domingo, 7 de julho de 2019

As Marcas da Inquisição na Sociedade Portuguesa dos Dias de Hoje

Talvez isto responda à pergunta: por que é que em Portugal somos tão mansinhos e pouco contestatários com o poder, mesmo quando ele nos fode valentemente?

"A Inquisição criou um forte conformismo social. Nós sabemos, não é só Portugal, mas em geral, as sociedades que tiveram inquisições, são países onde o conformismo social é muito forte, e onde a crítica aberta ao poder, às autoridades nem sempre é fácil." 



"A inquisição foi sem dúvida um tribunal muito duro, arbitrário, bárbaro, mas também era um tribunal que era liderado por homens que estavam bastante convencidos de serem os detentores da fé e os detentores da verdade. E para entender o seu funcionamento, os seus debates internos que saem dos papeis da inquisição, é preciso partir daqui. Para entender por que é que este tribunal foi o tribunal que vincou o primeiro racismo em Portugal, criando uma sociedade segregadora anti judaica, com uma ideia de uma impuridade do sangue que se traduz numa impuridade da fé."

"Há uma figura que nós chamamos o fundador, que não foi o primeiro inquisidor geral (porque foi o segundo) mas foi o Cardeal Infante Dom Henrique, que era o irmão do rei. Portugal teve esta característica, muito singular, de ter como inquisidor geral, durante quarenta anos, o irmão do rei, o que não se passava nas outras inquisições, e que permitiu com o seu poder, que derivava também com a sua posição na corte e na monarquia de proteger e dotar de poder esta instituição. Permitir que ela se moldasse tão poderosa como a consideramos.

Giuseppe Marcocci, autor do livro "História da Inquisição Portuguesa 1536-1821" no programa "Quinta Essência" da Antena 2. O Programa pode ser ouvido aqui

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