Quando no sábado à noite cheguei ao quarto da pensão e fiquei a saber pelas notícias, que o FC Porto havia perdido em Coimbra contra a Académica, de imediato questionei-me sobre como seria recebida a equipa quando chegasse a casa. No dia seguinte, os adeptos do clube azul e branco davam razão à minha suspeita. A RTP abria o noticiário das oito da manhã, com a notícia que, duas centenas de adeptos tinham esperado pelo autocarro da sua equipa, e além de insultos e pontapés ao autocarro, foram ainda atiradas tochas e petardos num cenário de grande violência. Violência bem maior note-se a ironia, do que qualquer manifestação que tem sido feita nas escadas do parlamento.
Não era preciso ser-se um Zandinga do futebol, para adivinhar o que ia acontecer, porque contrariamente ao que se pensa, os portugueses não são uns cornos-mansos, que calam baixinho quando são espoliados na sua dignidade. Nada mais falso. Quando as circunstâncias são verdadeiramente importantes, as pessoas estão lá, a manifestar-se, protestando violentamente e a incendiar as ruas se for preciso como não queria este governo fascista.
Mas o povo é inteligente e as pessoas sabem muito bem separar o que é realmente importante do que é absolutamente acessório. O que é que são roubos nos salários, roubos nos direitos inalienáveis das pessoas como o ensino, a saúde ou a justiça, ou constantes violações dessa coisa lá da Constituição, que ninguém sabe lá muito bem o que é, comparado com o que verdadeiramente interessa? O que verdadeiramente interessa à grande generalidade dos portugueses é o futebol, e aí sim, quando as coisas não estão bem cuidado - tenham medo! - pois é ver os adeptos que sofrem da bola manifestarem-se violentamente como se viu sábado passado em frente ao estádio do Dragão.
Os portugueses, e em particular os portuenses, não se vão manifestar contra coisas insignificantes, por exemplo, só porque as pessoas do grande Porto, durante um ano, foram as únicas no país a pagar as SCUT. Ficaram um pouco descontentes sim, mas porque queriam pagar e não conseguiam, uma vez que a loja da Via Verde em Fernão Magalhães, não dava vazão às enormes bichas de gente que queria comprar o identificador e não conseguia!
Agora o futebol sim, é algo verdadeiramente importante e prioritário na vida das pessoas. Tão importante, que qualquer descontentamento pode levar a que se vá destruir as casas do clube rival, fazer-se esperas ao autocarro da equipa se esta não ganhar, ou apedrejar o do clube rival, ou até agredir alguém, só porque está vestido com as cores doutro clube qualquer.
Que se decretasse o fim do futebol e todos veriam uma verdadeira guerra civil nas ruas. Agora não esperem é que as pessoas se manifestem por coisas insignificantes pá!
Imagens via SXC.hu
Os portugueses, e em particular os portuenses, não se vão manifestar contra coisas insignificantes, por exemplo, só porque as pessoas do grande Porto, durante um ano, foram as únicas no país a pagar as SCUT. Ficaram um pouco descontentes sim, mas porque queriam pagar e não conseguiam, uma vez que a loja da Via Verde em Fernão Magalhães, não dava vazão às enormes bichas de gente que queria comprar o identificador e não conseguia!
Que se decretasse o fim do futebol e todos veriam uma verdadeira guerra civil nas ruas. Agora não esperem é que as pessoas se manifestem por coisas insignificantes pá!
Imagens via SXC.hu
Já Salazar tinha os três Fs: Futebol, Fado e Fátima, como weapons of mass distraction, para manter o povo dormente.
ResponderEliminarArmas de distração massiva está muito bem visto sim senhor!
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