Tinha acabado de estacionar e dirigia-me para o hospital. Uma dezena de metros mais à frente, do mesmo lado do passeio, um grupo de jovens mulheres caminhava na minha direção, provavelmente estudantes de medicina. Numa pequeníssima fração de segundos os meus olhos identificaram e fixaram-se exclusivamente numa delas e, mais ou menos como os olhos de um felino faz quando seleciona uma presa, não mais olharam para outra coisa. À medida que todos caminhávamos e a distância do grupo diminuía para mim, percebi que, de igual forma, os olhos dela se fixaram nos meus durante todo aquele tempo que demorou até que passássemos um pelo outro e os nossos olhos tivessem de olhar para outra coisa qualquer.
Este tipo de eventos acontece frequentemente com toda a gente. Contudo, estou em crer que a ocorrência diminui a pique a partir do momento que começamos a conduzir, deixamos de caminhar livremente pelas ruas, deixamos de usar transportes públicos, no fundo, deixamos de nos cruzar tantas vezes com desconhecidos e, assim sendo, é normal que este tipo de ocorrências deixe de acontecer. E também estou em crer que, como a maioria das pessoas agora caminha pela rua olhando para o telemóvel, ainda mais este tipo de ocorrência será cada vez mais rara.
Assim que os nossos olhares tiveram que cessar, continuei a caminhar, sorrindo, porque evidentemente achei graça ao momento. E segui a pensar que este tipo de coisa não é "amor à primeira vista", é mesmo só química. Provavelmente a mesma química que leva uma abelha a preferir primeiro o pólen de uma flor em detrimento de outra flor qualquer.
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