Ao longe, ouvia o senhor, com mais de setenta anos, que já percorreu grande parte das freguesias aqui do concelho, e que já me falou do que é isso de ser realmente amigo, falar disso do benzer dentro da igreja.
Eu entro numa igreja romana, maior ou mais pequena, riquíssima ou mais modesta, como entro em qualquer outro sítio. Tenho no entanto algum pudor na forma como me comporto. Não acho de bom tom pôr-me a rir e a dizer graçolas e caralhadas, como vi alguém fazer no dia anterior, quando ali ao lado, a dois passos, decorria um batizado.
Eu não sou crente na igreja do império romano, que ao contrário do que ensina nas escolas ainda não ruiu e continua a dominar o mundo através da igreja que inventou para o efeito, e sou muito corrosivo quando falo desse bando de ladrões e pedófilos que são os padres e a restante corja, mas acho que se lá entro dentro então devo comportar-me com algum respeito, com o mesmo respeito que entraria noutro templo de outra religião qualquer.
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Mas este senhor, talvez fruto da idade, sentiu-se à vontade para proferir umas observações bem ao jeito multi-resistente:
"Essa coisa do benzer..." ouvia-o ao longe, e comecei logo a prestar atenção.
Certo dia, a Guilhermina, a minha vizinha, sabendo que eu ia a Fátima, veio pedir-me se lhe trazia água de lá para beber... Na volta, estava já a uns dez quilómetros de Fátima, quando me lembrei da água para a mulher. Então lá enchi numa torneira qualquer a água para lha dar. Dias mais tarde, veio-me lá a senhora agradecer. Ai que a água fez-me tão bem....
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