sábado, 30 de novembro de 2024

Quem é Bolsonaro, Aquele que a Direita Portuguesa Nunca Viu Nada de Errado?

Em 2018 a direita portuguesa não via nada de errado em Bolsonaro - não é, Portas? - tal como finge não ver nada de errado em Trump, acusado de não sei quantos crimes e, mesmo assim, conseguiu fazer-se de novo presidente. Bolsonaro tentou um golpe de Estado, mas fez ainda pior, sabe-se agora que tentou matar Lula, Alckmin e Moraes. 

O que eu também gostaria era que algum jornalista perguntasse ao André, aquele que anda sempre com a corrupção na boca e que a propósito da vinda de Lula da Silva a Portugal disse que "o lugar de bandido é na cadeia", o que tem agora a dizer do seu amigo do peito, Bolsonaro, ao ser acusado de não sei quantos crimes e poder ir bater com os costados trinta anos na cadeia.

Aliás, Ventura vai muito mal de amizades. Bolsonaro bem como Trump acusado de dezenas de crimes e Le Pen viu o Ministério Público acusá-la de cinco anos de cadeia por causa de corrupção. Mas, relembremos quem é Bolsonaro, num artigo publicado esta semana na revista brasileira "Isto É", por Germano Oliveira:



"Jair Messias Bolsonaro, o ex-presidente golpista que autorizou militares próximos a ele na execução de um plano satânico para matar Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes, de forma bárbara, com envenenamento, tiros de fuzil, rajadas de metralhadoras, explosões de granadas e outros requintes de crueldade, sempre foi um péssimo soldado das Forças Armadas. O que até dá para justificar que chegou-se a tramar o fuzilamento do ministro do STF diante de suas filhas, em seu apartamento funcional – o magistrado esteve sob a mira de armamentos usados pelos diabólicos Kids Pretos, a unidade de táticas de guerra do Exército em Goiânia.

O ex-capitão praticamente foi expulso da caserna, no final da década de 80, depois de tentar explodir bombas em quarteis, por entender que isso pressionaria os comandantes a liberarem aumentos salariais aos fardados. No julgamento por tribunais militares, acertou-se que ele não seria condenado pelos atos de insubordinação e crimes contra a segurança nacional, mas que deveria deixar a farda. Saiu pela porta dos fundos.

E, assim, o Exército ganhou com sua “expulsão”, mas, infelizmente, a política perdeu com a chegada de mais um parlamentar inútil. Ele se lançou na carreira política, elegendo-se deputado federal pelo Rio. Ficou na Câmara por 28 anos, sem ter apresentado nenhum projeto, embora tenha destacado-se por frases amalucadas, como a que disse contra o então presidente Fernando Henrique Cardoso. Segundo ele, o tucano deveria ser fuzilado, assim como outros 30 mil “comunistas”.

O tempo passou e ele elegeu-se presidente da República, mais porque Lula, o líder popular, estava na cadeia e o candidato do PT, o atual ministro da Fazenda, Fernando Haddad, não tinha lá muito carisma. Aproveitando o despertar da direita e dos evangélicos, ele assumiu a presidência e logo lançou-se a soltar asneiras.

Certa vez, bradou aos quatro ventos que era “imorrível”, “imbroxável” e “incomível”. Dizia ser tão macho que teve quatro filhos homens, mas depois “fraquejou” e teve uma filha. Nada mais misógino do que um testemunho como esse. Tanto que, em 2022, perdeu para Lula entre os eleitores do sexo feminino.

Ao sair pela porta dos fundos do governo, como já havia feito no Exército, recusou-se a passar a faixa presidencial a Lula. Segundo o relatório da PF, que o indiciou pelo crime de tentativa de golpe de Estado, o ex-presidente fugiu para os EUA com medo de ser preso. Agora, transformou-se em “inelegível”,“inescrupoloso” e “indiciado”. Investigado em oito inquéritos, pode ser condenado a mais de 30 anos de cadeia. É o destino de todos os que desafiam o Estado de Direito e o regime democrático. Por sorte, a PF e o STF funcionam com independência.


