Obrigado, Mariana

Mariana Mortágua entalou banqueiros em comissões de inquérito e isso terá sido o seu grande pecado. Assustou os grandes capitalistas - ela sim abalou, e de que maneira, o sistema! E é jovem, bonita, competente, ainda por cima homossexual. E é extremamente inteligente. E isso, infelizmente, é proibido em Portugal. Daí que tenha sido alvo de uma campanha absolutamente vergonha, caluniosa, nunca antes vista na democracia portuguesa. Ironicamente, ou de forma quase simbólica, foi eleita coordenadora do Bloco de Esquerda a 28 de Maio. 

Mas é triste ver os competentes saírem e observar, impotente, os medíocres a governar o país, roubando os pobres para dar aos ricos. Mariana Mortágua, que estou convicto, teria dado uma extraordinária ministra das finanças ou excelente primeira-ministra, abandona a coordenação do Bloco de Esquerda, e eu decidi transcrever algumas palavras sobre ela, de um homem que cedo me habituei a admirar, ainda quando era líder do Partido Socialista Revolucionário.

Da minha parte, aqui fica o meu singelo obrigado a Mariana Mortágua e toda a luta que travou na defesa dos que menos têm. 

"Eu nunca vi na história da democracia portuguesa - nem contra o Álvaro Cunhal - um ataque tão canalha, contra tudo o que uma pessoa representa, Contra tudo da sua vida - a avó, a irmã, a mãe, o pai, os amigos, a história da resistência do pai contra o fascismo, o trabalho da mãe na segurança social, o facto de ser quem é, uma mulher jovem que luta pelas suas ideias, o facto de ser competente na economia e na vida público; o facto de ter arrasado com André Ventura em todos os debates em que participou... Porque o que ela representa é que a Esquerda deve ser. Deve ser pessoas mais novas e pessoas mais velhas, deve ter homens e deve ter mulheres, deve ter pessoas que têm orgulho de si próprias, que têm dignidade e que têm capacidade de resposta sobre o país. Tudo o que ela representa do ponto de vista cultural, é o que assusta e apavora a direita.  

Há um tipo da iniciativa liberal, um vice-presidente, um pinoca, que achou que tinha o direito de inventar um cartaz falso, uma manifestação sobre Gaza que não existia, para tentar amedrontar - neste caso o Livre e o Bloco de Esquerda - porque não se pronunciaram contra um cartaz de uma manifestação que não existia. Portanto, eram culpados desse acontecimento. Há um exército de minions do André Ventura em qualquer post. Experimente algum dos nossos ouvintes publicar uma coisa "então e o que é que a Marinaa Mortágua fez quando foi presa numa jaula em Israel? E verá que tem milhares de bots da extrema-direita a insultá-la de todas as formas, instruídos para aquilo. Portanto esta campanha é fortíssima. Radicalíssima. Ignóbil. (Francisco Louçã / Vencidos / Antena 1)