sábado, 28 de novembro de 2015

O peixe já não morre pela boca

"Pela boca morre o peixe" diz o ditado popular. 

Mas diz mal. Esta expressão está completamente desatualizada e merecia ser reformulada. 

Porque o peixe hoje em dia mal abre a boca para falar. 

O peixe agora usa os dedos para comunicar. É ver as pessoas em todo o lado, no restaurante, na esplanada do café todas de boca fechada. Comunicam sim mas com os dedos. 




E muito se fala com os dedos. Dizem-me que até há relações que acabam nas pontas dos dedos, seja no computador seja no telemóvel, seja noutra bugiganga eletrónica qualquer. 

Dizem-me que as palavras têm outra dimensão, muito maior, quando escritas, bem diferente do cara-a-cara. Mas as palavras ditas não são exatamente as mesmas palavras, que as palavras escritas? Bom, talvez a diferença esteja na forma como se quer interpretar a mensagem. E para quem não quer interpretar mal ou ser mal interpretado, pode sempre falar pela boca e não usar tanto os dedos não é? Relações-que-se-acabam-pelos-dedos. Isso faz-me pensar no que a humanidade se está a tornar. 

Bom, poderíamos dizer então que "o peixe morre pelas barbatanas" porque os peixes não têm dedos. Mas os peixes são pescados pela boca. Não fazia muito sentido não é?

Eu também não sou inventor de ditados populares, mas uma coisa é certa: cada vez menos o peixe morre pela boca.Tão simplesmente porque se usa agora muito mais os dedos para falar.

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