domingo, 3 de dezembro de 2023

Um Cheirinho a Salazarismo no Ar


No último mês uma série de acontecimentos deveriam fazer preocupar toda a gente, mas está tudo mais entretido com outros assuntos muito mais importantes como, por exemplo, escolher a melhor forma de foder dinheiro numa merda qualquer da Black Friday.

Há duas semanas a polícia retirou à força estudantes universitários de uma universidade que estavam a cometer o crime de dar uma palestra sobre o clima:

Ouvido pelo DN, Garcia Pereira considera que “chamar a polícia a uma universidade porque não se concorda com uma ideia que está a ser exposta” parece-lhe “ilegal e profundamente antidemocrático”. Com isto, o advogado – e um dos rostos das lutas estudantis durante a ditadura – tira uma conclusão: “Isto é mais grave do que durante o Estado Novo, porque estamos num Estado que se diz de direito democrático baseado na defesa dos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos”.


Não menos grave haver também notícias que a polícia andou a incomodar associações e a identificar pessoas que defendem a Paz na Palestina. 




E igualmente grave é, aqui em Gondomar, uma diretora de escola foi processada pelo Ministério da Educação por ter uma faixa com a seguinte mensagem dentro da escola: "Estamos a dar a aula mais importante das nossas vidas". 

“A tarja simplesmente transmite o sentimento da quase totalidade dos professores do agrupamento. Não está ligada a qualquer sindicato ou movimento político. Não estou a ver como estou a violar o dever de lealdade e neutralidade. Estou a ser parcial, sim, mas com o sentir dos professores”, reagiu ao JN Glória Sousa, considerando que se sente a viver numa “ditadura”.

“É incompreensível. Não foi cometido qualquer ilícito disciplinar. A argumentação é a de que a diretora terá tomado parte de uma causa. Esquece-se o Ministério de Educação que, antes de ser diretora, é professora. Não faz qualquer sentido”, sustenta o advogado do SPN, João Martins.

A situação de Glória Sousa merece “total solidariedade” do coordenador do SPN, João Paulo Silva, que apontao facto de várias escolas ainda terem tarjas colocadas nas fachadas e o facto de ser inédito um processo disciplinar deste âmbito. “É uma enorme censura o que está a ser feito”, crê João Paulo Silva, salientando que Glória Sousa nunca recebeu qualquer ordem para retirar a tarja. “Não há memória de um processo destes. É claramente um processo de intenções indigno”



São demasiadas coisas a acontecer ao mesmo tempo e muito graves. No entanto parece que está tudo bem porque não há grandes ecos, e a verdade é que as coisas não estão bem. E é sempre bom lembrar que "quem adormece em democracia acorda em ditadura". 

Sem comentários:

Enviar um comentário