À noite, estive à conversa com a minha amiga carioca, e acabei por lhe contar sobre o programa e manifestar o meu desagrado por, cada vez mais pessoas por aqui estar sempre a usar expressões em inglês, quando na nossa língua, que deveríamos defender, há outras para ser usadas.
E lembrei-me do maior vírus que está a infestar a linguagem e as pessoas em Portugal, e, para o qual parece que ainda não existe vacina:
"Agora por aqui toda a gente diz "top". É top isto, top aquilo. É top o caralho que os foda!
A minha amiga ri e responde:
"Isso é daqui! Top é gíria de São Paulo"!
E caiu-me a ficha! porque não fazia ideia de onde é que isso do "top" tinha começado e, claro, faz todo o sentido porque cada vez mais, devido às redes sociais cada vez mais os portugueses se abrasileiraram sem se dar conta disso.
E não deixa de ser muito curioso que, aquando do Acordo Ortográfico de 1990 que a maioria dos portugueses foi contra, e até se dizia que era uma subserviência ao Brasil (e curiosamente os brasileiros também estavam contra o mesmo acordo!) e era só gente revoltada por cá, porque tínhamos acabado com as consoantes mudas, mas é mesmo muito irónico agora constatar que, são os próprios portugueses a abdicar da sua língua, primeiro utilizar de forma parola o inglês, e depois a abdicar dos nossos regionalismos, da cultura e diferença das nossas cidades, a diferença entre dizer "estrugido" ou "refogado", para, voluntariamente e sem que ninguém os tenha obrigado, a adotar um linguajar com um estrangeirismo, que até é uma gíria de uma região do Brasil.
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