre (insuspeito) Mário de Oliveira dizer “No princípio era o amor, depois vem o casamento e estraga tudo”! E é verdade. Na sociedade de hoje, as pessoas asfixiam-se completamente, e ou alguém se anula, ou vivem ambos em “piloto-automático” ou então as relações vão todas para o galheiro rapidamente.
O “porto seguro” pode ser motivado por muitas coisas, desde logo dinheiro, medo de estar sozinho, etc. Agora, se alguém tem uma relação, e decidem ambos, que não terá de ser exclusiva no que se refere ao sexo, e conseguem viver bem com isso, ótimo! O que eu critico é a hipocrisia.
Sim, a nossa sociedade ainda tem muitos resquícios do pecado da igreja católica, aliás basta ver que ainda há muita mulher (há quem não acredite em mim, mas eu sei do que estou a falar!) que simplesmente não se masturba. E depois se elas mesmas não se conhecem, como é querem que as coisas funcionem bem a dois?
Essa de ir à puta porque guardam respeito à mulher é um clássico! Mas eu quero acreditar que hoje em dia já não acontecerá, mas sei lá não!
Isso é outra questão. Duas pessoas que se conhecem e se apaixonam, e depois serem muito iguais sexualmente é preciso ter sorte! É a questão da frequência e das preferências, e do que um não quer, dois não fazem, o que acaba por ser uma chatice! Porque só se faz, o que o menos “à frente” quer.
Se calhar sim, ainda somos um bocado redutores em relação ao sexo, mas não é um tema fácil, e como eu costumo dizer, não é o sexo excelente que vai salvar uma relação, mas o mau sexo pode dar cabo de uma em três tempos!