segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

2.0 na Escala de Desilusão

Cada vez mais as pessoas me desiludem, sejam pessoas que, por este ou aquele motivo me cruzei, ou até pessoas com que relaciono há algum tempo. Acho que quase poderia mudar o provérbio para "uma desilusão nunca vem só" ou então "quanto mais pessoas conheço, mais gosto das minhas tartarugas".



Foram aqueles três euros em moedas que tinha metido ao bolso e me caíram para debaixo do banco do carro (e a verdade é que muitas vezes os carros conseguem ser verdadeiros cofres) e no dia seguinte tive que deixar o carro na oficina e só me lembrei das moedas depois. E apesar de ter pagado 140€ pela reparação, alguém achou por bem limpar também o carro... daquelas moedas! Claro que as que estavam naquele espaço em frente da manete da mudança de velocidades por lá ficaram, porque dessas eu saberia que lá estavam. Não imaginavam é que eu também sabia dos três euros caídos debaixo do banco. E alguém se borrou por uns míseros três euros...

E foi também a senhora que, na entrega duns filmes que comprei e que até me foi contando algumas coisas da sua vida, com quem até criei alguma empatia e dei votos de felicidades para a sua mudança para Inglaterra onde reencontrará o seu namorado pasteleiro. Mas antes, e só para confirmar, perguntei "são originais certo"?  Não quis estar a confirmar os vinte filmes, afinal, até só eram dez euros, mas a verdade é que, já em casa constatei que oito dos vinte filmes eram cópias, e eu não quero as cópias para nada. Não tem que ver com o dinheiro, até poderia ser só cinquenta cêntimos, mas é uma questão de confiança e de integridade. 

Ou então a senhora a quem via internet pergunto o preço dum rabo de macaco (para quem não sabe estamos a falar de um cato) e dá-me um preço. Dias depois diz que está a vender barato mas já me dá um preço mais influenciado. 

Acho que numa escala de desilusão de zero a nove estas situações atingiriam talvez um 1.0. Mas quando estamos a falar de pessoas com quem lidamos frequentemente, ainda que só há um ano, mas de quem até tínhamos boa impressão e algumas expectativas, quando isto acontece, os efeitos nefastos do abanão já provocam graves brechas na confiança.

Por que é que nos desiludimos com as pessoas?

Talvez porque esperávamos dos outros o mesmo comportamento que nós teríamos nas mesmas situações. Desiludimo-nos porque somos exigentes e otimistas. Porque esperamos que as pessoas vão corresponder aos nossos padrões de eixgência. 

Mas se a ilusão é estar iludido e com falsas esperanças, a desilusão tem o condão de nos mostrar a realidade tal como ela é. Sem ilusões.

4 comentários:

  1. Tenho sido até bem sucedida na minha missão de arrastão a pessoas que não me fazem bem, seja porque motivo for. E a verdade é que isso me têm trazido uma paz imensa!

    Quando são pessoas com quem nos cruzamos e nos fazem essa desfeita, só nos resta aprender a lição que cada vez mais o carácter é um acessório e tentar que não nos cruzemos mais com elas!!!

    Feliz 2020 para ti e para as Tartarugas!!!

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  2. As pessoas já não me desiludem porque eu não fico de pé atrás, quando lido com alguém de novo, fico com os dois. Não sei se por causa dessa minha cautela extrema não terei afastado algumas pessoas porreiras. Antes de me desapontarem já comecei a desconfiar de tudo. Depois, quando se confirma, custa muito menos. O pior é que isto é meio doentio. Não sei se haverá cura nem sei se quero ser curada.

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    1. Pois, ir logo com os dois pés atrás também pode ser excessivo, ainda que, ninguém conheça um pessimista desiludido! Já eu muitas vezes vou de peito aberto e sem rede posso-me magoar, mas também já vou antecipando problemas e estando atento aos sinais. Também não sou tolo de todo!

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