ou Da intelectualidade e da dificuldade do saber viver
Ah! Que dificuldades há em transpor esse abismo! Percebo agora que o verdadeiro encanto da vida intelectual - da vida consagrada à erudição, à pesquisa científica, à filosofia, à estética, à crítica - é a sua facilidade. É a substituição de simples esquemas intelectuais por complicações da realidade; da morte calma e formal pelos movimentos desconcertantes da vida. É incomparavelmente mais fácil saber muitas coisa, digamos, sobre a história da arte e ter ideais sobre metafísica e sociologia do que conhecer pessoalmente, intuitivamente, os seus semelhantes e ter relações agradáveis com os seus amigos e as suas amantes, a sua mulher e os seus filhos. Viver é muito mais difícil que o sânscrito, que a química ou que a economia política.
A vida intelectual é um brinquedo de criança; eis porque os intelectuais têm uma tendência para voltar à infância, para cair em seguida na imbecilidade e, finalmente, como demonstra com clareza a história política destes últimos século, para se tornarem homicidas loucos e selvagens. As funções reprimidas não morrem. atrofiam-se, degeneram, revertem ao estado primitivo. Mas por ora é muito mais fácil ser criança, louco ou besta, do que homem adulto harmonioso. É por isto que, (entre outras razões) a educação superior é exigida da maneira que se vê. A corrida para os livros e para as universidades lembra a corrida para as tabernas. As pessoas necessitam de afogar a consciência que têm das dificuldades que há em viver decentemente neste mundo contemporâneo tão grotesco: têm necessidade de esquecer a sua própria e deplorável insuficiência como peritos na arte de viver. Uns afogam as suas tristezas no álcool, mas outros, ainda mais numerosos, afogam-nas nos livros, e no diletantismo artístico: uns procuram achar esquecimento de si mesmos no sexo, na dança, no cinema, na radiofonia; outros nas conferências e nas ocupações científicas. Os livros e as conferências são melhores para afogar as mágoas que a bebida e o sexo; não deixam dor de cabeça nem essa sensação de post coitum triste.
Ah! Que dificuldades há em transpor esse abismo! Percebo agora que o verdadeiro encanto da vida intelectual - da vida consagrada à erudição, à pesquisa científica, à filosofia, à estética, à crítica - é a sua facilidade. É a substituição de simples esquemas intelectuais por complicações da realidade; da morte calma e formal pelos movimentos desconcertantes da vida. É incomparavelmente mais fácil saber muitas coisa, digamos, sobre a história da arte e ter ideais sobre metafísica e sociologia do que conhecer pessoalmente, intuitivamente, os seus semelhantes e ter relações agradáveis com os seus amigos e as suas amantes, a sua mulher e os seus filhos. Viver é muito mais difícil que o sânscrito, que a química ou que a economia política.
A vida intelectual é um brinquedo de criança; eis porque os intelectuais têm uma tendência para voltar à infância, para cair em seguida na imbecilidade e, finalmente, como demonstra com clareza a história política destes últimos século, para se tornarem homicidas loucos e selvagens. As funções reprimidas não morrem. atrofiam-se, degeneram, revertem ao estado primitivo. Mas por ora é muito mais fácil ser criança, louco ou besta, do que homem adulto harmonioso. É por isto que, (entre outras razões) a educação superior é exigida da maneira que se vê. A corrida para os livros e para as universidades lembra a corrida para as tabernas. As pessoas necessitam de afogar a consciência que têm das dificuldades que há em viver decentemente neste mundo contemporâneo tão grotesco: têm necessidade de esquecer a sua própria e deplorável insuficiência como peritos na arte de viver. Uns afogam as suas tristezas no álcool, mas outros, ainda mais numerosos, afogam-nas nos livros, e no diletantismo artístico: uns procuram achar esquecimento de si mesmos no sexo, na dança, no cinema, na radiofonia; outros nas conferências e nas ocupações científicas. Os livros e as conferências são melhores para afogar as mágoas que a bebida e o sexo; não deixam dor de cabeça nem essa sensação de post coitum triste.
Capítulo XXVI / Contraponto / Aldous Huxley / 1928
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