David Foldvari |
São 17h45 e eu estou num quarto de Hotel em Guildford. Estou cheio de medo. Há uma televisão inteligente montada na parede atrás de mim.
Eu só tenho um aparelho de televisão inteligente há 18 meses, então eu já evitei anos de vigilância secreta pela CIA, FBI, MI5, CI5 e NWA. Ninguém está a salvo da Samsung-Olho-de-Sauron-que-tudo-vê. Aparentemente um programa profundamente incorporado permite atualmente que as agências de inteligência observem e façam a monitorização de qualquer pessoa que esteja a ver o The Nightly Show da ITV, na crença que eles devem ser um estranho solitário-desajustado inexplicavelmente fascinado pelo sofrimento humano, uma bomba-relógio que está prestes a explodir.
Eu ainda tenho um telemóvel velho da Nokia, tão básico que nem sequer tem o Snake nem câmara integrada.
Eu soube que a Nokia vai relançar um telemóvel como que a relembrar um artigo antigo fixe. E isto só mostra que se tu ficares parado muito tempo no mesmo sítio acabarás por te tornares um ícone da moda. Ou então és atropelado por um autocarro!
O meu sobrinho acha que é engraçado que eu não saiba o que é Candy Crush. Eu acho engraçado que ele nunca vá ser capaz de ser dono da sua própria casa.
Mas talvez essa ignorância me tenha dado segurança. Será que eles nos estão a espiar através das nossas televisões assim como no Big Brother fez a Winston Smith em 1984 do Orwell? Tornou-se um chiche invocar a natureza profética da ficção distópica de Orwell, mas só porque fazer isso é um chiche, não faz as profecias de Orwell menos proféticas.
Stweart Lee
(ler texto original aqui: The Guardian)
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