Mal tenho acompanhado as notícias sobre a saída do Reino Unido da União Europeia, pois felizmente tenho mais do que fazer - mas não deixa de ser irónico que o primeiro país a sair da União Europeia nem seja propriamente um país, mas a união de outro conjunto de países! - mas tenho vindo a ouvir falar-se “em crise”. Por estes dias era mesmo o senhor mordomo da guerra do Iraque, Durão Barroso, conhecido comunista que virou capitalista e que falava na crise da Europa.
Mas vamos lá ver uma coisa: agora dar a voz ao povo nas eleições, e depois não gostar dos resultados obtidos é “crise”? A democracia é uma chatice não é? Melhor mesmo é nem ousar falar-se em eleições, pois sabe-se lá o que as pessoas poderão votar! Mais seguro mesmo seria que decidissem por nós!
Talvez seja por isso que ouvi o nosso Presidente da República, que ao que parece tem-se fartado de viajar, e que foi o único responsável enquanto líder do PSD pelos dois únicos referendos que tivemos no nosso país, vir, ironicamente, dizer que um referendo em Portugal sobre a saída da União Europeia nem se coloca! Mas não se coloca porquê? Só se for por metade das pessoas nunca ir votar, e como tal nenhum referendo é vinculativo, o que significa que os referendos que ele mesmo quis antes, não serviram para nada.
Mas o que eu acho é que, se não gostam da democracia (e eu também não gosto) então mudem, proponham um novo sistema que seja melhor. Ou então façam como a outra, a Ferreira Leite, que dizia que o melhor mesmo era parar a democracia por seis meses. Se calhar essa era a solução para a Europa e para a escolha dos britânicos. Suspendia-se a democracia por seis meses, este referendo não tinha qualquer validade porque as pessoas não sabem escolher o melhor para si e o problema estava resolvido.
Mas e se houvesse um referendo em Portugal?
Bom se houvesse eu provavelmente também votaria pela saída. É que ver um primeiro-ministro eleito pelo povo português (que não teve o meu voto), ter que ir a Bruxelas mostrar o seu orçamento de Estado, aquele que foi sufragado nas eleições, mais ou menos como uma criancinha, que na primária vai mostrar as contas à senhora professora, foi das coisas mais humilhantes a que assisti.
“Ainda não estão bem as contas menino Costa, vai lá para a carteira fazer as contas de novo e depois vem cá mostrar outra vez”. Andamos a eleger o quê afinal?
E ver um ministro alemão, vir mais uma vez, de forma criminosa, pressionar um país como Portugal, agitando mais uma vez a bandeia de uma nova ajuda financeira, que teve como resultado mais um aumento nas taxas de juro é indigno. Uma união é para unir todos ao redor dos mesmos interesses, não é para humilhar os mais fracos. E o que vou observando é que os países mais fracos economicamente não são defendidos pelos maiores, pelo contrário, parece que somos aquela criança mais fraca, que os mais velhos gostam de espezinhar. E eu sempre ouvi dizer que quem não se sente mija na cama.
Se só estamos num grupo para fazermos o que os outros nos mandam, então, se calhar, mais vale mandarmos nós mesmos, sozinhos, naquilo que ainda é nosso.
Se só estamos num grupo para fazermos o que os outros nos mandam, então, se calhar, mais vale mandarmos nós mesmos, sozinhos, naquilo que ainda é nosso.
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