Recordemos quem é Bolsonaro, noutro artigo, de António Prata, desta feita publicado na Folha de São de Paulo deste domingo:

"Imagina só. É uma história bem doida, tá? Super inverossímil, mas façamos esse exercício mental. Um capitão do Exército, insatisfeito com o salário, faz um plano para explodir quartéis e o fornecimento de água de uma das maiores cidades do país. O plano é descoberto. Sai na Veja: um “croqui feito a mão pelo próprio Bolsonaro que mostrava a adutora de Guandu, que abastece o Rio de Janeiro, e o rabisco de uma carga de dinamite detonável por intermédio de um mecanismo elétrico”.

Imagina que, apesar disso, no Exército - essa instituição que se diz tão ciosa da ordem e da disciplina - o terrorista é absolvido e colocado na reserva. Continua a receber seu salário pago por mim, por você, por sua tia-avó dura que não consegue viver da aposentadoria e pelo resto da população brasileira. Inimaginável né?

Daí, só por um exercício (ou delírio?) mental, imagina que, com esse currículo, o cara concorre a vereador pelo RJ. É eleito. Depois vira deputado federal. Imagina esse cara, a vida toda, dando entrevistas elogiando a ditadura militar. Ou melhor, emendando: “O erro da ditadura foi torturar e não matar”. Imagina ele dizendo na TV que tinha que assassinar trinta mil para resolver o problema do Brasil. 


Sobre a milícia: "Enquanto o Estado não tiver a coragem de adotar a pena de morte, o crime de extermínio, no meu entender, será muito bem vindo". Como certas doenças são hereditárias, Flávio Bolsonaro, em 9 de setembro de 2005, concedeu a Adriano da Nóbrega, miliciano, guarda costas de bicheiro e assassino de alugel, a maior condecoração do Poder Legislativo fluminense, a Medalha Tiradentes. O condecorado estava então na cadeia por homicídio. 


Pro presidente da OAB, que teve o pai “desaparecido” na ditadura, Bolsonaro disse: “Um dia, se o presidente da OAB quiser saber como é que o pai dele desapareceu no período militar, conto pra ele. Ele não vai querer ouvir a verdade. Conto pra ele”. Outro “desaparecimento” sobre o qual Bolsonaro pode saber detalhes é o de Paiva (assistam a “Ainda estou aqui”). 


Em 2014, um busto do Rubens Paiva foi colocado na Câmara dos Deputados. Bolsonaro, diante de toda a família da vítima, simulou uma cusparada na estátua. Repito. Bolsonaro simulou uma cusparada na estátua de uma pessoa assassinada pela ditadura, diante dos filhos e da viúva.




Dois anos depois, no impeachment da Dilma (não importa o que você ache do governo ou do impeachment da Dilma) dedicou seu voto ao torturador dela e de muitos outros. “Pela memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Rousseff”. Já tinha dito antes: “Pau-de-arara funciona. Sou favorável à tortura, tu sabe disso”.

Agora, imagina esse sujeito se candidatar a presidente do Brasil. Daí, imagina ele ganhar. Imagina ele enchendo o governo de militares. Imagina ele passando quatro anos falando que as eleições são fraudadas. Imagina que nos setes de setembro ele faça comícios antidemocráticos e bote uns tanques fumacentos para desfilar por Brasília. Imagina que ele diga que só sai do poder preso ou morto.

Pois, tendo imaginado isso tudo, o que vocês imaginam que essa flor de ser humano iria fazer ao perder as eleições? A) Passar a faixa democraticamente ao vencedor? B) Mexer mundos e fundos para dar um golpe de estado e fugir pra Disney? Se as questões da Fuvest fossem tão fáceis, teríamos 100% da população brasileira cursando universidade a partir de janeiro de 2025.

PS.: Bolsonaro é covarde e obviamente vai fugir. Prendam logo".

Mas a direita portuguesa nunca viu nada de "eticamente reprovável em Bolsonaro", não é Portas?



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