segunda-feira, 30 de maio de 2016

Eventos de rara probabilidade

O Marshall, personagem da série "How I Met Your Mother" chamava-lhes milagres, mas eu, que por acaso tenho um conceito um pouquinho diferente de milagre, sou mais da opinião da Robin que dizia que "os milagres não existem". Contudo estes acontecimentos ou milagres, tal como lhes chamaria o Marshall, vão-me acontecendo constantemente. 

No dia 17 de maio, depois de ter decidido não fazer o que sensatamente deveria ter feito, e bastaria só ter saído mais cedo ou mais tarde cinco segundos para que não acontecesse, acabo por me cruzar com um ex colega que estudou comigo, e com quem não falava há uns seis anos, num daqueles jantares de ex-colegas, quando muitas vezes descobrimos que já não temos muito a ver com as pessoas que eles eram antes. E ali ficámos a conversar durante, sei lá, meia hora, e quando eu me deveria apressar para ir para o trabalho. No dia 21, de tarde, fui até ao Imaginarius em Santa Maria da Feira pela primeira vez. E quem é que eu encontro mal chego ao chafariz defronte do Convento dos Loios? Precisamente o mesmo colega, segunda vez em quatro dias anos e anos depois. 
Miracle!

Entre um dia e outro deste duplo reencontro com este colega, passei no hipermercado para comprar a tal caneta de acetato para a minha colega me dar o tal autógrafo no CD.
Na Caixa pergunta-me a menina:
- Tem 98 cêntimos?  
- Mmmm... devo ter, respondi.
Fui pegar no porta-moedas e tinha uma infinidade de moedas de 1 e de 2 cêntimos, umas três ou quatro moedas de 10 cêntimos e uma ou outra de 5 cêntimos. Demoradamente começo a contar todos aqueles tostões e eis senão quando 94, 95, 96, 97 e mais um faz 98 cêntimos! Dei o todo o monte de moedas que tinha comigo à mulher para ela contar ela mesma, e ela confirmou que sim. Eu tinha comigo precisamente os 98 cêntimos em moedas, precisamente a quantia que ela me pediu para facilitar o troco. Qual a probabilidade de juntando todas as moedas que eu tinha comigo, e que eram muitas, fazer precisamente o valor que me pediram? 
Miracle!

27 de Maio de 2016 - Picos da Europa

Em fevereiro tinham aberto as inscrições, na associação com quem vou fazendo umas caminhadas, para no final de maio se fazer uma caminhada a Picos da Europa. Inscrevi-me, mas infelizmente já em abril constatei com desilusão, que estava fora das inscrições e que muito dificilmente poderia ir. 
Mas dois dias antes do evento, alguém decidira não ir e iria mudar o meu futuro nos dias seguintes.
Miracle!

Eu até já andava a fazer outros planos para este fim-de-semana. Minutos antes, naquele mesmo dia, até estava a pensar dizer lá na empresa para cancelar os dias de férias que tinha marcado, quando de repente o destino telefona-me e diz-me que surgiu uma vaga! Surgiu uma vaga porque dois dias antes, duas amigas cancelaram a viagem e para esses lugares de última hora fui colocado eu e outra pessoa, as pessoas que estavam imediatamente a seguir nas inscrições.

Chegadas a Arenas de Cabrales, Hotel-Quartel-Geral do nosso grupo, e depois de terem feito cerca de mil quilómetros de carro desde Lisboa, duas amigas quiseram surpreender as tais outras duas amigas com a sua presença na caminhada e ligam-lhes a dar a boa nova. Só que, elas que quiseram fazer uma surpresa às outras duas, aparecendo sem que elas soubessem, acabaram elas mesmas por serem surpreendidas! Elas tinham feito mil quilómetros (e outros mil iriam fazer de regresso a casa) para nada, pois as amigas haviam ficado em casa!

Já durante o percurso de ida da caminhada, e que seria o mesmo caminho da vinda, apercebi-me que faltavam muitas pessoas. É verdade que eu e as outras duas lebres, que me fizeram companhia, ficamos uns bons bocados sentados, a descansar, comer e a conversar, enquanto muitas outras tartarugas nos iam passando, mas ainda assim faltava gente. E então só mesmo no final é que percebi que algumas delas haviam desistido logo na parte inicial do percurso, voltado para trás e ficando no tasco nos comes e bebes, aguardando que todas aquelas dezenas de pessoas, vestidas de verde-alface, chegassem daquelas mais de seis horas de caminhada e contemplação.

Mas um outro infeliz acontecimento havia ocorrido e feito com quem algumas pessoas tivessem perdido muito tempo, entre elas a presidente da associação, que tem sempre o cuidado de reunir as últimas pessoas, servindo como uma espécie de carro-vassoura. Infelizmente alguém havia caído e se magoado, a ponto de ter de ser transportada de helicóptero para o hospital. Será que eu conhecia esta pessoa? Eu ouvi comentar que era "uma mulher toda para a frente, de 67 anos com tatuagens...." Mas querem saber a melhor? Esta mulher, era uma das duas senhoras que haviam vindo de Lisboa de carro, que tiveram de fazer mil quilómetros para surpreender as tais outras duas amigas, as tais que haviam cancelado a viagem (para eu poder ter ido!) sem elas saberem.
Curiosamente ouvi também o relato de que a amiga desta senhora, durante a caminhada, lhe ia dizendo que, se calhar, o melhor era voltarem para trás, mas que ela insistia que não. Irónico não é?
Miracle!




O Marshall chamaria a este tipo de acontecimentos de milagres. Eu acho que prefiro chamar... Eventos de rara probabilidade? 


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